Capítulo 45 : Fúria

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Adam Gray

Escuro. Ao meu redor, tudo estava mergulhado no mais completo escuro. Eu não conseguia ver um palmo à minha frente, nem sequer saber onde eu estava, mas era frio e sombrio. Era como se houvesse algo além da escuridão que eu não pudesse ver, mas eu sabia que estava lá, algo assustador.

Dou um passo à frente e o som da água alcança meus ouvidos. Só então percebo que sob o chão há uma fina camada de água, quase imperceptível. Mas antes que eu possa pensar qualquer coisa sobre isso, o som me faz erguer os olhos, encarando a escuridão densa.

Caminho em direção ao ruído e o som vai ficando cada vez mais alto e perceptível, até que finalmente noto. É um choro, um choro feminino. Meus passos se tornam mais rápidos e minha respiração começa a intensificar em um ritmo descompassado.

— Não! — A mulher diz, e então meu coração errou uma batida.

É a voz de Sienna.

Um segundo se passa e agora eu não estou mais andando rápido, estou correndo em direção ao som. A água espirra nas minhas pernas e eu não vejo nada à minha frente, mas isso não me impede de continuar tentando alcançá-la desesperadamente.

Sienna.

Sienna.

Sienna.

É a única coisa que se passa pela minha mente, como se seu nome fosse a única coisa que conheço. Como se fosse a única coisa que eu precisasse. Como se fosse minha salvação. Como se fosse uma oração. Como se fosse a única coisa que existe em meio àquela escuridão. E de repente, Sienna é tudo que há na escuridão, porque eu a vejo a alguns passos de mim, deitada no chão de bruços, chorando baixo, seus cabelos jogados sobre a água e uma luz vinda de um lugar que desconheço a ilumina, como se ela fosse uma atriz em um palco escuro.

Um, dois, três passos e estou prestes a tocá-la. Ela se sobressalta, erguendo a cabeça, finalmente notando minha presença. Seus lábios se entreabrem, mas antes que qualquer sílaba seja dita, ela é arrastada para longe de mim, como se algo a estivesse puxando pelos pés. Ela grita e implora, tentando achar algo em meio àquele chão liso e molhado para se agarrar. Eu tento alcançá-la desesperado, correndo em sua direção, e então ela some e...

Abro os olhos de uma só vez e me sento na cama, assustado, olhando ao redor ainda ofegante e com o coração acelerado.

— Adam? — Olho para o lado, vendo Érika se erguendo com uma expressão confusa e preocupada, analisando meu rosto. — Outro pesadelo? — Então percebo, estou no meu quarto, em meu apartamento. Aquela droga nada mais foi do que um maldito pesadelo.

Balanço a cabeça negativamente e passo as mãos nos cabelos, percebendo que eles estão molhados de suor.

— Não foi nada, volte a dormir.

— Como não, Adam? — Ela perguntou, puxando meu rosto para encará-la com suas mãos gentis. — Esses pesadelos que você anda tendo estão ficando cada vez mais frequentes. Só ontem foram dois.

— Eu... eu não consigo evitar.

— Eu sei — ela disse em um tom compreensivo. — Mas talvez conversar sobre eles te faça bem.

Toquei sua mão que estava no meu rosto, entrelaçando nossos dedos e trazendo-a ao meu colo, então encarei a aliança em seu dedo, brilhando em meio à penumbra do quarto.

Fazer bem? Como falar com minha noiva sobre meu antigo caso iria fazer bem?

— Deve ser estresse.

Mentiroso.

Sentimentos ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora