Capítulo 39 : Retaliação

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Erika Miller


Bati a porta do meu quarto com toda a raiva que eu sentia queimando nas minhas veias. Com as mãos na cintura, andei de um lado para o outro do quarto, o som dos meus saltos e da minha respiração pesada preenchendo o silêncio. Cada passo ecoava a frustração e a dor que me consumiam.

As memórias da noite com Adam pipocaram na minha mente. O seu corpo sobre o meu, seus olhos intensos, seu cheiro inebriante. Tudo parecia tão perfeito, até que suas palavras destruíram tudo.

- O que aconteceu ontem à noite, Erika, não vai se repetir.

Soltei uma risada irônica, amarga.

- Não mesmo, Adam, porque da próxima vez que nós dois dormirmos juntos, você vai estar sóbrio e eu não vou precisar usar nenhum truque. Vou fazer você me querer, como eu te quero.

Apertei os punhos, as unhas cravando nas minhas palmas. A dor física era um alívio comparado ao turbilhão de emoções que me consumia. Por que ele não consegue ver meu valor? A raiva crescia dentro de mim, mais e mais, como um incêndio incontrolável.

Eu tenho que fazer alguma coisa. Pensa, pensa...

Eu posso usar as fotos. Mas como? Eu podia entregá-las ao marido dela, mas era de Jason que estávamos falando. Nada passa batido por ele. Com toda certeza ele sabe o que sua mulher estava fazendo.

Pensa, Erika, tem um jeito, sempre tem um jeito.

Parei de andar, encarando a foto de papai na escrivaninha. Eu me lembro daquele dia, estávamos numa festa que o pai de Adam deu. Me aproximei do porta-retrato e, lentamente, um sorriso se desenhou nos meus lábios.

Era isso, tudo que eu precisava era do pai de Adam.

Me abaixei, abrindo a última gaveta, e puxei o envelope amarelo que estava escondido atrás de milhares de papéis. Não pensei duas vezes antes de pegar minha bolsa e ir em direção à casa ao lado.

- Você vai ser meu, Adam. - murmurei, determinada.

[...]

Respirei fundo antes de bater na porta do escritório do pai de Adam. Meu coração batia acelerado, mas eu sabia que não podia demonstrar fraqueza. Quando ouvi a voz grave do outro lado, entrei com confiança.

- Senhor Gray, posso falar com o senhor? - perguntei, fechando a porta atrás de mim.

O pai de Adam, um homem de meia-idade com uma expressão severa, levantou os olhos dos papéis em sua mesa.

- Erika, do que precisa? - perguntou, curioso.

- Tenho algo que vai interessar ao senhor - respondi, me aproximando da mesa. - Sei que, por algum motivo, o senhor, meu pai e todos os outros sócios da empresa precisam de Adam naquela empresa.

Ele franziu a testa, intrigado e desconfortável.- Do que você está falando, garota?

- Não se preocupe. Não me importa o que o senhor quer fazer.

- Quem te disse sobre isso? Seu pai? - Ele parecia irritado.

Sorri, um sorriso frio e calculista.
- As paredes têm ouvidos, senhor Gray.

Ele se recostou na cadeira, avaliando-me com um olhar penetrante.

- Diga logo o que quer dizer, eu tenho mais o que fazer.

Ergui o envelope amarelo, atraindo sua atenção para minhas mãos.

- Aqui dentro tem algo que pode ajudar o senhor a garantir que Adam faça exatamente o que o senhor quer - disse, e em seguida me aproximei, colocando o envelope amarelo sobre a mesa. - Abra.

Senhor Gray se inclinou, puxando o envelope, e depois de abri-lo, espalhou as fotos sobre a mesa.

Seus olhos duplicaram de tamanho e sua boca se entreabriu em choque.

- O que é isso?

- Adam e Sienna Cameron em alguns dos seus momentos furtivos.

Sorri pensando o quão fácil havia sido fácil demais segui-los e tirar aquelas fotos. Adam e Sienna não eram nada cuidadosos.

Olhei para as fotos, sentindo uma mistura de felicidade e raiva. Em todas as fotos, eles estavam se tocando, como se fossem incapazes de manter as mãos longe um do outro. Adam sempre tinha aquele olhar sonhador e um sorriso no rosto. Enquanto ela parecia tensa, com olhos inquietos e um sorriso pequeno demais. Ela não o amava como ele a amava. E tudo bem, porque eu teria o prazer de amá-lo do jeito que ele merecia.

- O senhor pode usar isso para chantageá-lo a trabalhar na empresa.

Ele cortou os olhos em desconfiança.

- E é claro que você quer algo em troca, não é?

Me inclinei para frente, apoiando as mãos na mesa e o encarando com determinação.

- Quero que o senhor convença Adam a se casar comigo. Seja por conveniência ou interesse, esse é o acordo.

Ele ficou em silêncio por um momento, ponderando a proposta enquanto seus olhos vagavam entre mim e as fotos diante de si. E quando eu estava quase perdendo a esperança, um sorriso lento se formou em seus lábios.

- Você é uma jovem muito determinada, Erika. Temos um acordo.

Sorri, satisfeita. Eu sabia que estava jogando um jogo perigoso, mas estava disposta a correr o risco. Adam seria meu, custe o que custar.

Continua...

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