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Esse maluco do chapadão só tem gogo, sempre manda ameaças dizendo que vai vir invadir e nada acontece. Esse maluco tem uma cisma comigo, não sei porque.

Wl: Mandaram me chamar?

Lc: Sim. Senta aí que o bagulho é sério.

Morte: Mano, o papo e que o rato tá querendo invadir o morro, tá rolando burburinho entre eles lá e o nosso x9 descobriu isso.

Wl: Caralho, precisamos ficar atentos então.

Lc: Exatamente. Quando o Morte chegou, eu estava vendo o mapa do morro. Precisamos fechar os locais que provavelmente eles iriam querer entrar.

Morte: Antes da gente vê isso, deixa eu avisar aos moradores primeiro.

Pego o radinho de fio que é conectado a todos os altos falantes e ligo ele para poder falar.

Morte: Bom dia minha favela. Hoje eu venho aqui comunicar a vocês, que estaremos entrando em toque de recolher! Exatamente isso que vocês escutaram, vamos entrar em toque de recolher. Apartir das oito horas da noite, eu não quero ver ninguém na rua. Não quero saber se é trabalhador chegando do trabalho ou se é trabalhador indo trabalhar. Precisamos ficar atentos. Não estou aqui para prejudicar ninguém, apenas para proteger vocês de pessoas que querem nos fazer mal. Então é esse o recado que eu tenho para falar com vocês. Bom dia a todos.

Desligo o rádio e volto minha atenção aos meninos.

Lc: Então, o que eu pensei aqui. Precisamos começar a treinar esses novos meninos com urgência, quanto mais melhor. Aqui no morro temos três pontos que sempre ficam em abertos onde a gente não vê maldade, mas eles podem ver isso como uma boa para entrarem aqui dentro. Temos esses dois pontos aqui, sempre ficam pelo menos três a quatro meninos, vamos por mais. Os meninos que ficam nos telhados, vamos colocar mais pessoas com eles também e em outros pontos também.

Morte: Acho uma boa mano. Hoje eu já tava com planos de treinar os meninos, então deixa isso comigo. Wl, você fica responsável de por os melhores atiradores que a gente tem nos telhados. Lc, você fica responsável de ver esses três locais que estão com as pontas soltas. Coloca barricada, coloca barras de ferro no chão, vamos fazer o possível para proteger o que é nosso. Quero barricada na entrada do morro também.

Lc: Então é isso. Se eu lembrar de mais alguma coisa eu falo com vocês.

Wl: Já é. Vou ver essa parada agora. Já tenho alguns em mente.

Morte: Eu preciso ir no asfalto, lá eu já vejo com o Lennon se consigo um carregamento de armas pra hoje ainda.

Lc: Toma cuidado mano, não podemos dar bobeira.

Morte: Tá suave.

Pego minha moto e vou para minha casa e entro na minha garagem pegando a chave do meu carro. Vou com o Fiat mesmo, não quero chamar muito atenção e ele é todo blindado.

Mando uma mensagem pra Liz avisando que estou chegando para ela esperar no portão.

Tiro o carro da garagem e aperto o botão que logo fecha o portão sozinho. E vou até a casa dela que não é tão longe da minha.

Vou passando com o vidro aberto e alguns dos moradores vão falando comigo, outros tem a cara fechada pra mim e tem as piranhas que ficam se oferecendo.

Paro em frente a casa dela e buzino, porque o que eu falei pelo visto ela não entendeu né.

Ela sai de casa com uma calça jeans azul escura e uma blusa soltinha com o cabelo solto, mesmo simples assim, estava linda.

Morte: Pelo visto o que eu te pedi para fazer entrou em um ouvido e saiu pelo outro né? - Falo olhando para ela antes de ligar o carro.

Liz: Ué meu filho, eu que não iria ficar igual uma puta no ponto esperando você chegar, preferi esperar dentro da minha casa.

Morte: Tu é fogo, papo reto.

Ligo o carro e coloco uma música para tocar e distrair a mente um pouco.

Liz: Eu ouvi o seu recado, o que houve?

Morte: Bagulho do morro, se preocupa não.

Liz: Eu quero saber Diogo. Se acontece alguma coisa, vou ficar preocupada com você.

Morte: Precisa se preocupar não, o pai aqui sabe se cuidar.

Ela faz "tchun" com a boca e fica calada, não quero falar sobre isso com ela. Prefiro falar sobre outras coisas.

Morte: Você vai ficar o dia todo lá? - Ela fica quieta e não fala comigo. - Qual foi Liz, não vai falar comigo não?

Liz: Não sei, tenho que voltar antes do toque de recolher, né!? - Ela diz com ironia na voz, deu para perceber.

Morte: Só não quero te meter nessas paradas loira.

Liz: Eu já estou metida nessa parada Diogo, eu estou com você, não estou?

Agora quem ficou sem ter o que falar sou eu, como assim ela está comigo? Só estamos ficando. Fico em silêncio e volto a prestar atenção no pista.

Chegamos no hospital e estaciono o carro um pouco distante.

Morte: Quando for embora me liga, que eu venho te buscar, já é? - Ela sai do carro sem falar nada e ainda bate a porta com força. - Filha da puta. - Falo quase em um sussurro comigo mesmo.

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⏰ Última atualização: Nov 02 ⏰

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No morro da RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora