[Capitulo 00]

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[Chris Chan]

...Passado

O sol estava muito quente e centralizado ao céu todo azulado, não havia nuvens e nada da chuva que a previsão do tempo prometeu há dois dias. Empurrei os óculos escuros no rosto, me fingindo alheio à agitação na piscina.

Pulos e saltos respingavam água por todos os lados, inclusive em mim. Fechei o livro idiota que tentava ler, puxei a garrafa com água e sequei em grandes goles. Estava dividido entre
dar um mergulho ou sumir da Ilha estúpida.

Hoje é o aniversário do meu pai, também o dia em que ele me apresentou sua nova namorada 20 anos mais nova que ele e jogou a bomba de que irá se casar. Faz alguns anos que meus pais se separaram e eu não sou criança para lamentar por isso, mas nunca pensei que um dia a nossa casa não seria nossa, mesmo que eu tenha partido para a faculdade há alguns anos e não retornado após me formar.

Como às coisas tendem a mudar quando não estamos reparando.
Mas, nesse momento, tudo que faço é reparar. Dois ômegas saem da piscina, dão à volta em meio a cochichos e risadas e pulam novamente. Eles são Kim Seungmin e Kim Winter, os novos filhos do meu pai.

O chamado da mãe delas me alerta, vou de encontro ao som da voz para vê-la da entrada da casa, avisando que o almoço está pronto.

Estamos em uma viagem de férias, no canada, Yeri, a noiva do meu pai, é filha de um canadense que se casou com um coreano, passando a morar na Coreia. A mulher nasceu nos Estados Unidos, mas pelo que percebi, costuma vir com frequência visitar seus parentes.

— Você não vem almoçar, Chan? — winter é quem me chama, mas encaro seu irmão. Seungmin não me olha, como têm feito nos últimos três dias,
desde que nos conhecemos. É quase engraçado.

Assinto, me levantando e deixando que elas sigam na frente. Observo-os enrolados em uma toalha cor de rosa,
conversando animados sobre como o tempo está quente para tomarem um mousse. Aqui, pelo visto, todos são enlouquecidos pela espécie de sorvete de uma fruta originada no norte do país.

No caminho me recrimino por estar tão fissurado nos dois irmãos, em cada uma de modo diferente. Ao telefone com minha mãe ontem à noite, cheguei a comentar o que estava me incomodando, a forma como meu pai havia mudado drasticamente desde que conheceu Yeri.

Fui alertado que isso era apenas ciúmes, minha mãe riu dizendo que eu não sabia lidar com o fato de que tudo estava mudando. Sim, tudo estava mudando, mas não da forma como ela imaginava. De que forma, então? — Perguntei a mim mesmo, entrando na casa. Yeri  sorriu amorosamente para suas filhas, depois virou para mim com o mesmo sorriso nos lábios antes de começar a falar:

— Espero que eles não estejam te incomodando, Chan.

— Não estão.

— Que bom! Estou animada para sermos uma família, ficamos muito felizes por ter aceitado vir conosco. — Ela emendou, revezando um olhar entre seus filhos. — Uma pena que sua
namorada não tenha vindo.

— Não tenho namorada.

— Ah, não? Seu pai falou que... Esqueça. Vamos almoçar, a comida vai esfriar.

Os três andaram juntos, rindo e contando segredos em sussurros.
Meu pai estava comandando a churrasqueira e o quintal estava repleto de parentes de Yeri.

Meu maxilar travou de repente, meus pés estancaram ao chão com firmeza e segui acompanhando com os olhos o andar ansioso. Cerrei os punhos quando ele abriu os braços, se jogando em cima de um pirralho. O garoto fechou o braço entorno da cintura fina, beijando uma de suas bochechas e Seungmin riu alegremente.

O Fruto Proibido [Seungchan/Chanmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora