All The Missing Pieces

Just like in the movies

- É aqui que a gente se inscreve pra ganhar carinho da presidenta da ONG? - Sorrio ao ouvir a voz de meu namorado.

- Depende. - Respondo, me levantando e deixando na caixa o cachorrinho que eu estava cuidando. - Até é, mas essa presidenta aqui só faz carinho em animaizinhos carentes e abandonados.

- Eu tô muito carente e precisando muito de chamego. - Ele faz um bico e eu me aproximo, deixando que ele me beije e abrace.

- Tô vendo. - Digo, sentindo algo diferente em seu abraço, em seus gestos. - O que aconteceu, playboy?

- Adivinha. - Ele fala ainda sem me olhar, seu queixo apoiado em meu ombro. - Briguei com a minha mãe.

- Mais uma vez? - Pergunto, revirando os olhos aproveitando que ele não pode me ver. - Não tem sido exatamente uma novidade isso, né?

- Ah, baby, mas ela não precisava ter feito aquilo, né? Exposto meu pai nas redes sociais no primeiro dia de trabalho dele.

- Amor, ela foi até lá ontem só pra tripudiar. - O puxo e faço ele olhar para mim. - Ela saiu de casa em uma segunda-feira à noite, foi até um lugar que ela jamais frequentaria e fez questão de falar um monte de merda pra minha mãe sem nem se importar que você tava ouvindo... Acho que era de se esperar que ela não ia parar ali, né? Ela filmou por um motivo.

- Eu sei, eu sei... - Ele diz cabisbaixo. - É que eu sempre fico esperando que ela pare, sabe? Ainda mais depois que ela foi descoberta com a história da venda do apartamento, mas ela não desiste.

- Essa é sua mãe, Giovanni. Você tenta enganar a si mesmo fingindo não enxergar, mas ela vai ser sempre assim. Ela não tem uma índole boa. - Falo e o puxo para dentro do escritório, o sentando em minha cadeira e me ajeitando em seu colo.

- E eu que pensei que fosse ter paz agora que tô tomando as medicações. - Ele diz mexendo em meu cabelo.

- E como tá? - Pergunto depositando um beijo em sua boca. - Marcou com o psicólogo?

- Sim, senhorita. - Ele sorri de lado. - Amanhã começo minhas sessões, mas os remédios ainda tão me deixando meio enjoado.

- É? - Pergunto preocupada e passo a mão pelo seu rosto. - Você falou com a médica?

- Não, ela já tinha me dito que isso ia acontecer no início, até meu corpo acostumar com a dosagem. Vou esperar. - Concordo com a cabeça, agradecendo internamente por ele ter finalmente aceitado buscar ajuda profissional para suas crises e torcendo para que dê certo. - Mas vem cá. - Ele fala e me tira de meus pensamentos. - Yêda te falou alguma coisa?

- Sobre o quê? - Franzo as sobrancelhas, estranhando essa mudança de assunto.

- O Ara me ligou ontem à noite, falou pra gente marcar uma outra saída. Yêda quer tentar arrastar Cris e Tony.

- Por que tentar? - Pergunto achando cada vez mais confusa essa história.

- Parece que os dois brigaram, a Cris tá bem mal e Yêda tá preocupada porque nunca viu ela assim. - Ele explica. - Eu até imagino o que aconteceu.

- O quê?

- A Cris pagou uma dívida do Tony sem ele saber. - Ele fala e eu reviro os olhos. - Ele provavelmente deve ter ficado muito puto com isso.

- Mas a Cristiane é muito sem noção também, né? - Digo, incrédula. - Como é que invade a privacidade de alguém assim?

- É, então. - Giovanni concorda. - Eu falei pra ela que ela deveria ao menos ter perguntado antes pra ele.

- Ah, falou é?! - Me atento a esse detalhe. - Quando?

- Um dia desses lá na Helàne. - Ele fala como se não fosse nada. - No dia que a minha mãe retomou a linha de gestantes. Antes dela chegar, a Cris comentou comigo.