Todos os caminhos levam a Hogwarts

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🎼 São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
E tão simples
Um dia perfeito

Legião Urbana - Um dia perfeito



A tarde pintava um doce céu rosado na fazenda em Volterra. Maria estava um pouco preocupada, era meio a contragosto o que estava prestes a fazer.
O bolo acabara de ficar pronto e a visita que esperava também acabara de chegar. O professor Dumbledore adentrou pela casa usando a rede de Flu. Embora o Ministério da Magia não permitisse esse tipo de ligações com escolas, Dumbledore as vezes gostava de quebrar regras, então clandestina e temporariamente ligou a rede de Flu de sua lareira particular com a da fazenda.
_Professor... Que bom vê-lo! - disse ela, abraçando-o.
Ele mal teve tempo de se sentar e ela já lhe oferecera um pedaço do bolo de limão com calda. Comeram na companhia de seu irmão adotivo, King, em uma mesinha de madeira muito charmosa e decorada com flores silvestres, na varanda iluminada pelas rajadas rosadas do entardecer. Conversaram bastante, mas ela ainda não tocara no assunto importante. Mais tarde, jantaram na companhia de mais algumas pessoas que chegaram, e foram caminhar um pouco após a sobremesa maravilhosa, em que Dumbledore tinha a mais absoluta certeza que exagerara, pois estava muito gostosa.
_Ah, essa fazenda me faz lembrar da minha juventude, morei em um lugar parecido, onde tinha muito espaço para plantio e criação de animais... Meu irmão Aberforth amava bodes, como você bem sabe... ele me contava que você sempre aparecia por lá para alimentá-los. Sabe, é engraçado, ele sempre ficava impressionado com o fato de que Ariana tinha esse mesmo gosto peculiar.
_Ah, eu sempre gostei de passar por lá quando ia a Hogsmeade... Bons tempos...
_Ah... verdade... muito bom esse tempo... Cada tempo carrega suas maravilhas... e como é misterioso o tempo, poderoso... e quando interferimos, perigoso.
A ruiva sorria diante do homem de olhos pequenos e azuis, abraçados por oclinhos de meia lua.
_Sinto que quis dizer alguma coisa além do que disse, senhor...
_Ah... Passei essa impressão?
_Bom, o senhor nunca tocou no assunto, mas... é claro que o senhor se lembra de mim... Quero dizer, naquela época... Há anos atrás.
_Ah, sim, sim... Quando eu ainda era jovem e bonito.
Eles riram.
_Professor... O senhor ainda é bonito.
Ele sorriu largamente.
_Ah, Maria, se tem uma coisa que sempre admirei em você é a sua capacidade de persuasão usando uma bajulação incomumente verdadeira... Se bem que poderia dizer que também admiro muito o modo como você enxerga a beleza.
Ele se calou por um momento, olhando as estrelas que cintilavam por cima de suas cabeças. Logo percebeu uma árvore incomum e majestosa a frente deles.
_É realmente uma pena que eu não venha tanto aqui... esse lugar é fascinante!
_Não é? Bom, o senhor sabe que é sempre muito bem vindo aqui, não vem mais porque não quer...
_Ah, isso não é verdade, acho que seria falta... de tempo. Hogwarts me demanda muita atenção.
_Eu sei... - disse ela sorrindo. - Lembra dessa casa na árvore?
_Ainda tem aquela rede lá em cima? - perguntou ele, e ela entendeu imediatamente que ele queria subir.
Os dois subiram e passaram por dentro de uma casinha da árvore onde ainda tinha brinquedos.
_Era aqui que você me servia os mais variados chás de mato, se lembra? 
