Capítulo 111

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Severus, entretanto, não falou nada. Eventualmente, Harry decidiu continuar, afinal.

—Eu pensei... não pude acreditar nem por um momento. Então eu não pude acreditar que não sabia. — Ele admitiu. — Passei as últimas horas andando em círculos, tentando descobrir quando e como perdi isso. Tentando descobrir o que há de errado comigo por não saber. E eu realmente não queria que você soubesse.

— Quer que eu soubesse? — Severus perguntou, sua voz apenas um grasnado.

— Isso... que tipo de idiota eu sou. Deus, eu... você pensou que eu estava infeliz com isso? Que eu me incomodava com seus sentimentos — disse Harry com amargura. Essa talvez tenha sido a pior parte - além de ter machucado o outro homem, é claro - o fato de Severus achar que ele não estava feliz com aquilo.

— Naturalmente. Quem não ficaria chateado com a ideia de...

— Pare. — Harry retrucou. — Eu. Eu não ficaria. Não estou apenas feliz, Deus, estou... estou em êxtase. Eu mesmo pensei nisso algumas vezes. Sobre dizer isso, mas eu... eu queria ter certeza absoluta, sem qualquer dúvida. Você... não mereceria nada menos. Essa é a única razão pela qual ainda não disse isso. Ou... ou disse isso, suponho.

O sonserino estremeceu pesadamente em seus braços.

— Perdão...?

Harry apenas o agarrou com mais força.

— Eu me importo com você. Assim tanto. Mais do que posso dizer – obviamente. Não estou chateado, nem tenho qualquer sentimento negativo sobre descobrir como... como você se sente. estou chateado com a minha... minha própria estupidez. A... crueldade não intencional, suponho. — Ele disse amargamente.

— Você não está... meus sentimentos não são indesejáveis.

— Deus não. — Harry retrucou, odiando-se por sua própria idiotice.

— Oh. — Severus disse, parecendo relaxar um pouco nas mãos de Harry. — Eu presumi... quando percebi que estava errado, de alguma forma... — O homem mais velho começou de novo. — Presumi que a conclusão natural era que eu... que meus sentimentos eram indesejados. Que você se sentiria... incomodado por eles.

Harry sentiu lágrimas ardendo nos cantos dos olhos, mas estava determinado a não deixá-las cair.

— Sou grato. Feliz. É uma honra que você se sinta assim por um idiota inútil como eu. — Ele disse amargamente, lutando contra uma fungada.

Os dedos roçaram levemente suas costas, o movimento suave lhe dando mais esperança do que ele teve na última meia hora.

— Harry... — O homem mais velho disse cuidadosamente.

— Severus. — Ele respondeu, agarrando ainda mais firmemente o homem mais velho.

— Eu não... não posso te dizer quando. — O outro homem disse desanimado.

— Eu não me importo mais. — Harry sussurrou. — Está tudo bem, eu não me importo. Eu só... eu só não quero perder você, só isso. — Ele sussurrou, entendendo as palavras com cada fibra do seu ser.

— Eu não posso te dizer quando. — Severus repetiu. — Mas Harry, eu...

— Pare. — Insistiu, quando registrou o quanto Severus parecia confuso. Não importava o que o homem mais velho quisesse lhe dizer, ele preferia que ele fosse... mais parecido consigo mesmo quando o fizesse. — Vamos... ainda posso ficar aqui? — Ele verificou.

— Por favor. — O sonserino disse – o tom hesitante e amedrontado de sua voz foi suficiente para fazer Harry querer vomitar. Ele gentilmente puxou Severus consigo mesmo, de volta ao quarto e para a cama. O mais velho não resistiu, pois os dois se deitaram de roupão. Harry puxou o edredom sobre eles e, após um momento de hesitação, rolou e se encostou nas costas do outro homem.

Foi um pouco estranho, já que Severus era mais alto, mas eles se encaixavam surpreendentemente bem, pressionados um contra o outro o máximo que Harry conseguia, os braços em volta de um peito magro, o rosto pressionado contra o cabelo do homem mais velho.

.

Ele dormiu assim – mas não bem, sem surpresa.

Ele acordava toda vez que Severus mudava de posição, com medo de que o outro homem fosse embora - embora ele nunca tenha feito isso. Na verdade, nenhum deles se mexeu – não até que, eventualmente, Harry precisasse ir ao banheiro. Ele gentilmente o soltou – apenas para Severus agarrar seu braço e impedi-lo.

— Preciso do banheiro. — Ele murmurou baixinho. — Eu volto já.

O homem mais velho o deixou ir em silêncio – quando Harry voltou, ele já havia se vestido. Harry de repente se sentiu estranho, ainda enrolado em seu roupão emprestado.

— Bom dia. — O homem mais velho disse sem jeito, sem olhar para Harry.

— Dia. — Ele cumprimentou de volta. — Como você está se sentindo? — Ele verificou – os olhos escuros se estreitaram para ele e Severus bufou.

— Poupe-me de conversa fiada. O que você decidiu?

— Decidiu? — Harry perguntou sem jeito, pegando sua camisa e tirando o roupão.

— Agora que você teve tempo para pensar - para descansar. Você vai... continuar com esse... relacionamento? — Severus perguntou, olhando para um ponto acima da cabeça de Harry.

Ele deixou cair a camisa.

— Eu... o quê? Isso nem foi uma pergunta. Severus, a única maneira pela qual eu não gostaria de fazer isso seria se você dissesse que foi... demais, que eu estraguei tudo demais.

— Mas eu não faria tal coisa. — O homem mais velho disse. — Eu não poderia... negá-lo, assim como não poderia negar minha próxima respiração.

Uma onda de afeto quase sufocante tomou conta de Harry e ele teve que se firmar na cama. Abandonando a ideia de se vestir, ele foi até o homem mais velho e puxou-o para um abraço. Severus retribuiu com cuidado.

— Posso... é... ok, vou ser direto. Não sou sonserino, não consigo fazer toda essa coisa sutil. Como você provavelmente já sabe. — Harry disse suavemente. — Estou tão, tão, tão feliz que você sinta isso por mim. Honrado. Em êxtase. Excitado. Pode escolher. Eu não teria... eu teria desejado isso eventualmente, porque estou... começando a me sentir da mesma maneira. — Ele admitiu.

Quando Severus não respondeu, Harry continuou.

— Eu quero... eu quero ficar com você. Continuar vendo você. Você me faz feliz, Severus. — Ele disse.

Dedos roçaram sua mandíbula, inclinando a cabeça para um beijo rápido e casto.

— Em outras palavras, meus problemas... não arruinaram as coisas. — Severus disse.

— Não mais do que os meus. Lamento que o fato de eu ter sido um idiota tenha causado tudo isso.

Para sua surpresa, o homem mais velho zombou.

— Você, apesar de certas coisas que fez e disse, não é idiota, Harry. Talvez... talvez eu às vezes tenha esquecido de considerar sua... idade.

Ele bufou, um pouco desconfortável com a lembrança da diferença de idade entre eles – não porque isso o incomodasse, mas porque claramente incomodava seu parceiro. Ele abraçou Severus com mais força.

— Vou tentar o meu melhor para te fazer feliz também. — Ele ofereceu.

Severus o abraçou de volta, seus braços em volta de Harry, tão apertados que ele mal conseguia respirar – quase apertado o suficiente.

— Merlin, Harry, você faz. — Ele sussurrou, como se estivesse revelando seu segredo mais precioso.

Harry simplesmente o segurou mais perto.

Blowing Smoke | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora