Capítulo 9

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Emilly

Passear pelos campos do inferno com Henri se tornara uma rotina que eu aguardava ansiosamente. Ele me mostrava os lugares mais belos, quase como se quisesse provar que o inferno não era apenas escuridão e dor. Hoje, no entanto, algo estava diferente. Havia uma tensão no ar que eu não conseguia ignorar.

Henri —Você está mais tranquila hoje— ele sorriu, segurando minha mão enquanto caminhávamos —É bom ver isso.

—Você me faz sentir segura, Henri. É difícil explicar, mas é como se eu pudesse finalmente respirar.

Paramos perto de uma árvore solitária no meio do campo. Henri se virou para mim, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.

Henri —Eu também sinto isso, Emilly. Desde que você chegou, algo mudou em mim. Eu...— ele hesitou, procurando as palavras certas —Eu me importo com você de uma forma que nunca senti por ninguém.

Meu coração disparou. Antes que pudesse responder, Henri se inclinou e me beijou. Foi um beijo suave, mas cheio de emoções. Senti-me derreter em seus braços, esquecendo por um momento onde estávamos e todos os perigos que nos cercavam.

O som de um galho quebrando nos fez separar bruscamente. Olhei ao redor e vi uma figura familiar nos observando de longe. Belial. Seus olhos estavam cheios de algo que eu não conseguia identificar, mas que me deixava desconfortável.

Henri —Belial, o que você está fazendo aqui?— a voz de Henri era dura, cheia de desconfiança

—Apenas apreciando a vista. Parece que as coisas estão ficando interessantes.

Henri —Isso não é da sua conta.

—Relaxe, irmão. Só estou observando. Não se preocupe, não vou atrapalhar sua... diversão— ele se virou e começou a se afastar, mas não antes de lançar um último olhar em minha direção.

Esse olhar me fez sentir uma mistura de medo e curiosidade. O que Belial realmente queria?

Belial

A visão de Henri beijando Emilly era quase insuportável. Não era apenas ciúmes; era algo mais profundo, um desejo de provar que eu poderia ter o que ele tinha. Ou talvez fosse apenas a necessidade de ver meu irmão sofrer.

Eles realmente acham que podem ter um final feliz. Pobres tolos.

Enquanto caminhava de volta para o castelo, um plano começou a se formar em minha mente. Se Henri pensava que podia ter algo especial, eu estava determinado a mostrar a ele o quão errado ele estava. E Emilly... ela era a chave para isso.

Mais tarde, naquela noite, fui até a ala médica onde ela estava hospedada. Sabia que Henri estaria ocupado e que ela estaria sozinha.

—Boa noite, anjo— disse, entrando no quarto sem ser convidado.

Ela se levantou rapidamente, a cautela evidente em seus olhos dourados.

—Belial. O que você está fazendo aqui?

—Só queria conversar. Não precisa ficar tão tensa— sentei-me em uma cadeira perto da cama dela, tentando parecer o mais casual possível —Quero saber mais sobre você, sobre o que você sente.

Ela hesitou, mas eventualmente se sentou de volta na cama, embora ainda mantivesse uma distância segura.

—Eu não sei o que você quer de mim, Belial.

—Quero entender. Entender o que você vê em Henri que é tão especial. Quero saber por que você acha que ele pode te proteger, quando na verdade, ele é tão vulnerável quanto você.

Ela parecia confusa, mas também intrigada.

—Henri... ele é diferente. Ele me faz sentir segura, me faz acreditar que há esperança, mesmo aqui.

Revirei os olhos, embora uma parte de mim estivesse curiosa para saber mais.

—Segura?— deixei escapar um riso sarcástico —Você realmente acha que Henri pode te proteger? Você está no inferno, Emilly. Aqui, segurança é uma ilusão.

Ela olhou para baixo, e por um momento, senti que tinha conseguido quebrar algo dentro dela. Mas então, ela levantou a cabeça, seus olhos dourados brilhando com determinação.

—Eu acredito em Henri. E acredito que ele pode me proteger. Não importa o que você diga, isso não vai mudar.

Essa resposta só serviu para me irritar ainda mais, mas também para fortalecer minha determinação. Saí do quarto com um último olhar de desafio.

Isso está longe de acabar.

Emilly

No dia seguinte, Henri me levou para outro passeio, mas desta vez, a tensão era palpável. Eu sabia que Belial estava observando, mesmo que não pudesse vê-lo.

Henri —Você está bem? Parece preocupada.

—Belial veio falar comigo ontem à noite— admiti, sabendo que a verdade era a melhor forma de lidar com isso

Henri parou, seu rosto se contorcendo em raiva contida.

Henri —O que ele disse?.

—Ele tentou me fazer duvidar de você, de nós. Mas não conseguiu.

Henri respirou fundo, tentando se acalmar.

Henri —Não deixe que ele te manipule, Emilly. Belial sempre tenta destruir o que não pode ter.

Segurei sua mão, tentando transmitir a ele a segurança que ele sempre me dava.

—Eu não vou, Henri. Prometo.

Nos beijamos novamente, e por um momento, tudo estava bem. Mas no fundo, eu sabia que a batalha entre os irmãos estava apenas começando, e que eu estava bem no meio dela.

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