- O Marcos tá dando em cima de você legal, né? - Ouço Carlinhos perguntar enquanto coloco mais um pacote de ração no armário. Sorrio e o olho por cima da porta do móvel.
- Tá com ciúmes? - Provoco.
- Ciúmes. - Ele diz e, quando não continua, eu o faço.
- Eu gosto dele, cara. - Explico, mesmo sabendo que não tenho obrigação de fazê-lo. - Eu acho ele gente boa. - Penso um pouco, lembrando de quando fomos apresentados para ele no casamento da Thais. Na ocasião ele tentou provocar eu e Giovanni sobre nossa classe social, mal tendo ideia de que eu e meu ex-namorado não pertencíamos a mesma. Depois, no restaurante com Cris, ele também ficou de provocação, assim como todas as outras vezes que nos encontramos. Ele nunca perde a chance. - Não é isso. - Volto a falar. - O Marcos é aquele homem que a gente sabe que é encrenca, mas que tem o borogodó. - Admito, não vou mentir para morrer. - Igual tia Marlene fala? Ele tem o borogodó e eu me divirto com o jeito irresponsável assim, sem compromisso dele...
- Só um pouquinho, só um pouquinho... - Carlinhos me interrompe.
- Que que foi?
- Você tá pensando em dar uma chance pra esse cara? - Ele pergunta inconformado.
- Eu falei isso? Não - Coloco a mão na cintura, porque não é possível que tudo seja sobre ficada, sexo. Ainda que eu não estivesse grávida, eu não ficaria com o Marcos, mas só porque eu sei que ele é um galinha e que a intenção dele é ficar comigo e com o resto do Rio de Janeiro, quiçá do Brasil. Mas não vou mentir que é bom sim me sentir desejada, ainda mais depois de ter sido tão maltratada por Giovanni.
- Parece. - Carlinhos diz.
- Não mesmo. - Reitero. - Eu estou indo embora para a Austrália. Meu compromisso é com essa criança aqui. - Aponto e olho para minha barriga, ainda imperceptível, apesar de mais semanas terem se passado.
- Olha só, minha amiga. - Ele começa e eu me arrependo de ter tocado no assunto, já sei o que ele vai falar. - Eu sei que eu tô me repetindo, mas você tá fazendo a mesma coisa que sua mãe fez.
- A gente já conversou sobre isso, Carlinhos. - Falo meio sem paciência, mesmo sabendo que ele tem a melhor das intenções. - Eu tenho consciência disso e cada vez mais eu entendo a minha mãe.
- Bom, então tá. - Ele diz, mas não para. - Se você acha que tá fazendo a coisa certa, quem sou eu. Mas, mudando de assunto. Eu tive hoje lá na delegacia, fui prestar o depoimento. Sabia que eu senti firmeza naquele delegado?
- É? - Pergunto esperançosa. - Yêda me ligou, eu vou lá amanhã. - Me recordo da ligação de minha amiga na noite passada, no quanto ela não acreditou quando eu disse que estava bem, notando meus olhos fundos. Não contei à ela sobre o neném que estou esperando, mas prometi para mim mesma que farei isso logo, só que preciso que seja pessoalmente, não posso correr o risco de alguém - principalmente sua irmã - nos ouvir. - Amanhã e qualquer dia que eles me chamarem, né? Porque eu quero saber quem foi o criminoso que incendiou o abrigo.
- E eu? - Carlinhos pergunta, perdido em pensamentos, provavelmente sentindo falta de sua casa e sua independência, o que me dá ainda mais raiva de tudo isso que fizeram conosco.
- E coloco todas as minhas fichas que foi a Helena que fez isso.
- Coitado do Giovanni. - Meu amigo diz e eu reviro os olhos, porque apesar de saber o quão difícil é para ele aceitar que sua mãe é uma megera, não foi falta de aviso.
- Não foi uma vez e nem duas que alertei ele sobre a Helena, amigo. - Digo isso para Carlinhos. - E não só sobre ela, sobre a Cristiane também. E onde ele tá agora? Morando com as duas. - Engulo em seco, pensando nele dormindo com Cristiane. O pensamento me enoja a tal ponto que sinto um mal estar, colocando a mão em minha barriga.
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All The Missing Pieces
FanficDevaneios de uma escritora fanfiqueira sobre momentos GioIsis que os autores originais não quiseram nos mostrar por completo. A ideia é fazer capítulos seguindo a cronologia da novela Elas por Elas e acompanhar o casal Isis e Giovanni em cenas que...