Adam Grey
Sienna continuava me evitando. Estava me evitando depois de ter dito que conversaríamos. Estava me evitando há dias. E agora não era apenas uma dúvida, eu tinha certeza.
Eu a via pelos corredores e em algumas salas, e até mesmo sua voz eu escutava vindo dos alto-falantes quando um comunicado precisava ser repassado para os alunos. Mas não era como antes; seus olhos não procuravam mais pelos meus, pelo contrário, eu tinha a impressão de que eles se fixavam em tudo menos em mim.
Eu não sabia como ou porquê, mas era como se ela simplesmente se tornasse outra pessoa em público.
Mas quando estávamos a sós, ela não precisava fingir, porque sabia que eu gostava dela. Não da parte perfeita e polida, mas das partes que eram facilmente julgadas e apedrejadas.
— Vai! — O treinador gritou.
Então eu avancei em direção aos outros jogadores do campo. Eu estava muito, muito irritado. Tudo me irritava: esse lugar, meu pai, Sienna. Era como se os demônios que viviam na minha mente sussurrassem provocações. Eu me sentia literalmente no limite. Eu segurava a bola e ultrapassava os jogadores com raiva e os derrubava como se eles não fossem nada. As vozes dos outros jogadores e do treinador ficaram abafadas e distantes, e eu só parei quando marquei o ponto.
— Adam Grey! — A voz do treinador voltou com tudo, me assustando. Me virei tirando o capacete ainda ofegante.
O treinador vinha como um touro na minha direção, seus passos ameaçavam fazer buracos e ele estava com o rosto vermelho, e eu tinha certeza que a causa da coloração era nada mais nada menos que raiva. Muita raiva.
— O que você estava fazendo, garoto? — ele bradou furioso.
— Estava levando a bola para o outro lado do campo. Marquei o último ponto.
— Está se escutando? — ele gesticulou em direção ao ouvido. — Isso aqui é a porra de um time! E caso o senhor não saiba, times trabalham em equipe, em conjunto! — bradou. — Saia do meu campo e me faça o favor de pesquisar o significado dessas palavras no dicionário.
Olhei em volta percebendo que eu havia machucado alguns dos caras e que estavam todos ali como uma plateia apreciando o show que era o treinador gritar na minha cara.
Mais irritado do que antes, eu rumei para fora do campo. Arranquei a blusa e fui em direção aos vestiários. Mas antes de entrar avistei Sienna saindo do vestiário feminino com a capitã das líderes de torcida, Louise se não me engano. Ela tinha cabelos castanhos que estavam metade amarrados com uma fitinha azul que combinava perfeitamente com seu uniforme de animadora. Elas pareciam conversar sobre algo, mas então Louise acenou deixando Sienna sozinha nos corredores. Ela puxou o celular e começou a digitar alguma coisa.
Talvez tenha sido só impulso, talvez tenha sido por conta da adrenalina que ainda corria nas minhas veias por causa do futebol, talvez fosse a raiva que ainda queimava dentro de mim. Eu não sei, só sei que quando percebi já andava a passos duros e decididos na direção de Sienna.
Agarrei seu braço fazendo-a erguer a cabeça e me olhar assustada, mas não deixei que ela falasse nada. Apenas a puxei em direção ao vestiário feminino. Fechei a porta logo em seguida e empurrei-a para dentro, trancando a porta logo em seguida com a chave que estava na fechadura.
— Me dê essa chave Adam!
— Não — Disse e então a joguei por debaixo da porta.
— O que pensa que está fazendo? — ela disse alarmada, com um tom que soava quase como um sussurro.
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Sentimentos Proibidos
RomanceSienna e Adam, dois completos desconhecidos, acabam se cruzando em um bar de qualidade duvidosa. Entre goles e sorrisos, uma conexão inesperada floresce, oferecendo um escape dos problemas que existem do lado de fora. Mas o destino, sempre pronto pa...