O lobo e a raposa

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🎼Ontem
Todos os meus problemas pareciam tão distantes
Agora parece que eles vieram pra ficar
De repente
Não sou metade do homem que costumava ser
Existe uma sombra pairando sobre mim
Por que ela
Teve que ir eu não sei
Ela não me disse
Eu disse
Algo de errado e agora eu sinto falta
Do ontem

Yesterday - Beatles

Alguns poderiam dizer que 1 ano inteiro é tempo demais para duas pessoas que sentem muita atração uma pela outra não ficarem juntas. Mas as coisas eram diferentes para Snape. Talvez também fossem para Maria. Ele aprendera que não deveria se envolver profundamente com ninguém. Ela esperava exatamente o oposto: um relacionamento profundo, e não tinha pressa, sabia que alguém chegaria na hora certa. Só não imaginou que esse alguém seria ele.
A hora de voltar para Hogwarts já se aproximava e ela não mandou nenhuma carta a ele durante as férias. Achara que suas últimas atitudes foram muito frias, e começou realmente a acreditar que ele não nutria nenhum sentimento por ela além de um mero desejo. Isso realmente a deixava triste, pois apesar de ser desejada por tantos homens, nunca havia sido verdadeira amada por nenhum. Pelo menos era o que pensava. Para Maria, amor verdadeiro sempre era correspondido. Ela nunca chegou a amar ninguém... como poderia ter sido amada?

Durante suas férias, disse a August que não iria até a Macusa. Já que estava afastada por um tempo, queria continuar distante, afinal estava levando o trabalho como professa muito a sério, além de ter que procurar a jóia da alma, e isso era muito cansativo. Decidiu que nas férias realmente iria descansar.
Ficou na fazenda o tempo todo, na companhia de seu pai e seu irmão. E para sua surpresa, poucos dias antes de retornar a Hogwarts para mais um ano letivo, seu pai lhe apresentou sua nova namorada, apenas 2 anos mais velha que ela, e lhe deu uma notícia um tanto quanto inusitada:
_Sarah está grávida...
_Você vai ter um irmãozinho. - disse a mulher animada, com a mão na barriga.
Maria não soube o que dizer na hora. Seu pai não tinha sorte nenhuma no amor... Não era nem de se espantar que ele aparecesse com mais uma namorada... Mas grávida? Ele lhe deu a notícia que em breve iriam se casar, o que a deixou muito pensativa, e se sentindo ainda mais culpada por não ter contado nada a ele sobre a mãe... Quem sabe tenha sido por isso que ele nunca conseguiu seguir a vida? Agora sentia que era muito tarde para falar sobre ela.

A viagem de trem até o castelo fora tranquila e aconchegante, exceto pela presença dos dementadores, que a fizeram se encolher de medo dentro da cabine dividia com duas alunas da Sonserina e uma da corvinal. As quatro se abraçaram e se espremeram perto da janela. "Está tudo bem, está tudo bem!", repetia ela como um mantra, mais para si mesma do que para as meninas.
Quando o trem entrou em movimento novamente, as meninas saíram em direção as outras cabines para encontrar seus colegas e saber o que tinha acontecido. Mas Maria já sabia, já conhecia aquela estranha sensação de frio e tristeza... e como já havia sido informada por Dumbledore que os dementadores estariam fazendo a guarda do castelo, soube imediatamente que se tratava deles. Se surpreendeu, pois não achou que eles abordariam o trem no meio do caminho.

A chuva que caía lá fora e molhava o vidro da janela a fazia ter tantas lembranças... Sentiu muita saudade dos seus amigos, e ficou pensando como as pessoas vão deixando de ser presentes na vida umas das outras... Toda a correria de suas cansativas vidas adultas parece ser mais forte que o amor que sentem.

