Capítulo 22

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As coisas voltaram ao normal com surpreendente facilidade. Ele fez as pazes com Ginny – parecia uma reflexão tardia falar sobre tudo isso com Snape, e também não foi tão difícil quanto ele pensava que seria. Ele não a perdoou por agir de forma tão estranha, mas o fato de ele ter um lugar para ir e se distanciar ajudou consideravelmente.

Eles estabeleceram uma nova rotina – segundas, quartas e sábados, ele descia para as masmorras, passava algum tempo com Snape. O resto do tempo ele passava com os amigos, estudando e se preparando para a formatura.

Aproximou-se assustadoramente rápido – e com ele a compreensão de que ele teria que deixar Hogwarts em breve.

— Você irá à festa de despedida da Sonserina? — Ele perguntou, alguns dias antes do dia, na metade dos exames. Snape estava em sua escrivaninha, e não em sua poltrona, com uma aparência decididamente pior.

— Espera-se que eu faça uma aparição. — O homem disse fracamente.

— Você parece animado. — Ele brincou, antes de olhar para os testes que estava avaliando. Ele foi encarregado do primeiro ao terceiro ano – uma terceira pilha foi tratada pela pena automatizada. Harry não tinha ideia de como o homem havia feito tudo isso antes, quando na verdade, no dia anterior, eles usaram a pena até a exaustão - ela precisou deitar e descansar - uma pena enfeitiçada precisou de um cochilo. Severus não tinha feito nenhuma pausa, o que era a coisa mais insana para Harry do que a pena de dormir.

— Eu não estou... muito interessado no dia da formatura. — Snape admitiu.

— Nem eu. Partir parece... estranho.

— Sim. — Snape concordou – Harry sorriu.

— Na verdade, você não precisa ir. — Ele apontou. Pela primeira vez em horas, a pena do outro homem parou. — Você é bem-vindo para... voltar. Minerva ficaria muito feliz. E os outros também, imagino — a pena recomeçou.

— E você? — Harry perguntou. — Você prefere que eu venha aqui ou você vem até mim? — Ele verificou.

A pena parou novamente.

— Então, você... planeja continuar me encontrando. — Ele disse.

Harry bufou.

— Sim, claro que sim. Você pensou o contrário?

— O pensamento me ocorreu. Você estará ocupado no curso de auror.

Ele sorriu.

— Sim, suponho que estarei, mas vou arranjar tempo para você. Eu me importo muito com você para não fazer isso. — Ele admitiu, indiferente ao fato de ser constrangedor dizer essas palavras para Severus. Olhos escuros se ergueram e um sorriso satisfeito apareceu em suas feições severas.

O sorriso de Harry se alargou.

— Então, aqui ou Grimmauld?

— Qualquer um. Eu não me importo. Contanto que você limpe primeiro.

— Sim, não se preocupe. Kingsley na verdade mandou alguns Aurors para tirar as coisas realmente nojentas. Monstro teve um ataque. E eu vou redecorar. — Harry prometeu.

— Então não vejo problema em ir para lá.

— Devo comprar uma caixa de charutos como a sua? — Ele perguntou atrevidamente.

Severus bufou.

— Então você planeja continuar entregando-se a esse hábito imundo?

Harry riu.

— Não sem você. Mas quem sabe teremos uma ou duas ocasiões para comemorar. — Ele brincou.

— Como o seu noivado com a Weasley? — Severus perguntou.

— Eu não estou noivo de Ginny.

— Ouvindo-a dizer isso, é praticamente um fato consumado — disse Severus calmamente

— Erm, ah? Bem, suponho que ela esteja... mencionando isso. Mas não estou pronto. Não tenho pressa. — Ele tossiu. — E antes que você tenha a ideia, ainda não fizemos.

O outro homem zombou.

— Eu realmente não ia perguntar.

— Agora você não precisa. Mas sim, quer que eu compre alguns dos bons?

— Se... se você quiser.

— Tenho certeza de que o chão de Grimmauld é tão confortável quanto aqui. — Ele disse com um sorriso.

A pena parou pela terceira vez.

Pode-se fumar em outros lugares além do chão.

Poderíamos, mas isso seria tão divertido? Sentado a um metro de distância nessas cadeiras? Seria um saco passar o charuto, pelo menos. — Ele disse com um encolher de ombros.

Severus riu.

— Sua lógica é perfeita. Compre alguns tapetes de pêlo alto, então.

Ele sorriu suavemente.

— Acha que vou passar nos exames? — Ele perguntou depois de um tempo.

— Você fez metade deles e o único que você pode reprovar é o meu.

— Você me reprovaria? — Ele perguntou com um sorriso.

— Eu irei se você não me deixar trabalhar em paz. — O Sonserino falou lentamente.

Harry sorriu e calou a boca, concentrando-se novamente em seu próprio trabalho.

— Eu... não me oporia a passar algum tempo com você após sua formatura, se você quiser. — Severus ofereceu, desta vez sem parar a pena.

Harry apenas assentiu.

.

O dia da formatura em si não foi... o que Harry esperava. Tudo aconteceu exatamente como esperado, é claro, mas não houve euforia, nem excitação e muito pouca celebração. Ele desistiu da celebração o mais rápido possível e desceu para as masmorras. Para sua surpresa, Severus já estava em seus aposentos quando chegou.

— Ficou cansado disso também? — Ele perguntou ao homem.

— Sim. — Ele admitiu.

Harry suspirou.

— Eu deveria estar feliz, mas... só estou triste por ter que ir embora. Os outros estão todos comemorando, mas este é o único lugar que considerei como meu lar. — Harry admitiu amargamente.

— Então, eu deveria pensar, este é um dia para ficar bêbado em vez de fumar, hein? — O outro homem disse levemente.

Ele assentiu miseravelmente.

— Sim. É. Obrigado por estar disposto a ser infeliz comigo. — Ele disse mal-humorado.

Severus riu e puxou-o até as almofadas no chão.

— Sou altamente qualificado na arte. — Ele brincou.

Harry sorriu, apesar de tudo, enquanto se acomodava perto do outro homem. Ele mudou de ideia quase instantaneamente, rolando e envolvendo os braços em volta da cintura de Snape, o rosto pressionado contra seu peito, uma perna emaranhada com as outras mais longas. O outro homem engasgou, antes que os dedos passassem pelos cabelos de Harry.

— Você não pode beber assim. — Ele gentilmente advertiu.

Harry apenas se aproximou, absorvendo o estrondo da risada em resposta.

Ele sentiria falta de Hogwarts – mas sentiria falta de Severus acima de tudo, ele percebeu.

Blowing Smoke | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora