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P.O.V - Teto

Caminhei até o estacionamento do parque, com os pensamentos ainda acelerados, tentando processar tudo o que acontecera nas últimas horas. O clima estava ameno, o vento leve acariciando meu rosto, mas, por dentro, eu me sentia em um turbilhão. Minha mente estava um caos, cheia de confusão, raiva e uma sensação incômoda que parecia não desaparecer. Os últimos acontecimentos me deixaram inquieto e, mais do que tudo, eu sabia que precisava de um tempo sozinho para organizar meus pensamentos e tomar uma decisão sobre tudo o que estava acontecendo.

Cheguei até o meu carro e destravei as portas com o controle remoto. A sensação de entrar no veículo e fechar a porta atrás de mim foi como um pequeno alívio, um instante de isolamento que eu tanto precisava. Respirei fundo, tentando aliviar a tensão. Coloquei a chave na ignição, mas não acelerei de imediato. Fiquei ali por alguns minutos, sentindo a necessidade de me acalmar antes de seguir. O som do motor ligando e o barulho da porta se fechando atrás de mim foram como um sinal de que eu tinha um pouco de controle sobre a situação, mas, na verdade, eu ainda estava perdido em minhas próprias emoções.

Olhei para o parque, observando ao longe, como se procurasse algum sinal, uma resposta, talvez. Queria ver se Samantha e Lucas ainda estavam por ali, mas não os avistei. Decidi que era hora de seguir em frente, voltar para casa e refletir. Não queria mais me envolver em nada que fosse imprevisível. As coisas estavam muito complicadas, e eu não sabia em quem podia confiar. A estrada até meu apartamento não era longa, mas eu precisava daquele tempo sozinho, apenas dirigindo, tentando entender o que havia acontecido e como tudo isso poderia afetar minha vida daqui para frente.

Ao chegar em casa, o caminho até o prédio foi um misto de alívio e apreensão. Entrei no apartamento, e uma onda de cansaço me atingiu. Estava exausto, mas minha mente não parava. Precisava processar, entender a extensão de tudo o que havia acontecido e, principalmente, de como isso poderia afetar as pessoas ao meu redor. Caio estava em minha mente, claro. Suas ações estavam por trás de boa parte do que estava acontecendo, e eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teríamos que resolver isso de alguma forma.

Antes que eu pudesse me acomodar no sofá e tentar relaxar, a campainha tocou. Fui até a porta sem saber o que esperar, mas, ao abrir, me deparei com uma figura que eu preferia não ver naquele momento. A surpresa foi grande, a última coisa que eu esperava era vê-la ali, depois de tudo o que havia acontecido.

- O que você tá fazendo aqui? Não tinha vazado do país? - perguntei, tentando manter a calma, mas a surpresa e o desconforto eram claros na minha voz.

Ela respirou fundo, hesitando por um momento, mas seus olhos estavam decididos. Marcela parecia ter uma urgência em sua expressão, como se tivesse algo importante a dizer. Ela cruzou os braços, encarando-me com um olhar fixo, direto, quase desafiador.

- Precisamos conversar, Teto. - disse ela, sem rodeios.

Eu a olhei com desconfiança, a raiva começando a surgir. Eu sabia o que ela havia feito, sabia o quanto suas ações haviam prejudicado as pessoas que eu me importava. Não era o momento de conversar, mas, ao mesmo tempo, havia algo em sua postura que me dizia que ela não estava ali para mais manipulações.

- Não estou interessado em ouvir suas desculpas. - respondi, com um tom ríspido, tentando manter minha distância emocional.

Ela deu um passo para trás, mas não recuou completamente. Seus olhos estavam sérios, e ela parecia pronta para enfrentar a situação de cabeça erguida, sem se esconder da responsabilidade.

- Eu sei que fui longe demais. Mas você precisa entender que Caio me manipulou. Ele me usou! Eu não percebi até que fosse tarde demais. Eu sinto muito por tudo isso. - ela disse, sua voz mais baixa, quase implorando por compreensão, enquanto me encarava diretamente nos olhos.

Morfina • Teto • 30PRAUMOnde histórias criam vida. Descubra agora