🎼E agora estou rindo enquanto choro
Estou chorando através do meu medo
Mas, amor, se eu tivesse que escolher
A piada agora é você
Joke's on you - Charlotte Lowrence
Poucos dias depois que chegara ao castelo, Maria não estava nada bem, a presença dos dementadores lhe causava muito mal. Já havia muito tempo que não conseguia mais conjurar um patrono, desde quando conheceu sua mãe. Por ser espiritualista e sensível, a simples presença deles lhe causava uma estranha sensação de angústia. E por vezes pensou em abandonar a missão e ir embora.
Snape notava diariamente a tristeza da bruxa, mas achou que sua presença na vida dela não iria mudar isso... Pelo contrário, ele sempre achava que causava mais mal do que bem na vida das pessoas... por isso se manteve afastado, apenas observando de longe e controlando seus impulsos de ir até ela e apenas abraçá-la...
Dumbledore também percebeu a tristeza de Maria e concluiu que os dementadores a afetavam bastante, ele tentava conversar com ela sempre que possível para animá-la um pouco e dizer que estava segura... Mas era quase em vão.
A essa altura, ela já não arredava o pé do castelo para absolutamente nada! Não ia mais a Hogsmeade, não saía do castelo para pegar sol como sempre fazia, ou para passear nos arredores, sequer ficava na Torre de Astronomia sozinha, onde antes assistia todos os dias o pôr do sol... Sua vida estava se tornando triste. E com Snape a ignorando, só contribuía para que ficasse mais triste ainda.
Com o tempo, ela foi ficando pálida, quase não sorria e não tinha ânimo pra nada. No final de um mês estava péssima. Era como uma flor perdendo a cor, murchando e morrendo.Um dia Lupin a encontrou por acaso, e percebendo que ela não estava bem, se aproximou um pouco para conversarem.
_Maria... Tudo bem?
_Oi, Lupin. Tudo. Tudo bem, sim.
Ela estava sentada na escada que dava para a cozinha a espera de Blissa, uma elfa doméstica, que ia lhe trazer biscoitos de nozes. Ela sempre gostava de passar pela cozinha para cumprimentar os elfos, e ultimamente aquele parecia ser o único lugar seguro além dos seus aposentos.
Lupin se sentou ao seu lado.
_Chegou na hora certa, Blissa vai trazer biscoitos de nozes.
_Que ótimo... Adoro biscoitos de nozes...
_Eu gosto de ficar aqui, sabe... de sentir o cheiro da comida, e escutar o burburinho que eles fazem. Assim não me sinto tão sozinha.
_Você não está sozinha.
_Eu sei... Mas parece que estou...
_Dumbledore comentou comigo que está preocupado com você... E se me permite, eu compartilho um pouco da preocupação dele. Não te conheço, mas desde que cheguei aqui, você me parece cada vez mais pálida e triste. Não foi assim que me disseram que você era... E sinceramente, nem foi essa a primeira impressão que tive de você...
_Quem disse... Que não sou assim? - perguntou ela, em um meio sorriso.
_Dumbledore, Minerva, os alunos, alguns outros professores também...
_Sou como a lua, tenho fases.
_Nem me fale em fases da lua... - disse, dando uma risadinha meio sem graça. - Está com medo dos dementadores?
_Não é bem medo... Não sei qual seria a palavra... Eu me sinto... estranha, sabe?
_Sei... Sei sim.
Blissa chegou com uma bandeja enorme de biscoitos e um bule grande de chá, colocou a bandeja perto deles e saiu dizendo que ia buscar mais uma xícara.
Quando ela voltou, eles se serviram e continuaram a conversar:
_Precisa vencer o que está te vencendo. O medo? Talvez... Mas com certeza existe algo mais.
_Eu nunca soube lidar com os meus sentimentos. Mas... Eu não costumo ficar triste. Tem acontecido muitas coisas ao mesmo tempo, sabe?
_Imagino... Quer conversar sobre? Talvez ajude.
_Talvez em uma outra hora...
_Ah, vejamos... o que temos aqui... - disse ele, tirando do bolso um tablete de chocolate e entregando a ela. - Você gosta?
_Sim...
_Sempre ajuda a aliviar a tristeza e trazer felicidade.
_Obrigada.
Os dois terminaram de comer e seguiram para seus destinos, mas não sem antes passar por Snape, que ao vê-los conversando, ficou ainda mais azedo do que já estava...
Mais tarde Maria recebeu uma carta de seu pai, contando que Sarah estava esperando um menino, e que o nome seria Pietro.
Os dias iam passando e seus sentimentos a corroíam por dentro. Cada vez mais se sentia desesperada por não saber lidar com tudo aquilo. Sentia uma imensa culpa e preocupação pelo relacionamento de seu pai, pela insensatez e frieza de sua mãe, por Snape a estar ignorando... Tudo era tão assustador... Ela se sentia muito sozinha.
Nesse meio tempo, se aproximou muito de Lupin, como amiga, é claro... Mas Snape se mordia em silêncio de ciúme e raiva.Ele começou a observar que Maria ia com frequência sentar nas escadas que davam pras cozinhas, e muitas vezes Lupin também estava por lá. Teve certeza que eles estavam começando a ter algo além de amizade.
Ele se aproximou devagar, esperando pegá-los no flagra, mas a ruiva estava sozinha, conversando com a Elfa.
_Sem dúvidas, sua torta de maçã é a melhor de todo o mundo, bruxo e não-bruxo, Blissa. E olha que já experimentei tortas de todo canto desse planeta.
