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Enquanto estávamos na sala de espera, o Dr. Torres, o médico responsável pelo cuidado de Samantha, se aproxima com um olhar gentil.

- Algum de vocês planeja ficar aqui durante a noite? - ele pergunta, sua voz carregada de compaixão.

Eu olho para Clara, Matheus e Wiu, vendo a exaustão e preocupação estampadas em seus rostos. Sabendo que Samantha precisa de alguém ao seu lado durante esse momento crítico, tomo a decisão sem hesitação.

- Eu vou ficar - digo com determinação, encontrando o olhar do médico. - Eu preciso ficar aqui com ela. - Dr. Torres assente, parecendo compreender a seriedade da minha decisão.

- Muito bem. Se precisarem de algo, não hesitem em chamar. Estaremos monitorando Samantha de perto durante toda a noite - ele diz antes de se retirar da sala, deixando-me sozinho com Samantha.

- Já é meia noite, preciso ir buscar o Lucas na minha mãe. - Clara diz e Matuê assente.

- Vou ficar mais um pouco, meus tios estão vindo. - fala e vai até a máquina de refrigerante pra pegar algo.

- Teto, amanhã cedo a gente volta. - Matheus diz e eu concordo com a cabeça. - Fica com minha chave, se precisar buscar algo ou fazer algum coisa. Só cuidado. - pego o objeto de sua mão e agradeço.

- Tchau, Teto. - Clara me abraça e vai.

Enquanto me acomodo na sala de espera ao lado de Samantha, Wiu se aproxima de mim, seu semblante carregado de preocupação e tristeza.

- Teto, eu sei que isso está sendo difícil, mas você precisa saber o quanto Samantha está feliz ao seu lado - ele diz, sua voz suave e reconfortante.

Eu me viro para ele, agradecendo silenciosamente por suas palavras de encorajamento. É reconfortante ouvir que, mesmo em meio à tragédia, havia felicidade em nosso relacionamento.

Antes que eu possa responder, os tios de Samantha chegam à sala de espera, seus rostos tensos e preocupados. Eles parecem exaustos, mas determinados a apoiar a sobrinha em sua luta pela vida.

- Como ela está? - Cynthia pergunta, sua voz trêmula com a preocupação.

- O médico disse que a cirurgia foi arriscada e agora ela está em coma para ver se apresenta melhoras. - Wiu diz para a tia.

Eu permaneço sentado, sentindo-me um pouco distante da conversa, perdido em meus próprios pensamentos e preocupações.

- Quem é você? - Renato pergunta, sua voz carregada de desconfiança e preocupação. - Foi sua ex que fez isso com a Samantha? - eu me levanto, sentindo-me desconfortável com a abordagem.

- Meu nome é Clériton, sou o namorado da Samantha. - respondo, tentando manter minha compostura diante da acusação implícita.

- "Clé" o que?! - ele arqueia uma sobrancelha.

Cynthia intervém rapidamente, percebendo a tensão que se instala na sala.

- Renato, não é hora para isso. - ela diz com firmeza, lançando um olhar repreensivo ao marido.

Ele parece recuar diante da repreensão de Cynthia, seu semblante suavizando um pouco.

- Vini, você entra comigo? Seu tio não quer ver ela agora. - Vinicius concorda e entra com ela.

Enquanto Vinicius e Wiu entram para ver Samantha, Renato se aproxima de mim, sua expressão mais suave agora, como se o peso da preocupação o deixasse mais vulnerável.

- Desculpe pela pergunta antes. É que estamos todos tão nervosos com tudo isso... - ele começa, sua voz carregada de sinceridade.

Eu o encaro por um momento, vendo a angústia em seus olhos, e decido dar-lhe o benefício da dúvida.

- Eu entendo. - respondo com gentileza, tentando dissipar qualquer ressentimento.

Renato assente, parecendo grato por minha compreensão.

- Você realmente se importa com ela? - ele pergunta, sua voz carregada de admiração.

