Capítulo 7

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**Cenário:**

Sala de jantar do castelo. Uma mesa grande está preparada para um jantar formal. Os demônios e Emilly estão sentados ao redor da mesa. Henri está sentado perto de Emilly, enquanto Belial está no outro lado, observando tudo com atenção.

**Belial**

Sentado no extremo da mesa, observei Emilly com atenção disfarçada. Seu desconforto era quase palpável, especialmente sob o olhar frio de Dagon. Um anjo no inferno... quem diria que algo tão ridículo se tornaria realidade?

Dagon —Então, você é a arcanja que meu filho trouxe. Não vejo por que deveria confiar em um ser como você aqui no nosso lar— Sua voz era dura, como aço.

Emilly —Eu... eu entendo sua desconfiança— respondeu ela, tentando manter a calma —mas não tenho más intenções. Só quero me recuperar e encontrar um jeito de voltar.

Pff, claro que quer. Mas sua presença aqui só vai complicar tudo.

Henri —pai, Emilly está sob minha proteção. Ela foi atacada e só estou tentando ajudar.

Sempre o defensor dos fracos e oprimidos, não é, Henri? Como se isso fosse resolver alguma coisa.

Dagon —sua proteção? Não seja ingênuo, Henri. Uma arcanja no nosso território é uma ameaça. Ela pode estar aqui espionando.

Emilly —eu não sou uma ameaça! Eu só... — Sua voz falhou, visivelmente abalada.

Claro, jogue a carta da inocente. Isso sempre funciona.

Mia —Dagon, por favor. — Sua voz era suave, mas firme. —vamos dar uma chance a ela. Por Henri.

Ah, mãe. Sempre tentando apaziguar tudo. Mas desta vez, acho que nem você vai conseguir.

Durante o jantar, observei cada movimento de Emilly, cada palavra trocada. Henri parecia completamente envolvido, tentando tranquilizá-la a cada instante. Mas havia algo em sua postura que me incomodava. O jeito como ele a olhava, a proximidade... Não pude evitar sentir uma pontada de irritação.

Parece que o queridinho Henri encontrou alguém para proteger e admirar. E eu? Sempre deixado de lado, sempre na sombra.

Após o jantar, decidi que era hora de uma pequena conversa. Aproximei-me de Emilly quando ela estava sozinha no jardim, claramente buscando um momento de paz.

Belial —vejo que você causou uma boa impressão no nosso querido pai. — disse com um tom sarcástico.

Emilly —eu... eu não queria causar problemas— respondeu ela, visivelmente nervosa.

Belial —Ah, claro. Você só quer recuperar suas asas e voltar para o seu paraíso, não é?— Aproximei-me mais, percebendo seu desconforto. —mas você está no inferno agora. As coisas funcionam diferente aqui.

Emilly —Eu sei. E estou grata pela ajuda de Henri— Ela levantou o olhar para mim, com uma mistura de medo e determinação.

Belial —Henri, sempre o herói— Repliquei, meu tom suavizando um pouco. —mas não pense que todos aqui vão ser tão... compreensivos quanto ele.

Observei enquanto ela processava minhas palavras. Havia algo nela, além da aparência angelical, que despertava meu interesse. Talvez fosse a fragilidade, ou talvez fosse simplesmente o fato de que ela era algo que Henri desejava. E qualquer coisa que Henri quisesse, eu tinha que questionar.

**Cenário:**

Emilly está no quarto que lhe foi designado, olhando pela janela. Há um ar de melancolia e insegurança.

---

**Emilly**

A conversa com Belial me deixou inquieta. Ele era tão diferente de Henri. Onde Henri era protetor e gentil, Belial era provocador e desconfiado. E agora, com Dagon claramente desconfiado de mim, eu me sentia ainda mais deslocada.

Será que cometi um erro ao vir para cá? Será que Henri realmente pode me proteger de todos os perigos deste lugar?

Minha mente estava em turbilhão. Os demônios, as ameaças veladas, a hostilidade... e, no meio de tudo isso, a bondade inesperada de Henri. Mas agora, com o pai dele me odiando e Belial sempre me observando com aquele olhar penetrante, eu não sabia mais em quem confiar.

**Cenário:**

No dia seguinte, jardim do castelo. Henri e Emilly estão sentados em um banco, cercados por flores e árvores.

Henri —sei que a recepção não foi das melhores ontem. Meu pai é... complicado quando se trata de anjos.

Emilly —eu entendo— Respondi, tentando esconder meu nervosismo. —só não quero causar mais problemas.

Henri —Você não está causando problemas, Emilly— disse ele, sua voz firme. —mas quero que saiba que minha família é... complexa. Belial e eu, temos uma história complicada, não quero que se preocupe ou se assuste caso veja brigas.

Observei enquanto ele falava. Havia uma tristeza em seus olhos que eu não tinha notado antes.

Henri —Belial sempre achou que eu roubo a atenção, que sou o favorito. Mas isso não é verdade. Nós dois temos nossos próprios demônios, literalmente e figurativamente— Ele riu amargamente. —nossa maldição nos faz odiar um ao outro. E agora, com você aqui, temo que as coisas possam piorar.

Emilly —Eu... não sabia. — Minha voz saiu como um sussurro. —não quero ser um fardo. Talvez eu deva partir quando me recuperar.

Henri —não— Ele segurou minha mão, seu toque quente e reconfortante. —você não é um fardo, Emilly. Quero que você fique. Talvez... talvez possamos ajudar um ao outro a superar nossos medos e inseguranças.

O olhar dele era sincero, e pela primeira vez em muito tempo, senti uma centelha de esperança. Talvez, apenas talvez, eu pudesse encontrar um lugar aqui, mesmo que temporariamente. E talvez, Henri pudesse ser a chave para essa nova vida.

**Cenário:**

Mais tarde, o jardim do castelo. Belial está escondido na parte de cima, observando Emilly e Henri conversarem.

**Belial**

De meu esconderijo, observei a troca entre Henri e Emilly. Suas palavras, seus gestos, tudo indicava uma crescente intimidade. E aquilo me irritava profundamente. Não só porque Henri estava se aproximando dela, mas porque Emilly parecia confiar nele cegamente.

Oh, que adorável. Henri, o protetor, o cavaleiro em armadura brilhante. Será que ela percebe o quão frágil é essa fachada?

Ouvir Henri abrir seu coração para ela, falar sobre nossa maldição e nosso ódio mútuo, só fez minha raiva crescer. Ele a estava envolvendo na nossa tragédia familiar, usando a desgraça como uma forma de ganhar a confiança dela.

Claro, vamos contar a pobre arcanja todos os nossos segredos mais sombrios. Isso certamente não causará mais problemas.

E então, as palavras de Emilly me pegaram de surpresa. Ela se sentia um fardo, queria partir. Hah, se ao menos fosse tão simples. Mas Henri, claro, tinha que ser o herói, garantindo que ela ficasse, que eles superassem seus medos juntos. Patético.

Não vou deixar isso assim, Henri. Você pode ter a atenção dela agora, mas não vai durar. Essa arcanja vai perceber quem realmente deve temer aqui. E eu farei questão de mostrar isso a ela.

Eu estou gostando bastante de escrever o Belial, pois de alguma forma ele tem uma personalidade cativante, apesar de extremamente insuportável.

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