Capítulo 32 : Três...

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Adam Grey

Faça o que nós fazemos de melhor finja. - Sienna havia me dito e agora eu estava aqui procurando Helisa por toda a escola.

Escolher a garota que eu iria levar para o baile havia sido muito fácil, quando todas elas estavam em busca de um par.

Então eu escolhi Helisa. Em primeiro lugar ela não tinha ninguém para ir ao baile. Em segundo, Helisa já havia mostrado interesse em mim, então eu não corria o risco de levar um fora. E em terceiro mas não menos importante, Helisa era aquele tipo de garota fútil e orgulhosa ou seja, ela iria esperar que eu a procurasse depois do baile, mas em hipótese alguma iria atrás de mim e isso era perfeito.

Depois de caminhar por toda a escola, finalmente avistei Helisa, conversando com algumas amigas. Respirei fundo e me aproximei.

— Helisa?

Ela virou o rosto na minha direção, me encarando com os grandes olhos verdes.

— Queria falar com você, tem um minuto?

— Sim, claro. — Ela sorriu simpática. — Meninas, eu já volto. — disse para o grupo de amigas e, em seguida, veio na minha direção.

Nós afastamos um pouco e então sem enrolação eu perguntei:

— Você já tem acompanhante para o baile de inverno?

Helisa piscou, claramente surpresa com o convite. Mas antes que pudesse responder, meus olhos foram puxados em direção a Sienna, que apareceu no corredor, vindo na nossa direção conversando com um dos professores.

— Na verdade, não. —Helisa respondeu, trazendo minha atenção de volta para si.

— Você gostaria de ir ao baile comigo? — disse, forçando um sorriso que eu esperava ser convincente.

Helisa me olhou, surpresa, mas sorriu de volta.

— Claro, Adam. Eu adoraria ir ao baile com você.

Suspiro aliviado pela facilidade, mas ao mesmo tempo, senti um aperto no coração ao ver a expressão de Sienna enquanto ela caminhava na minha direção cada vez mais perto.

— Ótimo, então nos vemos lá — falei, tentando manter o sorriso no rosto.

Helisa assentiu e rapidamente voltou a conversar com suas amigas, enquanto eu fiquei lá parado, observando Sienna passar por mim como se não me conhecesse, se afastando.

E foi inevitável não pensar em como as coisas podiam ser diferentes, em como seria se Sienna não fosse proibida para mim.

Se ela fosse apenas uma aluna da Blue School, eu a chamaria para o baile e, com certeza, eu nunca mais a deixaria ir.

Eu era a porra de um hipócrita, algum tempo atrás eu disse a Sienna que isso que havia entre nós era só desejo e agora eu estou aqui fantasiando com uma realidade diferente onde eu poderia tê-la para mim.

Mas, infelizmente, a realidade era cruel e trágica. Eu nunca poderia chamar Sienna de minha. No final, ela voltaria para o seu marido e eu teria que me contentar com alguma garota qualquer como Helisa.

Essa semana estava sendo como uma contagem regressiva, e a cada dia era como se Sienna estivesse escorrendo como areia entre os meus dedos e não importava o quanto eu tentasse agarrar ou segurar, era inevitável.

[...]

Ao chegar na casa de Ethan comecei a adiantar o conserto da moto, eu precisava manter minha mente ocupada ou ela iria acabar comigo. Peguei as ferramentas e comecei a mexer e fazer o que eu tinha que fazer mas o rosto de Sienna ficava invadindo meus pensamentos de novo e de novo.

Balancei a cabeça irritado.

Merda Sienna.

O que você tá fazendo comigo?

Respirei fundo e continuei a consertar a moto, tentando me concentrar no que estava fazendo. Alguns minutos depois, Lina chegou em casa junto com Caleb, ainda vestido com o uniforme da escola. Ele almoçou e rapidamente se juntou a mim.

A companhia de Caleb foi como uma bênção, porque conversando com ele, acabei deixando de lado todos os pensamentos que me atormentavam.

E assim as horas se passaram num sopro.

Agora eu já estava ajustando os últimos detalhes enquanto Caleb me observava com atenção.

— Vamos tentar ligar — falei, com um sorriso confiante. — Acho que fizemos todos os ajustes necessários.

Caleb, com os olhos arregalados de expectativa, se levantou assentindo vigorosamente. Girei a chave na ignição e, após alguns segundos de suspense, o motor roncou alto, enchendo a garagem com um som poderoso.

— Ela ligou! Ela ligou! — gritou Caleb, pulando de alegria. — Nós conseguimos, Adam!

Sorri. Eu estava morto de cansaço, mas a felicidade de ter ajudado Caleb compensava qualquer coisa.

— Sim, conseguimos. Somos uma bela dupla — disse, me levantando.

E então Caleb correu para me abraçar pelas pernas.

— Mamãe vai ficar tão feliz quando ver a moto — disse, com um sorriso radiante.

— Vai mesmo — afirmei enquanto Caleb pulava contente.

Olhei para o relógio de pulso e percebi que estava quase na hora de ir para o trabalho.

— Caleb, eu preciso ir trabalhar agora, mas amanhã nós podemos testar a moto. E já levamos ela para sua casa.

Caleb assentiu, ainda sorrindo.

— Tá bom, eu vou contar para a tia Lina e o Ethan que a moto está funcionando!

Baguncei o cabelo de Caleb e disse:

— Você faz isso. Não se esqueça de dizer à sua mãe quando mostrar a moto. Você foi um grande ajudante.

Ele sorriu para mim como se eu fosse um super-herói. Exatamente como eu sorria para o meu pai quando era pequeno. E aquilo fez meu peito se aquecer.

[...]

— Precisa de ajuda para fechar a loja, Adam? — Louis, o auxiliar de cozinha da lanchonete, me perguntou antes de sair.

— Tranquilo, cara — disse, limpando o balcão. — Vou só terminar isso aqui.

— Tenha uma boa noite, então — ele sorriu, colocou a blusa de frio e saiu, me deixando sozinho.

Me escorei no balcão, sentindo meus ombros tensos e minhas pernas doendo. A nova rotina, somada a todo o estresse, estava acabando comigo.

Respirei fundo, tentando aliviar a tensão que parecia se acumular em cada músculo do meu corpo. O silêncio da lanchonete vazia era quase reconfortante, uma pausa bem-vinda após um dia agitado.

Terminei de limpar o balcão e dei uma geral na cozinha, deixando tudo em ordem para os funcionários do turno da manhã. Então fui até o vestiário, tirei meu uniforme, peguei minhas coisas e saí. O ar fresco da noite me envolveu, mas antes que eu pudesse caminhar até a minha moto, meus olhos encontraram a figura parada do outro lado da rua.

Com as mãos dentro dos bolsos do sobretudo, Sienna estava lá, parada, me esperando com um sorriso tímido no rosto.

E assim, como se fosse mágica, meu dia havia melhorado.


Continua...

Sentimentos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora