Capítulo 5 - Seiji

206 29 1
                                    

NOTA DA AUTORA: Olá pessoal, sei que demorei um pouquinho pra soltar o capítulo, mas as coisas não andam muito boas e a criatividade quase não vem. Pra completar estou com uma dor de cabeça insuportável. Hoje vocês vão conhecer um pouco do Seiji, o pai da Sayuri. Espero que gostem do capítulo e obrigada por tudo ♥


__________________________________________________________________



Desde que vim para o Brasil tive que lidar com um monte de gente incompetente e resolver milhões de problemas. Tenho me sentido cansado, estressado e ainda minha mulher e filha não colaboram.


Estou pegando um transito insuportável, ouvindo diversas buzinas e pensando no trabalho de amanhã. Chego em casa e passo pela sala e entro na cozinha, encontro minha mulher limpando a cozinha.

- Oi Seiji – ela disse sem animo


- Oi – disse seco – E a Sayuri aonde ta?


- Não chegou.


- Como assim não chegou? Aonde ela está? – perguntei e senti meu corpo se esquentar.


- Eu não sei Seiji que droga! – esbravejou – Deixe a menina viver um pouco.


- Como ousa falar desse jeito comigo? – ela se encolheu no canto da cozinha – Ela deve estar por aí agindo como uma vagabunda e você a defende? Vou esperar ela chegar e depois eu converso com você!

Saí furioso, fui até o quarto e tomei um banho bem quente, queria que esse estresse saísse de meu corpo. Sayuri e minha esposa passaram de todos os limites, com toda certeza uma estava aprontando e a outra estava encobrindo tudo.


Mas isso não iria mais acontecer, nada passa despercebido aos meus olhos e elas vão pagar por terem tentado me fazer de bobo. Coloquei uma bermuda e uma camiseta qualquer e ouvi a porta sendo aberta.

- Mãe, cheguei – Sayuri disse com o pouco de fôlego que ainda tinha. Desci as escadas aplaudindo.


- Ora, ora o que temos aqui? – ela me olhou com os olhos arregalados e minha esposa esboçava a mesma fisionomia – Estava fazendo o que a essa hora na rua?


- Eu... Eu... Estava com minhas amigas – ela estava bem mais nervosa do que esperava.


- E desde quando você consegue fazer amizades em tão pouco tempo Sayuri Yamamoto – esbravejei e ela sabia que eu estava em meu limite – Com certeza foi se encontrar com algum cara que mal conhece! Aonde já se viu isso?


- Pai, não é isso... Por favor – ela dizia e sua voz falhava.


- É isso sim, eu a conheço, não minta! – passei as mãos pelos meus cabelos com uma imensa vontade de arrancá-los, pois até eles estavam me deixando uma pilha de nervos – Suba para seu quarto e me espere lá. E você – apontei para minha esposa – Faça o mesmo!

Depois de dizer isso fui para meu quarto pegar o cinturão que usava e podia ouvir, mesmo que baixinho o choro das duas. Sayuri logo foi para o quarto e quando entrei já estava preparada para seu castigo.


Surrei suas costas até sentir meus braços doerem, estava com raiva por ela ter mentido, por ela estar agindo como uma qualquer por aí e por me dar desgosto a cada dia que passa. Ela chorava e segurava forte no carpete que tinha no chão, o sangue pingava manchando o tecido branco.


A deixei ali e fui para o meu quarto, percebi que Sayuri não berrava e nem chorava como uma criança, ela apenas ficava choramingando baixinho, talvez sua força estava ali, em meio ao sofrimento.

Balancei minha cabeça dispersando esse pensamento e segui, encontrei minha esposa sentada na cama me encarando.


- Porque não fez o que eu disse? – disse ríspido.


- Porque eu não quero e não mereço, muito menos a Sayuri – ela gritava e

gesticulava com as mãos – Não merecemos ser tratadas assim, entendo que você foi criado dessa maneira, que isso é uma tradição e todo esse blábláblá. Mas isso só pode ser feito quando realmente algo errado acontece e quando você tem provas. Mas me diga Seiji, você tem como provar que eu te traio? Tem como provar que Sayuri é uma vagabunda? Tem como provar que nós duas fazemos tudo nas suas costas?


Fiquei pensando no que ela dizia e senti a raiva crescendo, como ela ousava falar dessa maneira comigo? Eu era o marido, autoridade e ela me devia submissão. Porém o que ela dizia fazia sentido.


- Não, não tenho! – disse e joguei as mãos pro alto.


- E sabe por que não tem como provar Seiji? – ela dizia e seus olhos encheram-se de lagrimas – Porque não fazemos nada daquilo que nos acusa, não temos uma vida que não englobe você, não temos liberdade, não temos nem o porquê de te enganar, mas você só pensa na tradição e esqueceu-se completamente da sua família. Onde está aquele Seiji por quem me apaixonei? – e ali ela desabou, senti uma pontada de tristeza em meu peito, mas a raiva permanecia.


- Fique quieta e faça o que eu mandei – disse e ela consentiu.


- Saiba que um dia eu irei me cansar e será tarde demais – ela esbravejou antes que eu a surrasse, fiz o mesmo que fiz com Sayuri, apenas parei quando meu braço estava completamente dormente. Ao contrario de Sayuri, ela não derramou uma lagrima sequer e suas palavras martelavam em minha cabeça sem parar.

O que será que ela quis dizer? 

A Menina do Tênis FloridoOnde histórias criam vida. Descubra agora