A Elfa saiu com os olhinhos mais brilhantes que estrelas.
_Nem os Elfos Domésticos escapam da sua bajulação?
_Meu Deus, você ainda vai me matar de susto!
Ele parou, recostado em uma pilastra, enquanto observava-a feito criança, sentada no degrau da escada, com um pratinho de torta na mão, e uma caneca de chá do lado.
_Servido?
Ele balançou a cabeça negativamente.
Ela continuou:
_Sério que pensa isso de mim? - disse num tom sarcástico e bem humorado.
_Te conheço... - respondeu ele calmamente.
_O senhor não me conhece, professor. E meu elogio foi sincero. Os Elfos gostam de receber gentilezas dos seus... "Senhores". Elogiá-los é uma forma de expressar gratidão. Devia tentar as vezes. Sabe... sorrir, ser gentil com as pessoas... e com as criaturas... Quando foi a última vez que deu risada de algo, ou sorriu pra alguém?
_Não perco meu tempo com essas bobagens, senhorita.
_O que te faz sorrir? Um por do sol? Café quentinho... Cócegas?!
Ela fez um gesto com as mãos para alcançá-lo e lhe fazer cócegas, mas ele, com os olhos arregalados, disse:
_Não se atreva...
_Seria bom se alegrar as vezes e não ser tão ranzinza.
_Por que não cuida da sua vida, Skywalker?
_Engraçado, porque eu estava aqui, cuidando... Você que veio atrás de mim que nem uma sombra.
_Eu só estava passando...
_Pois continue passando. Estou comendo uma deliciosa torta de maçã, e se não quer, se manda.
Maria continuou comendo sua torta, e logo Blissa chegou com mais um pouco de chá.
_Pode cantar para mim, menina Sky? Eu gostava quando você vinha até a cozinha escondido, quando estudava aqui em Hogwarts, e cantava para nós.
_Ah, eu tô meio triste hoje... Não sei se cantaria muito bem.
_A menina Sky sempre canta bem! Blissa não gosta de ver a menina Sky triste? Quem te deixou triste? Quer que Blissa dê uma panelada na cabeça dele?
Ela gargalhou.
_Olha, já fiquei feliz... Você é sempre um amor! - a Elfa corou- Qual música você quer que eu cante?
_Aquela que fala sobre o arco íris e potes de ouro...
Maria cantou a música que Blissa pediu, e quando terminou, ouviu-se um pigarrear atrás dela. Snape estava novamente parado na pilastra.
_Está atrasando e atrapalhando os Elfos, desse jeito o jantar só vai sair a meia noite.
_Desculpe senhor, mas a menina Sky não atrapalha.
_É mesmo? Então por que o jantar ainda não foi servido?
_O senhor está com fome? Posso preparar algo e trazer para o senhor. O jantar já está pronto, senhor. Acontece que Dumbledore nos pediu para que não servissemos antes que ele mandasse nos dizer.
Nessa hora ele se deu conta que aquela já era a segunda vez que ia até a cozinha dizer aos Elfos que deveriam servir o jantar em 15 minutos. Na verdade já havia se passado mais de meia hora e o jantar estava atrasado.
_Vou checar isso agora mesmo com o diretor. - e saiu, despistando.
_Tô achando que ele veio aqui aqui foi dizer pra servir o jantar e esqueceu... - disse ela para Blissa, que soltou uma risadinha.
Passados uns 10 minutos, ele retornou:
_Sirvam, Dumbledore mandou avisar.
E voltando-se para Maria, disse:
_Não vai jantar? Imagino que não, comendo a sobremesa antes.
_Ih, olha lá, quando foi meu pai chegou em Hogwarts?
_Dumbledore pediu que todos jantassem juntos, senhorita engraçadinha, para que os alunos se sentissem mais acolhidos. Mas... faça o que quiser.Quase chegando no Salão Principal, ele encontra o diretor.
_Severo... O jantar está meia hora atrasado. O que houve?
_Nada... Eu me... esqueci.
_Esqueceu? Oh, sim... Vi que você chegou aqui e deu meia volta. Percebi que havia esquecido. Mas mesmo assim, demorou bastante, não?
_E eu lá tenho alguma obrigação de ficar mandando servir jantar? Se me esqueci foi porque estou sempre sendo atormentando por esses alunos indisciplinados que você insiste em ficar bajulando, além de ter várias outras coisas pra pensar.
_Sim, claro... E onde está Maria?
_Está feito uma criança, comendo torta de maçã na cozinha antes do jantar, e atrasando os Elfos com sua cantoria.
_Ah, sim... Agora entendo. Imagino que não foi só os Elfos que ela andou atrasando.
Ele o olhou por cima dos oclinhos de meia-lua com um ar travesso.
_Eu já disse que me esqueci.
_Se esqueceu, claro, claro... Oh, aí está ela.
_Estavam me esperando?
_Eu pedi ao professor Snape para solicitar aos Elfos que servissem o jantar, mas ele se atrasou. Imagino que tenha esquecido devido as tantas coisas importantes que ele tem na mente.
_Imagino... - disse ela em tom de deboche.
_A torta de maçã está aprovada, por sinal?
_Aprovadíssima...
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Um amor de outro mundo
Fanfiction1- Essa fanfic já foi várias vezes reescrita, portanto qualquer semelhança com alguma outra que você tenha lido, não é coincidência. 2- Apesar de haver menções sobre as jóias do infinito e Thanos, ou outros assuntos relacionados aos Vingadores, essa...