Broken heart, broken mind

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Caos.

Essa é a primeira palavra que vem à minha cabeça quando abro os olhos. E não é de hoje. Caos é o que tenho vivido desde o dia em que eu descobri que toda a minha história é uma mentira e que a pessoa que eu achava ser a mulher da minha vida não fez nenhuma questão de me contar isso. Penso em Ísis e meu coração dói, a saudade que eu sinto dela misturada com a raiva por ela ter escondido de mim a informação mais importante da minha vida. E como se não bastasse tudo isso, meu pai é baleado, ficando entre a vida e a morte em uma mesa de cirurgia.

- Filho... Giovanni. - Minha mãe entra no meu quarto sem bater, como já é de seu feitio.

- O que é? - Pergunto friamente, já não fazendo questão nenhuma de ser o bom moço que sempre fui, já que nada disso fez diferença.

- Meu filho, você não vai pro hospital? Você tem notícias do Jonas? Aquela cachorreira te ligou? - Ela desembesta a falar e minha cabeça dói, reclamando pelo estresse logo ao acordar. - Se você for, eu vou me trocar, eu vou com você.

- NÃO! - Grito. - Já te falei mil vezes que não é pra você ir lá. Vai ficar arrumando confusão com a Adriana?

- Foi ela que me atacou. - Ela tenta se defender e eu tampo os olhos com as mãos, cansado dessa ladainha dela. - Se aquela rampeira, aquela cachorreira não tivesse entrado na nossa vida, seu pai não estaria lá, Giovanni.

- Não, mãe, não! - Falo olhando nos olhos dela. - Foi você que colocou aquele cara dentro da Helàne e foi eu que pedi pro meu pai assumir meu lugar lá, então a culpa não é da Adriana, não é. - Antes que ela possa responder, eu me levanto da cama. - E quer saber? Não quero mais falar disso. - Vou até a porta e a abro, em um convite explícito para que ela saia. - Eu vou tomar um banho e vou ver meu pai.

Fecho a porta com mais força que o necessário assim que ela sai e vou até o banheiro, ligando o chuveiro no jato mais forte e frio e colocando minha cabeça embaixo d'água. Respiro fundo, tentando conter as lágrimas, mas elas teimam em cair, todos os sentimentos se misturando dentro de mim, me sufocando e me impedindo de respirar. Sento no chão do box e abraço minhas pernas, tentando, em vão, puxar o ar. Fecho os olhos e, apesar de saber que não devo, penso em Ísis, e em como ela me acalmou ontem no hospital, quando eu estava prestes a ficar como estou agora.

- E aí? - Ela pergunta depois que eu bebo a água que ela me trouxe, colocando a mão em meu ombro e me acariciando antes de, provavelmente, perceber o que fez e retirá-la, se sentando no sofá.

- Eu tô melhor. - Digo, levantando a cabeça e respirando fundo. - Mas o medo de perder meu pai não passa. - Confesso.

- Você não vai perder seu pai. - Ela diz, com a positividade que eu sempre invejei nela.

- Meu pai é tudo que eu tenho. - Olho pra ela e por um momento penso enxergar um lampejo de decepção em seus olhos e ela desvia o olhar do meu. - Apesar dessa história horrorosa do meu avô, o Jonas é meu pai.

- Ele é. - Ela sorri pra mim. - Ele é seu pai, ele sempre vai ser, eu te falei isso.

- Tô me sentindo culpado, sabe. - Me levanto, colocando pra fora o que estou sentindo. - Eu fui tão injusto com ele. Maldita hora que eu pedi para ele me substituir na Helàne, fui eu que coloquei ele nessa situação.

- Gio, não foi. - Ela se levanta também. - Desculpa novamente eu com a minha opinião, mas se alguém é culpada nessa história é sua mãe, sua mãe colocou o Danilo dentro da empresa.

- A culpa é minha. - Digo, soltando o ar que estava segurando.

- Você não tem culpa disso. Não tem.

All The Missing PiecesOnde histórias criam vida. Descubra agora