- Oi meu amor! - Clara me abraçou. - Sinto sua falta demais.
Clara e eu moramos um tempo juntas em Berlim. Nos conhecemos na faculdade e decidimos morar juntas pra dividir um apartamento.
- É mas você me trocou por esse cara aí, não vejo sinceridade. - olhei pro Matheus.
- Fala SamANTHA. - fiz cara de choro pra Clara.
- Deixa a criança. - ela me abraçou e olhou o smartwatch em seu pulso - Vamos pro carro, Clériton tá mandando mensagem.
- Clériton? - olhei pra eles.
- Tá sem internet no buraco onde cê mora? É nosso Teto. - Matheus me corrigiu. - Vocês até que se parecem, insuportáveis.
- Então não vou gostar dele. - eles riram e fomos andando até o veículo.
- Ele tá há 2 anos com a gente já, amiga. - Clara menciona.
- Eu acho que ocupei tanto minha cabeça com o serviço que passou abatido. Meu Spotify não deve nem ter retrospectiva. - riram.
Pelo caminho pude perceber pessoas olhando, algumas paravam Matheus para uma foto e outros gravavam vídeos de longe. Não sei como Clara está tão acostumada, de qualquer ângulo me sinto horrorosa. Eu nem ia sair de casa.
Meu celular vibra e pego o aparelho para ver a notificação.
Número desconhecido: você tá em Fortaleza?
Meu coração dispara, abro a conversa e vejo a foto de perfil. Caio Nogueira.
Caio foi meu namorado há 1 ano, ficamos 2 anos juntos e não foi nada legal. Demorei pra sair desse relacionamento, as cicatrizes queimam até hoje.
Chega a segunda e terceira notificação.
Número desconhecido: precisamos conversar, amor
Número desconhecido: vou estar em fortaleza amanhã pra um show, vamos sair pra jantar
- Sam, esse é o nosso Teto. - só percebi que estava dentro do carro quando Clara me chama. Pelo jeito ela percebeu minha cara. - Que foi?
- Nada. - bloqueio o celular. Me viro para o cara sentado do outro lado do banco do veículo. - Oi. - sorrio amarelo.
- E aí? - sorri e olha para minha mão. - Tu tá bem? - eu estava tremendo, mas só consegui perceber quando o celular caiu da minha mão para o banco.
- Estou, deve ser fome.
- Eu tô varado, hein. Onde vamos? - Matheus se pronuncia.
- Mc? - Clara sugere.
- Sim, por favor! - comemoro.
Meu celular vibra novamente, então pego ele do banco e olho para a tela.
Número desconhecido: espero que não esteja me ignorando, amor
Sinto uma bacada e o celular acidentalmente cai no pé do menino ao meu lado. Provavelmente Matheus tinha passado em algum buraco ou alguma lombada sem ver. Dei risada quando Clara xingou ele de tudo que era nome em alemão.
- Ih rapaz, foi mal. - Matheus diz rindo.
- Ta carregando porco, fi? - Teto brinca e pega meu celular.
Por instantes ele passa o olho pela tela do celular e me entrega. A reação dele foi franzir o cenho e olhar pra baixo. Não sei ao certo o que ele quis transmitir com aquilo, não conheço ele. Pelo menos não ainda.
Matheus entrou com o carro no drive thru do Mc, e ainda bem que estava vazio.
- Olá, posso anotar seu pedido? - a moça do perguntou.
