Capítulo 18 - Renan

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Ver a situação da Sayuri fez com que meu coração se afundasse e fez com que eu amadurecesse. Virei um homem da noite pro dia, já que a imagem de homem que ela tinha na casa dela não era exemplo nenhum.

Viver ao lado de Sayuri fez com que eu crescesse e amadurecesse, nunca pensei que eu fosse ter coragem de enfrentar aquele homem terrivelmente cruel e que eu pudesse proteger e tomar todas as decisões enquanto ela ainda não tinha ação nenhuma. A levei para minha casa, ela precisava de descanso e eu queria que ela percebesse que eu estava ali, para tudo o que ela precisasse.

Ela adormeceu e eu fiquei olhando ela em meus braços, era muito bom sentir ela sendo minha, seu corpo pequeno e era bom me sentir seu super herói. Quando tinha Sayuri por perto eu dormia sem problemas nenhum, acho que ela é meu calmante mais eficaz.

Na manhã seguinte acordo bem mais disposto e vou fazer o café para ela que ainda dorme agarrada ao meu travesseiro, peguei meu celular e fotografei esse momento, ela estava tão linda, tão natural, tão menina, mas ao mesmo tempo tão mulher.

Minha mãe já estava acordada fazendo o café da manhã e parecia bem disposta, por termos chegado tarde ela não sabia que Sayuri estava comigo.

- Bom dia meu filho – ela sorriu enquanto colocava o pão na torradeira.

- Bom dia mãe, preciso falar com você. – disse me sentando na cadeira perto da bancada.

- Diga – ela disse olhando para mim.

- A Sayuri passou a noite aqui porque o pai dela se descontrolou e bateu muito nela e na mãe. No caso ela teve sorte, já a mãe está internada no hospital inconsciente. Ela não pode voltar pra casa, eu não posso deixar, porque ele vai matá-la mãe. Eu não entendo porque ele é assim, Sayuri disse que tem uma tradição em que as mulheres devem ser submissas e devem apanhar quando fazem algo errado ou são desonra para o homem, mas no caso a desonra é ele, ele traiu a mãe da Sayuri, ele espanca as duas sem motivo nenhum e eu me impus ontem lá no hospital. – minha mãe me olhava espantada.

- Como assim?

- Eu disse a ele que eu iria denunciá-lo se ele tocasse mais alguma vez na Sayuri ou na mãe dela, mas agora a Sayuri teme por mim mãe. Eu quero ajudá-las, quero ampará-las, mas eu não sei o que vou fazer.

- É uma situação complicada, e pelo jeito esse homem é um doente e não está brincando. Vocês devem tomar muito cuidado com isso e devem conversar juntos quando a mãe dela se recuperar. No que eu puder ajudar vocês, eu ajudo! – ela disse e eu sorri – Faço por você tudo aquilo que puder meu amor.

- Obrigado mãe – a abracei – Vou chamar a Say pro café tudo bem?

- Claro meu filho – ela disse terminando de arrumara a mesa e eu saí da cozinha.

Senti aliviado por poder contar o que estava passando pra ela, estava agradecendo aos céus por toda essa mudança dela comigo. Fui até o quarto e Sayuri continuava na mesma posição, sentei na cama e comecei a acariciar seu rosto.

- Amor, bom dia. Acorda, o café está pronto – eu disse baixinho enquanto ela resmungava um pouco – Vamos princesa.

- Bom dia Rê – ela disse coçando os olhos e eu me aproximei para beijá-la, mas ela virou – Estou com bafo – ela disse rindo baixinho e eu a acompanhei.

- Eu não ligo – disse e a beijei – Como se sente hoje? – ela se sentou na cama e me olhou fixamente.

- Eu estou um pouco melhor, mas preocupada com o que pode acontecer. Falando nisso que horas são?

- Quase dez horas – disse e ela pulou da cama – O que foi?

- Ai meu Deus eu preciso ver minha mãe – ela corria de um lado pro outro que nem uma barata tonta.

- Calma – a segurei pelos braços – Vai tomar um banho, se arruma com calma que eu vou te esperar aqui para irmos tomar café.

- Tudo bem – ela sorriu e eu dei mais um beijo nela.

Enquanto ela tomava banho fiquei traçando alguns planos para quando a mãe dela saísse do hospital. Eu tinha isso em meu coração, eu acreditava que tudo daria certo e a esperança nunca morreu dentro de mim.

Ela logo saiu com a mesma roupa que tinha usado no dia anterior, ela não podia voltar para casa por causa do pai, mas também não poderia ficar usando a mesma roupa para sempre. Descemos e ela sentou-se à mesa, ficou corada porque nunca tinha estado realmente cara a cara com a minha mãe.

- Bom dia – ela disse baixinho.

- Bom dia Sayuri, é um prazer tê-la aqui junto conosco. – minha mãe disse.

- Muito obrigada – ela sorriu e comeu bem pouco, o nervoso e o medo provavelmente estava afetando o seu apetite, mas eu não iria falar nada, eu tinha que entender isso.

Assim que terminamos o café nos despedimos da minha mãe e fomos até o hospital, o doutor disse que a mãe dela já estava acordada e que eles ainda estavam administrando alguns remédios para dor e que logo fariam novos exames para saber como as coisas estavam. Foi um grande alivio para nós dois.

- Ai graças a Deus está tudo bem – ela disse sorrindo.

- Eu sabia que ia dar tudo certo – sorri de volta.

- Obrigada – ela disse envolvendo meu pescoço com seus braços – Obrigada por tudo meu amor, eu te amo – e ali, no meio do corredor do hospital eu a beijei ternamente, seria sempre assim. Ela por mim e eu por ela.

A Menina do Tênis FloridoOnde histórias criam vida. Descubra agora