Capítulo 29

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Henri

Eu a carreguei o mais rápido que pude até a ala médica, minhas mãos tremendo com o peso da preocupação. O sangue continuava a manchar sua saia, cada gota um golpe no meu coração. Quando chegamos, as enfermeiras rapidamente a levaram para dentro. Eu sabia que precisava falar com meu pai, mesmo sabendo que ele não aprovaria a presença de Emilly aqui.

Caminhei apressadamente até a sala do meu pai. Bati na porta e, sem esperar resposta, entrei. Dagon estava sentado em sua mesa, seus olhos fixos em mim com uma severidade que me fez hesitar por um momento.

"Pai, eu trouxe Emilly para cá," comecei, tentando manter a calma. "Ela está muito mal, sangrando e com muita dor."

Dagon levantou uma sobrancelha, seu tom sério e ignorante. "E o que exatamente ela tem?"

"Eu... eu não sei ainda," respondi, quase implorando. "Mas ela está sofrendo muito. Por favor, deixe-a ficar até melhorar."

Dagon me observou por um momento, seu olhar penetrante. Então, com um suspiro, ele assentiu lentamente. "Ela pode ficar. Mas não se esqueça, Henri, ela não pertence a este lugar."

Agradeci silenciosamente e me apressei de volta para a ala médica. Ao me aproximar do quarto de Emilly, parei na porta. Vi Belial lá dentro, sentado ao lado dela, segurando sua mão e tentando distraí-la da dor. Meu sangue ferveu de raiva, o ódio crescendo dentro de mim.

Entrei na sala e mandei Belial sair com um tom autoritário. "Belial, saia."

Ele fechou o punho, claramente irritado, mas ao olhar para Emilly, respirou fundo e saiu, sem querer piorar a situação.

"Eu só estava tentando ajudar," murmurou ao passar por mim.

"Eu sei," respondi, tentando manter a calma. "Mas eu cuido dela agora."

Passei algum tempo com Emilly, tentando acalmá-la e confortá-la, até que a médica chamou meu nome. Levantei-me relutantemente e a segui para fora do quarto.

"Henri, preciso fazer algumas perguntas," disse ela, com um tom sério. "Emilly tomou algum tipo de remédio recentemente?"

Fiquei confuso, mas respondi. "Eu... eu dei a ela uma pílula do dia seguinte, para não correr o risco de engravidar."

A médica franziu a testa e continuou. "Vocês tiveram relações semanas antes disso?"

Lembrei-me da primeira noite que passamos juntos e confirmei. "Sim, tivemos."

A expressão da médica ficou estranha e ela parecia apreensiva ao falar. "Henri, arcanjos são muito sensíveis a medicamentos, especialmente os produzidos no inferno. A pílula que você deu a ela teve um efeito contrário. Ela já estava grávida, e isso causou um aborto."

Meu mundo desabou. Fiquei pálido e não sabia o que dizer. A culpa começou a me corroer de dentro para fora.

"Ela vai melhorar?" perguntei, desesperado.

A médica assentiu lentamente. "Sim, mas pelo forte sangramento, ela pode ter dificuldades em futuras gestações."

Um baque enorme me atingiu. Quando a médica saiu, coloquei a mão na cabeça, tentando processar tudo. Como eu poderia contar isso a Emilly? Como explicar que, em uma tentativa de protegê-la, acabei causando tanto sofrimento?

Sentei-me no chão do corredor, a cabeça entre as mãos, sentindo o peso da culpa esmagar meu coração. Precisava encontrar uma maneira de contar a ela, mas não sabia como. Tudo que queria era proteger Emilly, mas agora, a dor que ela estava sentindo era minha culpa.

Belial

A notícia de que Emilly estava gravemente ferida me atingiu como uma marreta. Não pude ignorar a ansiedade que me corroía por dentro, então decidi confrontar a médica. Cheguei até ela, minha expressão séria e ameaçadora.

"Você vai me contar o que está acontecendo com Emilly. Agora," exigi, minha voz baixa e perigosa.

Ela hesitou, seus olhos arregalados de medo. "Eu... eu não posso..."

"Não pode ou não quer? Eu sugiro que repense sua resposta," falei, aproximando-me ameaçadoramente.

Com medo, a médica cedeu. "Emilly estava grávida, mas a pílula que Henri deu a ela causou um aborto. Ela está sangrando muito, e há uma chance de que ela tenha dificuldades para engravidar novamente."

Minha visão escureceu com a raiva. Meu irmão, em sua tentativa de proteger Emilly, havia causado uma dor indescritível. Ele destruiu seus sonhos de ter uma família, e tudo por causa de sua imprudência.

Eu me dirigi à ala médica onde Emilly estava. Ao entrar, vi sua expressão de dor, e meu coração se apertou. Ela virou a cabeça ao me ver entrar.

"Belial," disse ela, sua voz fraca. "Sabe o que eu tenho?"

"Sim, eu sei," respondi, tentando controlar minha raiva.

"Henri foi pegar água e a médica não fala comigo. O que está acontecendo?" perguntou ela, sua voz trêmula.

Pensei por um momento, ponderando se deveria contar a verdade. "Emilly, você quer saber agora ou prefere esperar que Henri te conte?"

Ela deu um sorriso forçado, lutando contra a dor. "Eu... vou esperar que Henri me explique. Não quero saber por outra pessoa."

Cerrei os dentes ao ouvir isso. Meu irmão, sempre o herói dela.

"Henri não te merece," soltei, incapaz de esconder minha frustração. "Ele fez você passar por toda essa dor."

Ela me olhou, confusa. Antes que ela pudesse perguntar mais, virei as costas e saí, deixando-a sozinha.

Minha raiva queimava intensamente. Henri, com suas ações impensadas, havia prejudicado a mulher que eu também estava começando a me importar mais do que gostaria de admitir. As coisas entre nós dois estavam prestes a piorar muito, e eu sabia que não poderia mais conter meu ressentimento.

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