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- Eu sobrevivi...

- Até aqui. - a multidão continua.

- Tenho história pra contar...

- Eu vivi.

- Dá uma olhada no pescoço, tem o brilho VVS. Sigo tranquilo, eu nunca tô no stress.

Apesar de tudo, a vida tinha que continuar. Teto quis pausar a agenda de shows pra ficar mais por perto e eu achei uma loucura, não preciso nem falar que Matheus quase surtou. O jeito foi eu viajar com eles.

Apesar de toda a turbulência recente, naquele momento, Teto parecia estar em seu elemento, esquecendo-se das preocupações e simplesmente vivendo o agora.

Depois do último beat, o público explodiu em aplausos e gritos de entusiasmo. Sávio agradeceu, sorrindo e acenando para a multidão antes de sair do palco. A adrenalina ainda corria em suas veias quando ele se dirigiu ao camarim.

Eu estava lá, esperando, sentada em uma poltrona no canto, observando-o enquanto ele entrava. Ele parecia exausto, mas havia um brilho em seus olhos que mostrava o quanto ele tinha gostado da performance.

- E aí, como foi? - perguntei, sorrindo para ele.

Jogou-se em um sofá próximo, respirando fundo.

- Foi incrível, como sempre. Mas hoje foi diferente, sabe? - ele respondeu, olhando para mim.

Eu sabia exatamente do que ele estava falando. A tensão dos últimos dias, a necessidade de estar perto, a sensação de que tudo estava mudando... tudo isso estava pesando sobre nós.

- Eu percebi. Você estava em outra vibe hoje. - comentei, tentando aliviar o clima.

Ele riu, balançando a cabeça.

- É, acho que sim. Precisei me perder um pouco na música para esquecer de tudo. - ele disse, olhando para mim com uma expressão séria. - Mas agora que o show acabou, precisamos conversar. - assenti, sabendo que esse momento era inevitável.

- Eu sei. - respondi, me aproximando do sofá onde ele estava. - Como você está se sentindo? - suspirou, passando a mão pelo cabelo.

- Confuso. Preocupado. Cansado. - ele disse, sua voz carregada de emoções.

Eu me sentei ao seu lado, colocando a mão no seu ombro.

- Não importa o que aconteça, estamos aqui para nos apoiar. - disse, tentando transmitir confiança.

- Eu sei. E agradeço por isso. Mas precisamos ser estratégicos. Caio não vai parar, e Marcela... bem, ainda não sei o quanto podemos confiar nela. - eu disse, com um tom de preocupação.

- Bem, eu diria que Marcela e 'confiança' não cabem na mesma situação.

- Não podemos dar margem para erros agora. - ele concordou, suspirando pesadamente.

O silêncio caiu entre nós por um momento, ambos imersos em nossos pensamentos. Era difícil não pensar em tudo que estava em jogo, as pressões constantes e a necessidade de tomar decisões rápidas e certeiras.

- Então, qual é o plano? - perguntei, tentando focar no próximo passo.

Teto esfregou o rosto com as mãos, como se tentasse organizar suas ideias.

- Primeiramente não deixar transparecer nada, pra ninguém. - seu tom era firme. - ele fez uma pausa, olhando para mim com um sorriso cansado. - Mas antes de qualquer coisa, preciso de um banho. - ele disse, se levantando do sofá. - Quer ir pro hotel? Ou vai com Clara?

Pode não parecer, mas eu não dormir sequer uma única noite com Sávio. Hesitei por um momento por me preocupar com o que o resto do pessoal iria achar disso, principalmente meu irmão.

Morfina • Teto • 30PRAUMOnde histórias criam vida. Descubra agora