Ela gargalhou, é claro que se lembrava. Atravessando o interior da casinha, chegaram em uma espécie de rede enorme e firme em formato quadrado, ali era onde eles costumavam se deitar as vezes e conversar. Vezes essas bem raras pois Dumbledore era deveras muito ocupado... mas de vez em quando visitava os Volturi para comprar vinho, experimentar uma deliciosa massa, ou uma sobremesa espetacular, ter conversas mirabolantes quando via Emmet, e jogar conversa fora com Maria. Ele sempre teve um carinho muito especial por ela, e ali, na casa da árvore, onde ela sempre se trancava quando não conseguia controlar sua magia na infância, fazendo algo explodir ou coisa do tipo, ele ia até lá a pedido de seu pai, para conversarem, e só ele conseguia chegar perto, por isso seu pai sempre o chamava quando as coisas ficavam realmente fora de controle.
Estavam agora deitados na rede e olhando para o céu. Dumbledore se adiantou:
_Devo quebrar o gelo e perguntar... Não deu certo? Na sua viagem ao passado você não conseguiu encontrar as Jóias?
_Só uma... A Jóia da Alma ainda está em Hogwarts. Eu não confio em Calyssa. August acha que é implicância minha, mas... Ele não viu o que eu vi, não viveu o que eu vivi. E estou muito convencida a destruir essa jóia, ela é muito poderosa e perigosa.
_Tem que ter cuidado... Ninguém sabe o que ela poderia causar na nossa realidade ou em outras.
_Professor, nas mãos de pessoas erradas como... Thanos, garanto que ela é capaz de causar um mal muito pior.
Maria havia mandado uma coruja a Dumbledore, explicando que precisava conversar com ele, e já havia adiantado o assunto: passar um tempo em Hogwarts para recuperar a Jóia da Alma e a levar para um lugar seguro.
_Eu acho que você tem razão. Bom, e é claro que você pode entrar em Hogwarts para procurar por ela. Mas, creio que seria melhor se você tivesse um disfarce.
_Disfarce?
_De professora de Defesa contra as Artes das Trevas, por exemplo?
_O quê? Lecionar? E ainda Defesa contra as Artes das Trevas? Esse cargo é amaldiçoado!
Dumbledore soltou uma risada.
_Minha cara... Não vai me dizer que acredita em superstições?
_Não é superstição, é um fato! E não, não importa. Eu não posso ser professora. Imagina, eu não levo o menor jeito pra isso.
_Ah, eu discordo... E acho que deveria repensar, uma pessoa em Hogwarts entrando e saindo, perambulando pelos corredores sem ter nenhum vínculo com a escola despertaria muita curiosidade, e isso poderia ser arriscado pra você, não acha?
_É, eu concordo... mas eu posso ser outra coisa...
_Como o quê? - disse ele com um ar de "você não tem saída".
E recebeu um suspiro como resposta.
_Foi o que imaginei. - continuou ele - Bom, para sua felicidade, a professora Aurora Sinistra está se aposentando. Ela me disse que só sairia no ano que vem pois até lá eu teria tempo de procurar um substituto... ou substituta. Mas creio que ela ficará feliz em saber que já encontrei.
_É... Devo confessar que Astronomia me atrai bastante.
_Então está contratada!
_Se não tem outro jeito...
_Vou pontuar alguns detalhes com a Professora Sinistra e te envio uma coruja em breve. Agora, se não se importa, gostaria de tomar aquele capuccino que me prometeu, acho que deu tempo de esvaziar um pouco a barriga.
Eles riram.
_Mas é claro... - ela respondeu, com um sorriso.
E desceram.
Quase no fim da escada da casa da árvore, Dumbledore levou um tombo, despencando uns 4 degraus de madeira. Maria ficou preocupada inicialmente mas quando o viu se levantar com os oclinhos tortos e a mão na bunda, riu como uma criança, e ele, com um ar divertido, disse:
_Pelo jeito sou mais forte do que penso, hmm, acho que só quebrei um dedo e uma costela.
_Se machucou? - disse ela, agora preocupada.
_Fique tranquila, nada que me impeça de tomar um capuccino, e comer mais um pedaço de bolo, se não se importa.
Ele lhe arrancou uma risada sincera, e se dirigiram para a varanda.

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