Sentimentos Proibidos

Capítulo 43 : Reencontro

Adam Grey

A praça central estava deslumbrante, enfeitada com luzes coloridas e bandeirinhas que dançavam ao vento, celebrando o aniversário da cidade. Havia brinquedos para as crianças, barracas de lanches e até uma banda animada tocando no palco central, enchendo o ar de música.

— Olhe! — Erika exclamou ao meu lado, apontando com entusiasmo. — Ali eles têm maçãs do amor.

Sorri, intrigado.

— Você gosta daquilo?

— Quem não gosta? — Ela ergueu uma sobrancelha desafiadora na minha direção.

— Muita gente. Aquilo é horrível, Erika. Duro como uma rocha e fica grudando nos dentes.

— É você que não sabe apreciar os pequenos prazeres da vida.

Ri, balançando a cabeça, e voltei meu olhar para a barraca de maçãs do amor. Foi então que meus olhos encontraram os dela, aqueles olhos que me atormentavam de noite e me perseguiam durante o dia.

Ela estava linda como sempre. Os cabelos soltos e lisos caíam sobre os ombros, e as pequenas sardas, geralmente escondidas pelos óculos, estavam à mostra. Sienna vestia um longo vestido rosa que realçava suas curvas. Meus olhos pararam na altura de seu quadril, percebendo que estava levemente arredondada e ficaram ali chocados demais para se desviarem.

Minha respiração parecia se perder em um turbilhão de sentimentos e emoções, enquanto todo o barulho ao meu redor parecia ter sido abafado pelo som do meu coração batendo forte.

A mão esquerda de Sienna deslizou lentamente sobre a barriga em um gesto protetor, fazendo a realidade me atingir como um soco no peito.

Sienna estava grávida.

Meus olhos buscaram os dela, procurando qualquer coisa, mas tudo que encontrei foi um enorme vazio. Onde antes havia calor e vida, agora só restavam olhos gélidos e quase mortos.

Aquela linha invisível que parecia nos conectar, reduzindo tudo ao redor à insignificância, foi brutalmente rompida por Jeson. Que apareceu de repente, puxando-a para um beijo. Ele segurou o rosto dela com uma agressividade que me fez estremecer, mas Sienna não se assustou nem se importou; apenas deixou que ele a beijasse.

— Nossa, que química, hein? — Erika disse maliciosa, com um sorriso no rosto, me trazendo de volta à realidade. — Se você não gosta de maçã do amor, o que acha de algodão doce? — Perguntou, colocando-se na minha frente e bloqueando minha visão de Sienna.

Forcei meus lábios a se esticarem apenas o suficiente para parecer um sorriso.

— Algodão doce parece uma ótima ideia.

Ela sorriu como uma criança animada e me puxou pela mão na direção oposta de Sienna. Mas antes de virar completamente, pude ver Jeson me lançando um olhar desafiador, como se estivesse marcando território.

Desviei o olhar, sentindo uma mistura de raiva e impotência. A banda continuava a tocar, as luzes brilhavam, mas para mim, a noite havia acabado de perder seu encanto.

[...]

Eu já não suportava mais nenhum segundo naquele lugar. Durante toda a festa, tive que acompanhar de perto a felicidade da família Cameron.

Cada risada, cada abraço, cada momento de alegria parecia um golpe no meu coração. Entre um ou outro grupo de conversa estava Jeson, com seu semblante sério e sorriso arrogante. Como eram pessoas importantes, me vi forçado a manter uma fachada de cordialidade enquanto meus olhos, inevitavelmente, se encontravam com os de Sienna.

A cada troca de olhares, eu procurava algum sinal, qualquer indício de que ela compartilhava dos mesmos sentimentos que eu. Mas Sienna não mostrava nada. Seus olhos permaneciam frios, distantes, como se fôssemos apenas velhos conhecidos.

O único que parecia me olhar verdadeiramente era Caleb, mas sempre que ele tentava vir na minha direção, era parado pelas mãos de Sienna que seguravam as suas ou pelo olhar severo de Jeson, que o fazia se encolher.

A dor de ver Sienna tão próxima, mas ao mesmo tempo tão distante, era insuportável. Mas eu sabia que não podia continuar assim. Eu precisava tomar uma decisão, por mais dolorosa que fosse.

Eu tiraria Sienna da minha vida de uma vez por todas, e isso seria a pior coisa que já fiz em toda minha vida. Mas eu não podia mais viver com a esperança de algo que nunca aconteceria. Eu precisava seguir em frente.

— Erika?

— Sim?

— Quer dar uma volta? — perguntei, tentando esconder a tristeza na minha voz.

Ela sorriu, surpresa e animada. — Claro, Adam.

[...]

Sienna Cameron

— Jason, por favor, isso é ridículo!

Abri a porta de casa e Caleb disparou na frente, correndo para o sofá e ligando a TV para assistir ao seu desenho favorito.

Subi as escadas, tirando os brincos, e entrei no nosso quarto.

— Ele estava olhando para você, eu vi. Não estou ficando louco.

— E daí? — me virei para ele com as mãos na cintura. — O importante é que eu não estava olhando para ele.

— Você é minha mulher, Sienna, minha! — Ele gritou, a voz cheia de raiva. — E ninguém vai ficar olhando para você daquele jeito! — As palavras mal haviam saído da sua boca e ele já estava socando a parede, completamente descontrolado.

Meu corpo inteiro estremeceu.

— Jason, por favor, eu...

— Não, Sienna! Eu disse para você não usar aquele maldito vestido, e aí, quando eu saio do trabalho para encontrar vocês, você está usando o maldito vestido!

— Jason, é só um vestido...

— Tire essa merda agora, Sienna! — Ele berrou, avançando na minha direção.

— Jason, para!

Me esquivei, saindo do quarto enquanto tentava fugir das suas mãos.

— Mãe?! — Caleb gritou do andar de baixo, a voz cheia de angústia.

— Eu tiro o vestido, Jason! Eu vou tirar! — Disse, andando de costas, ainda o encarando.

— Não, eu vou arrancar essa merda do seu corpo e rasgar em pedaços, e aí você não vai mais poder me desafiar.

— Mamãe!!

Ele avançou na minha direção, os olhos cheios de fúria, e eu sabia que tirar o meu vestido não era a única coisa que ele pretendia.

Eu não podia deixar que ele colocasse as mãos em mim, no meu bebê. Dei mais um passo para trás antes de me virar para correr. Mas não tive oportunidade de fugir, pois o passo que dei foi em falso. Quando percebi, já estava na beira da escada e Jason em cima de mim. Então eu caí, um, dois, três degraus antes de minha cabeça bater em algo pontiagudo e tudo escurecer.

Continua...