Love can hurt sometimes

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Estaciono o carro de qualquer jeito e desço, sentindo meu estômago reclamar, provavelmente por falta de comida. Toco a campainha e espero, sabendo que esse enjôo vai piorar quando olhar para a cara de Cristiane.

- Oi, amiga. - Cumprimento Yêda, que é quem abre a porta.

- Oi, amiga. - Ela responde. - Tá tudo bem?

- Preciso ter uma conversa muito séria com a tua irmã. - Não espero convite, já entrando e indo em direção à Cris, que está no sofá, enquanto vejo minha amiga saindo da sala.

- Chegou o furacão, Ísis. - Cris diz assim que me vê, se levantando.

- Foi você que contou pro Giovanni da troca de bebês, não foi? - Pergunto, sem rodear.

- É claro que não. - Ela nega prontamente, mas sua cara de cínica não me engana. - Como é que eu ia saber?

- Eu mandei uma mensagem pra minha mãe pra desabafar e ela tava aqui. - Explico, mesmo sabendo ser desnecessário, ela já sabe de tudo isso. - Eu não sei como, mas você deve ter escutado e novamente agiu de má fé, não é Cris? - Ela ri antes de responder.

- Desculpa, você pirou minha querida. - Ela diz mantendo o sorriso na cara e eu me seguro para não voar no pescoço dela. - Tá inventando um filme da própria cabeça.

- Você faz tudo de caso pensado. - Falo entredentes.

- Eu não tenho tempo pro seu show, tá? Eu tenho um compromisso. Eu vou jantar com o Giovanni. - Ela finalmente consegue me deixar sem palavras e um gosto amargo se apossa da minha boca junto a um aperto no peito que parece me sufocar. - Se cuida.

- Amiga, o que aconteceu? Cadê a Cris? - Yêda volta pra sala, provavelmente atraída pela porta que a irmã bateu ao sair. Não falo nada, mas sei que minha cara diz tudo e ela vem até mim. - Tá tudo bem? - É como se essa simples pergunta detonasse milhares de explosivos em mim e eu caio no choro. - Amiga... - Ela me abraça, sem saber o que falar. - Vem cá. - Deixo que ela me leve até o sofá e me sente ao seu lado. - Olha pra mim, Ísis. - Ela pede e eu levanto o rosto, tentando sorrir, inutilmente.

- O Giovanni terminou comigo. - Falo antes que ela pergunte novamente.

- Meu Deus, como assim? - Sua cara demonstra mais que surpresa, é como se ela não acreditasse no que está ouvindo.

- É isso, amiga. - Confirmo. - E eu tenho certeza que sua irmã tem dedo nisso.

- Cristiane? - Afirmo com a cabeça. - Vamos por partes, me conta o que aconteceu.

- Eu não posso te contar tudo ainda, amiga. - Digo, afinal o segredo não é meu e eu não sei o quanto é bom que essa notícia se espalhe. - Mas o Giovanni descobriu uma coisa muito séria e me acusou de enganar ele, e eu sei que foi sua irmã que arquitetou tudo isso.

- Mas gente, que obsessão é essa que Cristiane tem com Giovanni. Achei que isso já tinha sido superado.

- Pois é. - Concordo, sabendo que eu sempre estive certa sobre ela, que a intenção dela sempre foi me separar dele.

- Ou talvez a obsessão seja por você... - Yêda diz mais para ela que para mim, mas eu escuto e quando faço menção de perguntar, ela abana a mão. - Deixa pra lá.

- Pior que ele não quer me ouvir, ele tá me tratando muito mal. - Escondo meu rosto com as mãos, soluçando. Não tenho nem ideia de quanto chorei nos últimos dias.

- Amiga... - Yêda aperta meu braço e eu levanto a cabeça, respirando fundo.

- Tá tudo bem, Yêda. Eu vou desmascarar sua irmã. - Digo para ela. - Pode até demorar, mas eu vou fazer isso. - Me levanto, lembrando que Cristiane disse que iria jantar com Giovanni, mas logo me sento novamente, uma tontura me atingindo em cheio.

All The Missing PiecesOnde histórias criam vida. Descubra agora