Adam Grey— Marina Bites? — perguntei, encarando a fachada da loja. — Uma lanchonete?
— Errado, Adam. — Erika corrigiu. — É a melhor lanchonete de todo o alto-mar.
Depois de descer da moto, ela tirou o capacete e me entregou.
— O que foi? — disse, pondo as mãos na cintura. — Estava esperando um trabalho no escritório do meu pai?
— Não, não é isso. É só que... não sei se sou a pessoa ideal para trabalhar com o público.
— Por quê? — Ela fez uma careta.
— Não sou simpático nem sociável.
— Não precisa ser simpático e sociável, só precisa fazer seu trabalho bem feito.
Olhei para a fachada da loja, avaliando minhas opções.
Nenhuma.
Eu não tinha nenhuma opção.
Eu precisava desse emprego tanto quanto precisava de oxigênio.
— Vem, eu vou te apresentar ao dono. — Erika me chamou animadamente. Então, com uma respiração profunda, desci da moto e atravessei a rua com ela ao meu lado.
Ao empurrar a porta, o sino acima de nossas cabeças sacudiu, anunciando nossa chegada. A primeira coisa que vi foi um grande balcão, mas ao olhar para os lados, havia dois corredores cheios de mesas e cadeiras. O lugar cheirava incrivelmente bem, fazendo minha boca salivar com o irresistível aroma de panquecas e cappuccino que fez meu estômago roncar.
Eu havia comido na escola, mas o treino do senhor Blackwood que veio em seguida sugou todas as minhas energias, me deixando com uma fome louca.
Não havia muitas pessoas, mas eu podia ver um casal sentado em uma mesa ao fundo, ao lado da janela.
— Ah, senhor Marcos! — Erika exclamou, atraindo minha atenção para o homem atrás do balcão.
Ele tinha uma barba rala, cabelos grisalhos e uma barriga grande coberta por um avental com o nome da lanchonete.
— Esse é o amigo de quem te falei, Adam Grey.
Sorri levemente.
— É bom conhecê-lo, rapaz. — Ele estendeu a mão na minha direção para me cumprimentar.
Hesitei por um momento, sem querer ter algum contato físico com alguém estranho. Mas seria péssimo deixar o homem com a mão estendida. Em outra situação, eu não daria a mínima, mas agora eu precisava passar uma boa impressão.
— Digo o mesmo, senhor. — Disse, apertando sua mão, estremecendo internamente.
Nos próximos minutos, Marcos me fez um milhão de perguntas:
— Qual a sua idade?
— Tem alguma alergia?
— Ainda está estudando?
E eu respondi cada uma delas pacientemente, apesar de já estar cansado de responder tantas perguntas. Pra falar a verdade, eu estava cansado de tudo e, principalmente, de ser eu mesmo. Às vezes, eu só queria subir na minha moto e ir para algum lugar longe o suficiente de todos os meus problemas.
— Já trabalhou em alguma outra lanchonete?
— Não...
Ele respirou fundo e olhou de mim para Erika, como se estivesse pensando.
— Mas eu gosto de cozinhar...
Ele me encarou por longos segundos, com uma expressão neutra que me fez ficar à beira de um colapso de ansiedade.
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Sentimentos Proibidos
Storie d'amoreSienna e Adam, dois completos desconhecidos, acabam se cruzando em um bar de qualidade duvidosa. Entre goles e sorrisos, uma conexão inesperada floresce, oferecendo um escape dos problemas que existem do lado de fora. Mas o destino, sempre pronto pa...