Assim que acabou a aula fomos para a casa do Renan, eu estava gostando muito dessas novas sensações que esse namoro estava trazendo pra mim. Era algo leve, simples, sutil, mas que muitas vezes se mostrava algo mais intenso, sem controle, totalmente arrebatador.
Almoçamos tranquilamente e bagunçamos muito na cozinha, os momentos com o Renan não precisavam ser aqueles grandes acontecimentos ou com coisas ensaiadas, mas os momentos que aconteciam naturalmente e eram simples faziam meu coração se alegrar e minha alma se aquecer.
Quando terminamos subimos e decidimos que iríamos jogar vídeo game, o jogo de luta me deixou meio assustada com o nível de violência e com todo aquele sangue, mas logo me soltei e descobri que dentro de mim tinha uma alma guerreira, fui ganhando incessantemente do Renan que a cada partida bufava e apertava descontroladamente todos os botões do controle achando que assim ele poderia vencer.
Eu confesso que aquele jogo era realmente novo pra mim e que aquelas vitórias todas se resumiam à minha sorte de principiante e eu me divertia muito ao ver as expressões do Renan e a forma como ele tentava me vencer, eu queria muito rir do jeito que ele levava todo aquele jogo a sério, mas segurei e fiz cara de gamer profissional para não deixar que minha cara me entregasse.
E mais uma vez ele era derrotado, só que agora ele simplesmente largou o controle e foi se deitar, ele devia estar com muita raiva porque nem pra deitar virado pra mim ele deitou. Eu não sabia o que fazer porque eu nunca o tinha visto dessa maneira antes, então fiz o que achei que era melhor. O convidei para jogar mais uma partida, mas a sua raiva foi perceptível e fez com que eu me entristecesse um pouco.
Mas logo em seguida o protótipo de ogro parece que se arrependeu e me fez deitar junto com ele, sentia que ele estava se acalmando comigo em seus braços e eu queria ser sempre seu calmante.
- Me desculpe amor – ele me disse soltando o ar pesadamente de seus pulmões, parecia que ele dificuldade em pedir desculpas também – É que eu não sei lidar com perdas.
- Tudo bem Rê, mas como assim não sabe lidar com perdas? – perguntei muito curiosa, será que ele agora se abriria comigo? Será que aquela aura de mistério se dissiparia para sempre? Eu queria ser digna de sua confiança.
- Nada demais – ele sorriu desviando totalmente da pergunta e eu fiquei um pouco decepcionada – Vou lá embaixo pegar suco pra gente ok?
- Ok, mas volta logo – o beijei e ele saiu do quarto.
Fiquei deitada pensando no que poderia ser aquela frase solta dele e senti a necessidade de ir no banheiro, tomei suco demais no almoço. Usei o banheiro e fui lavar minhas mãos na pia, observei atentamente tudo, ele não era desorganizado, todos os compartimentos preenchidos com os objetos que realmente precisavam estar lá.
Mas algo me chamou atenção, a porta que tinha embaixo, abri e só vi algumas toalhas, mas a minha curiosidade falou mais alto e eu as puxei, mas uma caixa caiu no chão espalhando vários remédios e fazendo um som muito alto.
Quando dei por mim o Renan já tinha voltado e me olhava assustado, meu coração parecia que ia sair pela boca.
- De... De... Desculpa, eu não queria que... que... isso acontecesse – disse exasperada recolhendo tudo até que encontrei os frasquinhos de calmante. Senti um gosto amargo subir pela minha boca, porque diabos ele usava isso? Ainda mais em doses cavalares.
O olhei na porta, sem reação, guardei tudo e apenas deixei um frasco para perguntar, ele me deixou sozinha e deitou na cama, ele não podia mais fugir de mim. Fiquei em pé na cama e sentia um calor dentro de mim, eu precisava de respostas.
- O que é isso Renan? – soltei alto.
- Calmantes – Deus, sério que ele vai começar a falar assim? Vou ter que matá-lo; Odiava ironias quando o assunto era sério.
- Me conta uma novidade! – olhei séria para ele que já se levantava e sentava na cama – Porque usa isso, ainda mais nessas doses altas?
- Eu não quero falar disso – ele respondeu rudemente se levantando.
- Eu preciso de respostas não posso ficar no escuro pra sempre – soltei
- Ah é? E eu posso? Porque você nunca me chama pra ir à sua casa, porque você não tira essa blusa até nos dias quentes? E aquele seu gato que te arranhou, você nunca falou dele! Vamos Sayuri me diz – ele disse se aproximando e puxando minha blusa de frio, estourando os botões e arrancando pelos braços sem dó.
Foi aí que tudo desandou completamente e senti um nó na garganta. O que eu faria agora?
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A Menina do Tênis Florido
RomanceSayuri chega a uma nova escola, seus pais mudam sempre e ela nunca consegue manter suas amizades. Alvo de brincadeirinhas de mal gosto e piadinhas sem fundamento ela entra em estado de tristeza profunda se fechando para todos. Renan um garoto difere...