Adam Gray
Estacionei o carro na frente da empresa, mas não saí imediatamente. Minha mente estava a mil; o dia anterior havia consumido todas as minhas energias e roubado meu sono cruelmente. Eu não via meu pai desde o jantar na casa de Jack e agora precisava lhe contar sobre o fim do noivado com Érika. Precisava falar com Sienna, apesar de querer lhe dar espaço. Era como se houvesse um peso enorme sobre os meus ombros, feito de tudo que me afligia: culpa, raiva, mágoa, medo. Eu não estava suportando caminhar mais nenhum segundo com aquele peso, mas, apesar disso, eu também precisava ser forte. Suspirei profundamente, apoiei a cabeça sobre o volante e abri a porta do carro, pronto para lidar com o mundo real.Entrei, peguei o elevador e, assim que as portas se abriram, marchei em direção à sala do meu pai. Adentrei o cômodo, encarando o homem sentado em sua grande poltrona, brincando com uma caneta. Incrivelmente, ele não esboçou nenhuma reação ao me ver. Apenas me olhou como se já me esperasse.
- Precisamos conversar.
- Você pode começar me dizendo o que é isso. - Meu pai jogou sobre sua mesa uma pilha de papéis. Estiquei o braço para pegá-los, mas assim que o fiz, me arrependi.
- O que é isso? - Olhei para ele, confuso.
- Eu é quem deveria estar fazendo as perguntas, não? - Ele retrucou com uma expressão fria.
Abaixei o olhar, encarando os vários papéis com a minha assinatura. Papéis fraudando a empresa, contratos de negócios ilícitos que eu não tinha a menor ciência que existiam. Mas, mesmo que eu nunca tenha visto nenhum daqueles papéis, minha assinatura ainda estava ali, minha letra inconfundível rabiscada a tinta preta.
- Não estou entendendo. - Joguei os papéis sobre a mesa, levando as mãos aos cabelos. - Eu nunca vi esses papéis.
- Não se faça de bobo, Adam. Porque nós dois sabemos que você é tudo menos isso. - Ele ergueu as mãos, espalmando-as na mesa. - Você se aproveitou que tinha 50% da empresa para nos associar a negócios ilícitos e fraudes.
- Eu não fiz isso! - Exclamei, dando um soco na mesa. - Eu nem tenho 50% da empresa.
- A sua assinatura está aí para qualquer um ver, garoto, não adianta mentir.
Me aproximei da mesa, imitando seus movimentos, espalmando minhas mãos na mesa também e me inclinando para ficar cara a cara com ele.
- Eu não sei que joguinho doente é esse que você está fazendo, mas eu não vou cair.
- Não? - Ele riu. - Você já caiu, filho. Assinou cada um dos documentos, caindo como um patinho vez após outra.
Minhas pernas vacilaram e o mundo ao meu redor pareceu girar como se estivesse prestes a ruir.
- O que você está dizendo? - Minha voz foi abafada por um baque vindo de trás de mim e, ao olhar para trás, vi vários policiais entrando na sala e me cercando.
- Adam, você está preso. - disse um deles, avançando na minha direção e segurando algemas.
Com os olhos arregalados, me voltei para o meu pai, que arrumava o nó de sua gravata com uma expressão de vitória. Tudo parecia lento e distante. O policial agarrou meus ombros e meus olhos caíram mais uma vez sobre os papéis. Minha ficha finalmente caiu. Todas as atitudes do meu pai desde o começo começaram a se encaixar como peças de um quebra-cabeça sombrio, onde eu era apenas o peão.
Minhas mãos foram algemadas e eu fui arrastado para fora da sala, ainda em completo choque, preso em uma espécie de transe onde eu não conseguia ter nenhuma reação. Vozes e sons estavam abafados, como se eu estivesse submerso em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Cada passo que eu dava, arrastado pelos policiais, parecia ecoar em um vazio sem fim. As palavras do meu pai ainda ressoavam na minha mente, misturadas com as imagens vindas das minhas lembranças que só agora faziam sentido.
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Sentimentos Proibidos
RomanceSienna e Adam, dois completos desconhecidos, acabam se cruzando em um bar de qualidade duvidosa. Entre goles e sorrisos, uma conexão inesperada floresce, oferecendo um escape dos problemas que existem do lado de fora. Mas o destino, sempre pronto pa...