Entre a Cruz e a Espada

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🎼Havia um tempo em que eu vivia
Um sentimento quase infantil
Havia o medo e a timidez
Todo um lado em que você nunca viu
E agora eu vejo
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim

A Cruz e a Espada - RPM e Renato Russo



O clima estava cada dia mais tenso em Hogwarts, ataques acontecendo, pessoas amedrontadas... Apesar de ninguém saber que de fato o Basilisco poderia matar, ficar petrificado já era assustador demais. Para Maria, talvez não tão assustador como ter a figura vívida de Lockhart no pé o tempo inteiro! Ela estava no auge do estresse. Já estava se convencendo de que nunca acharia a Jóia da Alma, não havia nem sinal dela...

Maria e August tinham o costume de conversar por um artefato mágico inventado por ela mesma... Ela havia enfeitiçado uma concha marinha grande e azul cintilante para servir como se fosse uma espécie de telefone, e também era possível ver a imagem holográfica da pessoa que estivesse do outro lado, se assim desejasse.
_Eu acho que estou perdendo tempo aqui. E você sabe o quanto me incomoda o fato de você ter colocado Linch no meu lugar, ele não está pronto pra lidar com esse tipo de coisa...
_Não se preocupe, ele dará conta, e na verdade, tem mais duas pessoas com ele, Taylor e Jones.
_Teve que colocar três pessoas pra me substituir? Hmmm. - disse ela num tom brincalhão mas orgulhoso.
_Não fique se achando... - disse ele em tom divertido.
_Acontece que nenhum dos três está preparado.
_É caminhando que se faz o caminho, eles aprendem.
_August, não vou me envolver nisso, você coloca quem quiser no meu lugar, mesmo eu não concordado. Acontece que está me deixando muito irritada essa missão que você me deu. Não tem nem sinal da... "coisa em questão" aqui... Estou me sentindo perdida, não sei mais o que fazer... Mais um dia na Sala Precisa e eu enlouqueço.
Ela evitava tocar no nome de pessoas e objetos que poderiam comprometê-la caso alguém ouvisse, por isso sempre usava termos como "você sabe o quê", ou "aquela coisa" ou "aquela pessoa", ou algo do tipo para se referir à Jóia da Alma e a Thanos por exemplo.
_Maria, tenha paciência. Você sabe o quanto é importante encontrarmos a jóia.
_Está bem, mas vou fazer do meu jeito!
_Espero, - começou ele, enfático - que seu jeito não seja explodir a Sala Precisa.
_Sempre pensam o pior de mim, né? Não vou explodir nada, pelo contrário, vou ouvir minha intuição. Ir até a Sala Precisa todos os dias está sendo irritante e cansativo. Irei apenas quando meu instinto mandar. Lei da Atração!
_O quê? Não! Tem que ir todos os dias! Assim aumentamos nossa chance, e...
_August... Esse é um jeito masculino de pensar. E muito pouco inteligente, diga-se de passagem. Se isso resolvesse, eu não teria desperdiçado quase oito meses da minha vida indo naquela bendita sala todos os dias! Eu tive paciência até demais...
_Está bem, não vou questionar seus métodos, até porque... Não resolve!
August sabia que ela sempre acabava fazendo o que queria, mas ela sempre sabia qual era a decisão correta a se tomar, então ele permitia.

No dia seguinte, Dumbledore pediu que os professores dessem suas aulas aos pares com seus colegas. As aulas de Trato das Criaturas Mágicas estavam suspensas por ora, e as aulas de Astronomia passaram a ser apenas teóricas, sem observações noturnas.
Maria se sentia frustrada em todos os níveis, afinal, nem podia mais dar suas aulas em paz, e em geral, os alunos achavam extremamente chato o conteúdo astronômico sem práticas.

Na sala dos professores, Dumbledore discutia com os mesmos, qual seria a melhor solução para fazerem os acompanhamentos aos colegas.
Ficou decidido que, para não ficar tedioso ou massante, eles iriam montar uma escala, e isso também serviria pra os próprios professores terem novas experiências.
_Tudo é oportunidade... - dizia ele diante das caras impacientes e desgostosas dos professores, não pelo fato de terem de estar na presença de seus colegas, mas porque sabiam que um desses colegas era Lockhart.

No primeiro dia, Maria fez escala justamente com ele, e foi um inferno! No dia seguinte seria a vez de Snape.
_Sobreviveu? - ele fez um gesto engraçado com a sobrancelha, continuando: Ou talvez seja melhor perguntar: Lockhart sobreviveu?
Ela soltou uma risada sonora e disse:
_Eu mandei ele ficar num canto lixando as unhas... Ameacei que iria jogá-lo torre abaixo se ele se metesse nas minhas aulas. A tortura mesmo foi durante as aulas dele... - disse com muito desânimo - Falando muito sério, ele é uma farsa!
_Você ainda tinha dúvidas? Bom... Me deu uma ideia, vou fazer o mesmo com ele.
_Bom, hoje somos nós... - sorriu.
_Vou colocá-la pra trabalhar... Nem pense em ficar só olhando.
_Estou preparada... - disse divertidamente tirando um par de luvas cor-de-rosa dos bolsos.
Ele sorriu de canto e os dois seguiram para a aula, que fora tranquila, exceto pelo cheiro forte de chifres de bicórnia que fez com que ela ficasse com dor de cabeça.

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