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Mark terminou de passar o pó rosa em suas bochechas e deu uma última olhada no espelho. Suas vestes pretas com detalhes dourados delineavam perfeitamente sua cintura magra e braços fortes. Ele respirou fundo e olhou mais uma vez para seus cabelos pretos, que estavam perfeitamente penteados, sem chamar muita atenção e deixando o destaque perfeito para seu rosto com feições bem distribuídas e afiadas como as de um gato.

Era o momento de sua apresentação e ele mantinha um sorriso forçado para a maioria das pessoas que o acompanhavam em seu caminho até o palco. O nervosismo tomava conta de seu corpo todas as vezes. Um banco solitário no meio do palco o aguardava, e com um olhar e sorriso para o pianista que o acompanhava, ele se sentou e aguardou até que as luzes fossem direcionadas até onde estava.

Esquecendo tudo ao seu redor, ele cantou palavras sobre amores puros e sentimentos ingênuos, algo em que ele mesmo não acreditava mas que o Mark que deveria estar presente naquele momento ansiava, e deveria transmitir para as pessoas que o assistiam.

Era um trabalho não tão comum para um Ômega, e comparado com os Betas e Alfas da casa ele ganhava muito pouco. Mas era honesto e ele conseguia viver. E dado às condições de vida oferecidas às pessoas como ele, Mark se orgulhava de ter uma voz e conseguir sustentar o personagem dos palcos para ganhar seu próprio dinheiro, ainda que pouco.

Ele era a atração principal da noite. Ainda que a maioria das pessoas ainda achassem um absurdo que um Ômega se mostrasse tanto assim, eles ainda queriam ver. Alguns realmente apreciavam seu talento e também tinha aquela parcela de pessoas que estava curiosa –o mais comum era que Ômegas talentosos fossem comprados e seus talentos a partir de então pertencessem apenas ao Alfa que os possuía. Para ele era diferente. Mark não tinha sido comprado, e ainda que a vida fosse difícil, ele não iria aceitar nenhuma oferta.

Principalmente agora, que tinha alguém a quem ele amava de todo o coração e não podia abandonar.

Mas ali, no palco, ele evitava pensar nisso. Seus pensamentos íntimos tinham que ser guardados naquele momento. Mark deveria pensar apenas em querer ser tratado como uma pessoa delicada, ingênua e feliz. Ao fim da música o pianista se aproximou dele e ambos se curvaram, agradecendo as palmas do público. Eles se retiraram do palco, a mão do Beta a uma distância quase imperceptível do palco.

—Obrigado, Lorenzo. –ele disse quando deram lugar as dançarinas Beta que passavam para o próximo e último número da noite.

—O prazer foi meu, hyung. –o garoto não deixava de lado o uso dos honoríficos ensinados por sua família coreana mesmo que Mark já tivesse dito que não precisava– Sabe, acredito que ainda hoje podemos ter algum trabalho a mais. Ouvi dizer que um Wang está aí.

Um arrepio passou pela pele de Mark. Os Wang eram uma família de elite Alfa. Descendentes diretos de uma já extinta, porém ainda aclamada, realeza.

Eram tempos modernos, mas eles ainda tinham influência devido a forte aura que subjugava os Alfa que nao tinham tanto poder naturalmente e por consequência todas as outras pessoas, independente do seu sexo, gênero, subgênero ou classe social.

Não seria bom para a reputação da família Wang com as demais famílias Alfa, que um deles estivesse aqui, em uma casa de entretenimento que, ainda que tivesse prestígio, vivia às sombras, quase na ilegalidade, e ainda tinha um Ômega como destaque.

Alfas de elite tinham duas reações quando chegavam perto de Ômegas: caso fossem vistos como de alto nível, provavelmente seriam cortejados como segundas esposas ou concubinas; caso fossem vistos como inúteis ou sem linhagem, eram objetificadas, compradas e usadas das formas mais nojentas possíveis. Algumas famílias pobres deixavam seus Ômegas estudarem apenas para tentar ascender socialmente. Foi o caso dele, até fugir.

aura ✧ GOT7 FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora