**Emilly:**
Os dias na cabana passaram lentamente, mas a solidão começou a ceder lugar à determinação. O isolamento era difícil, mas eu estava aprendendo a me adaptar. Sempre que o sol se punha, sentia uma mistura de alívio e medo. O alívio de não ser encontrada e o medo de estar completamente sozinha.
Uma noite, enquanto organizava minhas coisas, ouvi passos do lado de fora. Meu coração disparou, e peguei uma faca pequena que usava para cortar frutas. A porta se abriu lentamente, e a figura alta e familiar de Henri surgiu na entrada.
— Henri! — suspirei, aliviada. — O que você está fazendo aqui?
— Eu precisava te ver — respondeu ele, seus olhos castanhos brilhando à luz fraca das velas. — Precisamos conversar.
Sentamos lado a lado, e ele contou sobre suas novas sessões de treinamento com os pilares do inferno. Ele estava mudando, ficando mais forte, mas também mais distante. Havia um novo brilho de dureza em seus olhos, algo que me preocupava profundamente.
— Henri, você não precisa mudar por minha causa — disse, colocando minha mão sobre a dele. — Eu gosto de você do jeito que é, eu comecei a gostar de você por ver o quão bom é.
Henri balançou a cabeça lentamente. — Não é tão simples, Emilly. Preciso ser mais forte para te proteger, para encontrar uma maneira de acabar com essa maldição, e caso não consiga acabar com ela, ter força o suficiente para vencer Belial.
Eu podia ver o peso de suas responsabilidades em seus ombros, e meu coração se apertou de dor. Sem pensar duas vezes, me inclinei e o abracei. Sentir seu corpo próximo ao meu me deu uma sensação de segurança e conforto que eu tanto precisava.
**Henri:**
Os momentos que passei com Emilly na cabana eram o único alívio para a dor e a raiva que cresciam dentro de mim. As sessões de treinamento estavam me transformando, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Mas estar com Emilly me lembrava do que eu estava lutando para a proteger e para ter uma motivação para continuar vivo, pois antes sempre pensei que Belial tinha mais motivos que eu para querer ser o vencedor dessa maldição.
Minha mãe pôde realmente me preferir, eu não sei se é realmente isso, mas não é completamente coisa da cabeça do Belial.
Quando nós dois nascemos Mia me escolheu e nosso pai escolheu Belial, e eu sei que no fundo, Dagon quer que Belial saia vivo caso lutemos até a morte, e minha mãe me prefere, mas eles nunca vão admitir isso, nem para si mesmos.
Numa das noites, após um dia exaustivo de treino, encontrei Emilly mais abatida do que de costume. Conversamos por horas, sobre tudo e nada. Ela falou sobre seus medos, suas inseguranças, e eu compartilhei minhas frustrações e esperanças.
A conversa foi ficando mais íntima, e de repente nos encontramos mais próximos do que nunca. Seus olhos brilharam com uma mistura de desejo e incerteza, e eu a puxei para mais perto.
—Eu te amo, Emilly — murmurei, beijando sua testa. —Nunca duvide disso.
Ela não disse nada, apenas se entregou ao momento. Nossas roupas caíram ao chão, e nossos corpos se uniram numa dança de paixão e amor. Eu senti uma conexão tão profunda que parecia quebrar todas as barreiras entre nós.
**Belial:**
Eu sabia que algo estava acontecendo entre Henri e Emilly, mas não conseguia descobrir exatamente o quê. Minha curiosidade e ciúmes me levaram a usar uma sombra para observá-los. Eu precisava entender o que estava acontecendo entre eles.
Ao ouvir a conversa deles, senti uma pontada de dor e inveja. Henri estava se tornando cada vez mais distante de todos, e Emilly era a razão. Eu não suportava a ideia de que ele tivesse algo que eu queria. Quando ouvi Emilly falar sobre a noite que passaram juntos, a raiva borbulhou dentro de mim.
Emilly—Henri... aquela noite foi... foi tão especial. Nunca pensei que pudesse sentir algo assim.
Henri respondeu, sua voz cheia de ternura: — Eu também, Emilly. E farei qualquer coisa para te proteger, para ficarmos juntos.
Minha mente girava com pensamentos de traição e ressentimento. Henri tinha tirado algo precioso de Emilly, algo que eu nunca teria. E essa realização só aumentava minha determinação de fazê-lo sofrer.
Era para eu ter sido seu primeiro homem, para Henri sentir que novamente perdeu para mim.
**Scarlett:**
Enquanto Henri estava fora, vi a dor e a transformação nele cada vez que voltava. Decidi que era hora de intervir. Não podia deixar meu irmão mais novo se destruir por causa de uma maldição e de um amor proibido.
Scarlett —Henri, precisamos conversar — disse, encontrando-o nos corredores do castelo.
Ele parou e olhou para mim, seus olhos cansados e sombrios. —O que foi, Scarlett? Estou cansado, nosso pai está cada vez mais colocando trabalhos para eu não ter tempo de "procurar" Emilly.
Scarlett —Eu sei. Não vou te julgar, mas precisamos ser cuidadosos. Pai já está desconfiado, e Belial está planejando algo. Preciso que confie em mim, vamos achar uma maneira de resolver isso juntos.
Henri assentiu lentamente. — Eu confio em você, Scarlett. Mas estou perdendo a paciência. Não sei quanto tempo mais posso continuar assim.
**Dagon:**
Eu sabia que Henri estava desobedecendo minhas ordens, mas decidi não agir imediatamente. Mia e eu discutimos sobre o que fazer, e ela me convenceu a observar antes de tomar qualquer decisão. Queria entender os verdadeiros motivos de Henri e até onde ele iria por esse amor.
Eu não consigo entender, o que ele sente por Emilly é tão importante assim para fazer ele se distânciar de mim e de sua família, ainda mais mudar?
Eu deveria ter tirado a alma de Henri e Belial quando nasceram para não precisarem sentir, mas a pirralha da Mia não deixou, agora tenho que lidar com esse tipo de situação.
Sinto que Belial está aprontando alguma coisa também. Eu queria muito ter herdeiros, mas não imaginava que teria tanta dor de cabeça na vida.
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A Maldição dos Gêmeos
FantasyDois irmãos gêmeos tem uma maldição misteriosa que os faz querer sempre matar um ao outro. Desde o nascimento dos dois que a rivalidade e ódio permanece entre eles, luta e conflitos são recorrentes, até uma mulher chegar em suas vidas, mas sua pre...