And all those little things

247 9 84
                                    

- De frente pra praia. - Tia Marlene diz descendo do carro e observando o outro lado da rua. - Essa gente não é fraca mesmo.

- Mas é tudo que a Helena sempre teve. Só isso. Dinheiro. - Minha mãe responde, também saindo do automóvel e ajeitando o buquê de flores que carrega. Agradeço o motorista e fecho a porta, deixando que ele siga o caminho até sua próxima corrida.

- Vamos? - Pergunto para elas e dona Adriana me olha, me respondendo com outra pergunta.

- Preciso mesmo, filha?

- Precisa. - É tia Marlene quem responde, já indo em direção à portaria para nos identificar. - E pode ir de cabeça erguida. A gente não sabe a intenção dessa Helena ao nos chamar aqui. Se for mesmo uma tentativa de paz, ótimo. Se não for, a gente vai encarar de frente agora. Ela que não ache que está lidando com a mesma menina de 25 anos atrás.

- Ô tia, não sei se você tá tentando me levantar ou me derrubar, mas de qualquer forma, obrigada. - Minha mãe diz enquanto esperamos o elevador e nós três caímos na gargalhada.

- Não, mas é sério. - Digo apesar de também desconfiar um pouco das intenções da minha sogra. - Vamos dar um voto de confiança pra megera... pra Helena. Pelo Gio. - As duas concordam quando já estamos na porta de entrada e eu respiro fundo antes de apertar a campainha, rezando para ser meu namorado a abrir a porta.

- Aaaaa, bem-vindas todas a nossa casa. - A primeira visão que tenho é de Helena, mas logo atrás vejo Giovanni comemorando nossa chegada.

- Boa noite, sogra. - A cumprimento rapidamente já indo em direção a ele, que também vem até mim, me dando um beijo na bochecha seguido de um selinho.

- Achei que vocês tinham se perdido. - Ele sussurra para mim enquanto sua mãe segue recepcionando a minha.

- Eu adoraria. - Sussurro de volta mostrando a língua e ele balança a cabeça, rindo. - Mas achei melhor vir.

Ele se vira para cumprimentar minha mãe e eu o sigo, assistindo minha sogra receber o buquê que trouxemos até percebermos que tanto ela quanto minha mãe usam o mesmíssimo modelo de vestido. Abaixo a cabeça e passo a mão no rosto, desejando que tudo aquilo seja um sonho, ou melhor, um pesadelo. Ou pelo menos desejando que a lavanderia estivesse realmente fechada e que tia Marlene não tivesse conseguido pegar o bendito vestido. Olho para Giovanni e sua cara me diz que, infelizmente, a situação é real e que nossas mães paradas, estáticas, olhando uma para a outra, não parece ser um bom sinal.

- A gente tá igual. - Minha sogra solta em um sussurro, esfregando as mãos uma na outra.

- A gente tá igual. - Minha mãe repete e inicia uma risada nervosa. - Você reparou isso também? Eu tava reparando. - Também rio, tentando dissipar a tensão que surgiu no ar e tanto Giovanni quanto tia Marlene me seguem na mesma tentativa.

- Pelo menos a gente tem bom gosto. - Helena diz rindo, mas claramente incomodada com a situação e minha mãe concorda.

- É... sejam muito bem-vindas. - Giovanni aproveita a entrada de Maninha com uma bandeja para desviar a atenção de todos, servindo uma taça de champanhe para cada uma delas enquanto a mãe grita pedindo algo para outra funcionária.

Jogo minha bolsa na poltrona e espero que ele volte para perto de mim, arregalando os olhos para ele, que dá de ombros como me dizendo que não sabe o que fazer e se posta atrás de mim.

- Giovanni sua namorada é muito bonita. - Uma moça vestida de cor clara que nunca vi antes de hoje chama nossa atenção.

- Ah, ela é. - Ele sorri e me olha.

All The Missing PiecesOnde histórias criam vida. Descubra agora