Belial
O peso da informação que recebi da médica me consumia. O fato de Henri ter causado tanto sofrimento a Emilly era insuportável. Precisava confrontá-lo, fazê-lo entender a extensão de seus erros. Caminhei em direção ao quarto onde Henri estava, minha raiva crescendo a cada passo.
Encontrei-o sentado ao lado de Emilly, segurando sua mão. A visão me enfureceu ainda mais.
"Henri," chamei, minha voz carregada de ódio.
Ele olhou para mim, confuso. "O que você quer, Belial?"
"Eu sei o que você fez," rosnei, avançando. "Você fez Emilly sofrer um aborto com aquela maldita pílula. Agora, ela pode nunca mais engravidar por sua causa!"
Henri levantou-se rapidamente, a culpa e a raiva misturadas em seu rosto. "Eu não sabia! Eu nunca quis machucar Emilly!"
"Não sabia?" gritei, meu punho cerrando. "Você sempre foi o favorito, o perfeito. Mas agora, você a destruiu! Ela pode nunca mais realizar seus sonhos!"
"Eu já me sinto culpado o suficiente," respondeu Henri, os olhos cheios de lágrimas. "Não precisa esfregar isso na minha cara."
"Isso não é sobre você, Henri! É sobre ela! Você arruinou a vida dela!" avancei, empurrando-o contra a parede.
Henri empurrou-me de volta, e a tensão finalmente explodiu em violência. Golpes foram trocados, cada um de nós alimentado por anos de ressentimento.
"Você nunca me respeitou," gritei, tentando acertar um soco.
"E você sempre foi um problema," retrucou Henri, desviando e me acertando um golpe no rosto.
A luta se intensificou, e no meio do caos, ouvi a voz fraca de Emilly.
"Por favor, parem!" ela chorou, sua figura pálida e trêmula se aproximando. Ela estava visivelmente mal, mas mesmo assim tentou nos separar, deixando um rastro de sangue pelo chão.
Minha raiva cegou-me. Peguei minha faca e, em um movimento rápido, a cravei na barriga de Henri. Ele gritou de dor, arrancando a faca e tentando me cortar o pescoço. Consegui desviar, mas ele cortou profundamente meu peitoral.
Nesse momento, Dagon e Mia entraram na sala, paralisados pela cena sangrenta. Mia não conseguiu conter sua raiva ao ver Emilly no meio de tudo aquilo.
"Isso é culpa sua!" gritou Mia, avançando e dando um tapa em Emilly. "Você é uma desgraça para todos nós! Saia de nossas vidas para sempre!"
Emilly, chorando e visivelmente abalada, engoliu sua dor e correu dali, acreditando nas palavras cruéis de Mia.
Dagon, ainda em choque, ordenou que Henri e eu fôssemos levados para a ala médica imediatamente. Fomos colocados em alas separadas, o corte profundo perto do meu pescoço e a ferida na barriga de Henri precisando de cuidados urgentes.
Enquanto era tratado, a culpa e a raiva me consumiam. Sabia que as coisas nunca mais seriam as mesmas. Henri e eu tínhamos cruzado um limite, e Emilly estava mais ferida do que nunca. O rancor entre nós só aumentaria, e a presença de Emilly em nossas vidas havia se tornado uma ferida aberta, impossível de ignorar.
*****
Henri
Acordei com uma dor lancinante na barriga e uma sensação de vazio no peito. Minha visão estava turva, e a última lembrança clara que tinha era a faca de Belial cravada em mim. Olhei ao redor, tentando focar, mas a preocupação com Emilly dominava meus pensamentos.
"Emilly," chamei, minha voz fraca. "Onde está Emilly?"
Uma enfermeira ao meu lado tentou me acalmar. "Senhor, você precisa descansar. Está muito ferido."
"Não, preciso saber onde ela está," insisti, minha voz ganhando força. "Por favor, me diga onde Emilly está."
A porta do quarto se abriu e Mia entrou, seu rosto tenso. Ela veio até mim, começando a limpar meus curativos. "Mãe," chamei, minha voz urgente. "Onde está Emilly?"
Mia fez uma expressão de irritação e levantou a voz. "Henri, esqueça essa garota de uma vez por todas!"
"Eu não posso," respondi, a culpa corroendo meu interior. "Depois do que eu fiz a ela..."
Mia bufou, interrompendo-me. "Você não precisa se sentir devoto a ela só porque se deitou com ela. Desde que ela chegou, só causou desgraça em nossas vidas."
"Ela não fez nada de errado," retruquei, minha voz trêmula. "Eu a trouxe aqui porque ela teve uma hemorragia por minha culpa."
Mia parou, a confusão evidente em seu rosto. "Hemorragia? O que exatamente aconteceu com ela?"
Expliquei, a culpa pesando cada palavra. "Eu dei a ela uma pílula do dia seguinte, sem saber que ela já estava grávida. Ela teve um aborto por causa disso. E agora, talvez nunca possa engravidar novamente. Belial surtou quando soube disso."
O choque e a culpa tomaram conta de Mia instantaneamente. Ela percebeu que o sangue no chão provavelmente era de Emilly e não dos filhos. "Meu Deus... o que eu fiz..."
Tentei me levantar, a preocupação com Emilly tomando conta de mim. "Se você não sabe onde ela está, então ninguém sabe. Preciso achá-la antes que ela morra por causa da hemorragia."
Mia colocou a mão em meu ombro, tentando me impedir. "Henri, você não pode se levantar. Seus pontos vão abrir. Eu vou procurar Emilly. Fique onde está e descanse. Prometo que vou encontrá-la."
Olhei para ela, desesperado. "Por favor, mãe. Encontre-a antes que seja tarde demais."
Mia saiu do quarto, deixando-me sozinho com minha culpa e desespero. A culpa me consumia, mas eu sabia que precisava confiar que minha mãe encontraria Emilly. Enquanto esperava, cada segundo parecia uma eternidade, e a única coisa que eu podia fazer era rezar para que ela estivesse bem.
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A Maldição dos Gêmeos
FantasyDois irmãos gêmeos tem uma maldição misteriosa que os faz querer sempre matar um ao outro. Desde o nascimento dos dois que a rivalidade e ódio permanece entre eles, luta e conflitos são recorrentes, até uma mulher chegar em suas vidas, mas sua pre...