capítulo 8

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Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Quando abri a porta do banheiro, vi um lobo enorme deitado no chão. 

— Meu Deus! O lobo comeu a Kara! — exclamei, nervosa, enquanto dava alguns passos para trás. 

*Lena, deixa de ser burra! O lobo É a Kara*, Rosa disse na minha mente. 

— Você está me dizendo que ela... se transformou?! — perguntei, observando o lobo imóvel. — Mas isso não é possível. Só lobos lúpus podem se transformar em suas formas lupinas! — argumentei, tentando entender. 

Então a verdade caiu sobre mim como um raio. 

— Ah, meu grande Alfa! A Kara é uma alfa lúpus! — exclamei, atônita. 

Nesse momento, o lobo se mexeu, e meu coração acelerou. 

— Rosa, o que eu faço? Ele se mexeu, ele vai acordar! — disse, quase em pânico. 

*Simples, mantenha a calma, só isso*, Rosa respondeu antes de desaparecer da minha mente. 

— Certo, calma, Lena. É a sua Kara ainda — disse para mim mesma, tentando respirar fundo. 

O lobo começou a se levantar. Quando ficou completamente em pé, percebi que ele era quase do meu tamanho. 

"Mas que grande lobo....", pensei, sentindo o nervosismo aumentar. 

O lobo virou-se para mim, e eu pude ver seus olhos azuis, tão cristalinos quanto água. 

"Eles são como os da Kara", pensei, enquanto ele se aproximava, me encarando fixamente. 

~Sou eu, Lena. Por favor, não se assuste~, ouvi a voz de Kara ecoar na minha mente. 

— Como...? — perguntei, sem entender. 

~Não sei dizer bem. Bernardo e eu não estávamos nos falando muito, mas também não estávamos brigando~, Kara respondeu. Ela se sentou no chão, o que me permitiu ver toda a sua imponência. 

— Que fofa... — acabei deixando escapar, sem pensar. 

~Lenaaaa... Isso vai ser tão humilhante...~ Kara disse, abaixando a cabeça e soltando pequenos sons que pareciam um choro. 

— Totalmente um cachorrinho chorando! — comentei, rindo, enquanto estendia a mão para tocar no rosto dela. 

Passei a mão em seus pelos e me surpreendi. 

— Seus pelos são tão macios... — murmurei, acariciando-a. Kara ronronou, e eu não contive a risada. 

— Você está ronronando? Que fofaaaa! 

~Lena, sei que pode parecer estranho, mas definitivamente reconheço você como minha companheira~, Kara disse na minha mente, encarando-me. 

— Eu já sentia isso... — admiti. 

~Talvez minha família venha me buscar. Podem tentar me levar embora...~ Kara disse, com um tom triste. 

— Por que fariam isso? Eu sou a princesa herdeira daqui, Kara! Se eu ordenar, ninguém poderá sequer tocar em você! — falei, indignada, só de imaginar essa possibilidade. 

~Minha família é muito rigorosa quanto à transformação. Nossa forma lupina é diferente dos outros lúpus, até mesmo mais que a família real...~ Kara disse, olhando para o chão. 

— Isso seria impossível, Kara. Minha família é uma das mais antigas entre os lúpus. Sua transformação ainda não faz sentido — argumentei, observando-a desviar o olhar. 

~Lena, você nunca perguntou meu nome completo~, Kara disse, de costas para mim. 

— Como assim? Seu nome é Kara Danvers. Mesmo que eu ainda não saiba a qual família você pertence... — respondi, aproximando-me. 

~Meu nome completo é Kara Danvers Zor-El. Sou a herdeira da casa de El~, Kara revelou, virando-se para mim. 

— Impossível, Kara... A família El... Ela desapareceu... — disse, tentando processar o que tinha acabado de ouvir. 

A verdade começou a tomar forma em minha mente. 

— Você é uma lúpus pura! — exclamei, surpresa. 

~Sim, minha lobita. Sou uma alfa lúpus pura~, Kara confirmou, aproximando-se de mim. 

~Você sabe por que um lúpus puro desbloqueia sua transformação?~ ela perguntou, encarando-me. 

— Bom, as histórias dizem que um lúpus puro só desbloqueia sua forma lupina em situações de extremo perigo, entre a vida e a morte — expliquei. Kara riu baixinho. 

~Histórias... Na verdade, um alfa lúpus puro só se transforma para proteger o que é mais importante para ele. No meu caso, minha alma gêmea. Minha ômega~, Kara disse, olhando-me profundamente. 

— Então... eu sou sua ômega? — perguntei, sentindo um calor percorrer meu corpo. 

~O que você acha?~ Kara perguntou, aproximando-se ainda mais. 

— Humm... Não sei se você vai conseguir lidar comigo como sua ômega — brinquei, provocando-a. 

Ela me olhou intensamente. 

~Espero que esteja brincando, lobita. Meu lobo já reconheceu você como nossa ômega~, Kara disse, abaixando a cabeça. 

— Minha loba também reconheceu seu lobo como nosso alfa — admiti, acariciando seu rosto. 

~Não quero me separar de você~, Kara disse, soltando sons que lembravam um choro. 

— Eu também não quero — respondi, puxando-a para um abraço. 

~Lena, vá para o quarto e não saia até que eu diga que está tudo limpo~, Kara disse, em tom sério, enquanto se afastava de mim e assumia uma postura de ataque em frente à porta. 

— Tem alguém aqui? — perguntei, e ouvi batidas fortes na porta. 

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