- Sim, eu... eu amo ela demais... - ele parece satisfeito com minha resposta, seu rosto se suavizando ainda mais.

- Sabe... os pais de Samantha morreram em um acidente de carro quando ela ainda era muito jovem. Foi um golpe muito duro para todos nós. - ele começa, sua voz carregada de emoção. - Cynthia e eu assumimos a responsabilidade de criá-la, como se fosse nossa própria filha. Ela passou por muita coisa, mas sempre foi uma lutadora. Uma verdadeira guerreira. - Renato continua, orgulho transparecendo em suas palavras. - E agora ver ela lutando por sua própria vida... é difícil demais, cara. - seus olhos enchem de água.

Eu balanço a cabeça em concordância, incapaz de imaginar a dor e o sofrimento que Samantha e sua família passaram ao longo dos anos.

- Vocês a criaram bem, Samantha é uma pessoa incrível. - respondo sinceramente.

- Teto, né? - assinto. - Eu poderia facilmente falar pra você se afastar dela, saiba disso... E ela sabe com quem se envolve, certamente. Porém Wiu nos disse outro dia que ela estava diferente depois que te conheceu. Disse que estava feliz pra Cynthia... - ele sorri.

- Eu me importo muito com ela, Froi... Renato. Foi mal. - respondo e ele ri, colocando a mão em meu ombro em um ato de conciliação.

Após um período dentro do quarto de Samantha, Cynthia emerge, visivelmente cansada, mas com uma expressão de determinação em seu rosto. Ela me nota na sala de espera e se aproxima com um leve sorriso.

- Clériton, desculpe não te cumprimentar antes. Isso é realmente difícil... - sua voz suave carregada de gratidão e apreço.

Eu retorno o cumprimento com um sorriso gentil, reconhecendo.

- Você vai ficar? - Wiu pergunta e eu assinto.

- Certeza? Eu posso ficar... - Cynthia se oferece.

- Se ela acordar e Teto não estiver aqui, vai ser difícil para ela. Ela vai ficar doida. - encaro Wiu por um momento, absorvendo suas palavras com seriedade antes de responder.

- Se fosse eu ali, sei que ela ia brigar para ficar ao meu lado. Eu também não consigo ficar longe dela agora.

Vinicius se aproxima de mim e me abraça.

- Mano, estamos indo agora. Mas amanhã cedo a gente vem. Você vai ficar bem aqui sozinho?

- Sim, não se preocupem. Vou cuidar dela.

Os tios de Samantha se aproximam, expressando sua gratidão.

- Obrigado por ficar aqui, Teto. - diz Cynthia, com um sorriso cansado, mas reconfortante.

- É o mínimo que posso fazer. - respondo sinceramente.

- Estamos confiando em você. Não hesite em nos chamar se precisar de alguma coisa. - Renato diz colocando uma mão em meu ombro.

Enquanto os vejo sair pela porta, uma mistura de solidão e determinação se instala em mim, sabendo que estou fazendo o que é certo ao ficar ao lado de Sam durante este momento crítico.

Entro no quarto onde ela repousa em silêncio, cercada pelos equipamentos médicos que monitoram sua condição. A luz suave da sala deixa seu rosto pálido ainda mais evidente, mas mesmo em seu estado inconsciente, sua presença exala uma aura de força e serenidade.

Com cuidado, puxo uma cadeira próxima à cama e me sento ao seu lado, segurando sua mão suavemente entre as minhas. Observo sua respiração tranquila e constante, enquanto minha mente se enche de lembranças dos momentos felizes que compartilhamos juntos.

- Samantha... - murmuro, mais para mim mesmo do que para ela. - Tô aqui com você, meu amor... Eu não vou sair daqui.

E enquanto a noite avança, minha determinação de estar ao seu lado permanece inabalável, alimentada pelo amor que sinto por ela.

Morfina • Teto • 30PRAUMOnde histórias criam vida. Descubra agora