Quando chegaram em Hogsmeade, ela resolveu ir andando junto com a massa de alunos que iam apressados em direção às carruagens, temendo que a chuva recomeçasse. Logo as carruagens encheram, e todos só esperavam que os colegas mais enrolados também embarcassem para que partissem.
Maria não entrou, achou que era melhor ficar observando do lado de fora, pois o medo de ser encurralada por um dementador dentro da carruagem era maior que o medo de ser encurralada do lado de fora, onde na cabeça dela, poderia correr.
Ficou ali uns minutos acariciando os testrálios enquanto esperava. Lembrou que ainda tinha algumas uvas dentro da bolsa e alimentou-os.
Lupin, que andava distraído há alguns passos atrás dela, viu a jovem de cabelos ruivos e longos acariciando o ar.
Se aproximou devagar...
_Você pode vê-los... -falou suavemente - Dizem que são muito bonitos.
Ela deu um pulo para o lado ao notar a presença do bruxo.
_Desculpe... Acho que te assustei.
_Sinceramente, um pouco...
_Remo Lupin.
_Maria Skywalker Volturi.
Eles apertaram as mãos e ele continuou:
_Você é filha de Sérgio Volturi?
_Sou... e sim... respondendo sua pergunta, posso vê-los... - disse, se referindo aos testrálios.
_Ah, eu realmente sinto muito...
_Pelo que?
_Bom, você deve ter tido uma perda muito importante.
_Não, não... Não foi por causa da morte de ninguém. Quero dizer, perdi minha avó, que era muito querida para mim... Mas eu os vejo desde de muito pequena, muito antes dela morrer. Meus colegas achavam que eu era doida. Sabe... Não é preciso ver alguém morrer pra acreditar no mundo espiritual.
_Muito interessante... E de fato, verdadeiro...
Eles conversaram um pouco até que os alunos restantes embarcassem.
_Parece que só sobrou essa. Vamos? - perguntou ela.
_Claro...
_Queria chegar o quanto antes no castelo... Os meninos sempre enrolam em Hogsmeade.
Na verdade ela só estava com medo e ansiosa pela presença dos dementadores.

Os dois conversaram bastante durante o caminho.
_Olha, sem querer te desanimar nem nada, mas você sabe que o cargo é amaldiçoado, né?
Lupin riu alto, e completou:
_Não acredito que seja...
_Ninguém fica! Nunca!
_Obrigado por me animar... - riu.
_Desculpe... mas sou realista... E você parece ser legal, ainda dá tempo de desistir!
_Não se preocupe... Quem sabe eu quebre a maldição?
_Grifinório, aposto! Explicaria a insensatez heróica....
_Acertou... E você, deixa eu adivinhar... Sonserina?
Ela riu, em resposta.
_Isso explica a frieza e calculismo...
_É uma vantagem...
_Ah, não disse que não era... Mas os atos heróicos também são louváveis.
Ela apenas balançava a cabeça e ria, incapaz de concordar. Lupin reparou que ela esfregava as mãos as vezes e olhava para fora, como se procurasse por algo.
_Você parece um pouco apreensiva.
_Acha que eles estão por aqui?
_Quem?
_Os dementadores.
_Ah, acho que podem estar, mas não aqui, na estrada. Com certeza estão mais acima.
_Eu não sei. Está notando que está ficando mais frio?
_Não se preocupe, eles não virão aqui. E se vierem, damos um jeito neles.
_É claro... Você sabe conjurar um patrono, né? Eu não quero ter que te salvar... - brincou.
_Claro que sei, não se preocupe. - disse ele, rindo.
_E os alunos? Estão sozinhos nas carruagens.
_Não há dementadores aqui, fique tranquila.
E continuaram com a conversa até chegarem aos grandes portões do castelo, onde havia dois dementadores, um de cada lado.
_Olha, estão ali! Eu sabia!
_Fique calma, Maria, eles não irão fazer nada. Não podem atacar ninguém nessas circunstâncias, com certeza receberam ordens para tal.
_E desde quando eles respeitam ordens? Só querem se alimentar.
Ela se encolheu no banco da carruagem e quase prendeu a respiração quando passaram pelos dementadores. Respirou aliviada quando já estavam entrando nos limites do castelo. Logo estaria aconchegada em sua cadeira no salão principal, tomando leite com caramelo e comendo bolo de abóbora.

Quando Snape viu que os dois chegaram juntos e pareciam conversar de uma forma muito íntima, seus instintos já começaram a responder negativamente. Estavam muito próximos para pessoas que acabaram de se conhecer. É claro que ele não admitiria nem para si mesmo, mas estava com ciúme, o que fez com que começasse a agir como um babaca.
Começou a ignorá-la deliberadamente, o que a fazia se sentir muito mal.
Lupin, por outro lado, era sempre prestativo, gentil e amável.
Ela se sentia bem na presença dele, e iam se tornando bons amigos.
Na cerimônia de abertura de ano letivo, ela já pode perceber a notável antipatia que Snape nutria por Lupin, o que ela não entendia, pois ele era uma pessoa extremamente amável.

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