PERCEPÇÃO

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NÃO REVISADO

DIEGO

- Se não respondi, obviamente, é porque não queria falar com você. - Falei em um tom ríspido e o encarei com seriedade.

Erick arqueou uma sobrancelha e franziu os olhos levemente. Nossas íris ficaram conectadas por instantes, havia uma pequena guerra de quem iria ceder primeiro e claro que não seria eu.

Ele suspirou pesadamente e negou com a cabeça.

- Nós precisamos falar...

- Não, nós não precisamos. - Falei o interrompendo ao mesmo tempo que negava bruscamente com a cabeça. - Pelo menos, não agora. - Completei.

Afinal, era óbvio que precisávamos conversar sobre o que aconteceu no Sábado passado, mas estava, para mim, cedo demais. Minha mente não havia, sequer, assimilado o ocorrido ainda e falar com Erick sobre aquilo hoje e aqui não daria certo. É um assunto delicado para ser tratado em meio a tantas outras pessoas.

- Então quando? - Perguntou pondo sua mão em meu antebraço o que fez puxa-lo do seu toque imediatamente.

- Eu não sei, tá legal? Mas, com certeza, não será aqui e agora. - Falei determinado, nos olhamos mais uma vez e pude ver seus olhos transmitirem um misto de ansiedade e confusão.

Por fim, Erick suspirou mais uma vez e assentiu levemente contrariado.

- Tudo bem, no seu tempo Diego.

O que? Espera, ele aceitou assim numa boa? Sem nem resistir? Isso é totalmente novo.

Franzi o cenho levemente com sua aceitação rápida. Sabemos que Erick consegue ser bem teimoso e mandão quando quer.

Mas aquela atitude me surpreendeu e muito.

No instante seguinte, o professor entrou na sala cumprimentando á todos. Com isso, viramos para enfrentarmos, um ao lado do outro, mais um dia de aula.

Ao decorrer do dia, Erick, surpreendentemente, ficou quieto ao meu lado. Acredito que desde que ele mudou de classe este foi o único dia que ficou tão quieto e calado. Não vou negar que gostei disso, ele realmente está respeitando o meu pedido e estar me dando um espaço. Isso foi estranho, mesmo.

No intervalo, só precisei pisar o pé fora da sala para sentir um puxão no meu braço, olhei assustado para Nathy e a mesma só disse:

- Me conte tudo o que está guardado com você, a curiosidade estar me matando.

Ela foi me puxando em direção a cantina, seu tom de voz estava carregado de curiosidade, como a mesma disse, minha amiga parecia até levemente sedenta para saber o que eu tinha para lhe dizer.

- Quando estivermos sentados. - Falei, minha amiga bufou ao meu lado, me olhou com desgosto e estalou a língua no céu da boa muito inconformada.

- Seu bastardinho de merda. - Reclamou irritada o que me fez rir levemente. - Vamos logo então. - Completou e logo estávamos quase correndo pelos corredores do Atlas.

Entramos na fila para pegarmos nossos almoços e minha amiga acelerava a todos os que estavam a nossa frente.

- Vamos, não é tão difícil escolher entre sanduíche natural e o não natural Júlia. - Reclamou Nathy mais uma vez, Júlia olhou torto para ela e neguei com a cabeça.

- Por isso que dizem que, a curiosidade matou o gato. - Murmurei somente para minha amiga ouvir e a mesma resmungou em pouco caso.

- Falando em gato, tem alguém que não tira os olhos de você. - Disse ela apontando com o queixo descaradamente em direção á mesa do time de futebol.

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