Capítulo Vinte e Seis

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Harry Heart:

Isabela ficou comigo pelo resto do tempo, até a hora de ir buscar o Milo na escolinha.

— Então, você vai ficar como minha secretária? Pensei que voltaria junto com a tia Frederica — falei, olhando para ela.

— Eu pensei em ficar na cidade. Consegui um emprego e, bem, você já sabe do resto — Isabela sorriu amplamente. — Vou ficar bastante tempo aqui ao seu lado, meu adorável priminho.

— Vou ficar feliz com isso — respondi, sorrindo. Entramos no carro, mas de repente senti um calafrio percorrer minha espinha. Isabela percebeu minha inquietação, pegou minha mão e apontou discretamente com os olhos. Nas sombras do estacionamento, à distância, vi a figura de um homem.

O som inconfundível de um isqueiro sendo aberto e a rodinha de metal girando preencheu o silêncio. A chama se acendeu, iluminando seu rosto enquanto ele acendia um cigarro. Anéis prateados em seus dedos refletiam a luz tremeluzente. Tatuagens escuras cobriam suas mãos, e faixas de couro e barbante estavam amarradas em seus punhos. Ele era alto, com ombros largos, e usava um casaco comprido de colarinho duro, levantado até seu maxilar delineado. Embora seu corpo estivesse escondido sob o casaco, dava para ver que era musculoso, apenas pela sugestão de seus bíceps. Quando afastou o cigarro da boca, não pude evitar notar o contorno das veias que circundavam seus dedos. Ele exalou a fumaça com uma respiração forte e deliberada.

Tirei a mão da chave e liguei os faróis, iluminando o homem que caminhava calmamente em nossa direção.

— O que faz no estacionamento da minha empresa? Como passou pela segurança? — perguntei, tentando manter a voz firme.

Ele se aproximou, e uma risada fria escapou de seus lábios, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.

— Isso não importa, mas quero que me dê uma ajudinha, Harry Heart — disse o homem friamente, apoiando-se na janela do carro. — Venho observando você nos últimos dias, e fiquei ainda mais irritado quando você ajudou aquele meu garoto de merda.

Senti meu coração acelerar, e minhas mãos começaram a suar. Isabela apertou minha mão, tentando me tranquilizar, mas o olhar daquele homem parecia penetrar minha alma.

— Você é o pai do Oleg — falei, sentindo um frio na espinha. O homem sorriu ainda mais, e a sensação piorou.

— Sim, sou o pai dele, e vejo que não é burro para entender as coisas — disse ele, com um tom sarcástico. — Devo dizer que estou muito decepcionado por ver você ajudando aquele garoto.

A tensão no ar era palpável. O sorriso do homem era maligno, e seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e desprezo. Eu tentei manter a compostura, mas a presença dele era intimidante. Isabela continuava a apertar minha mão, um gesto pequeno, mas reconfortante em meio ao crescente pavor.

— Vai se ferrar! Como não ajudar alguém que precisa, principalmente se for uma criança? — falei com a raiva subindo pelo meu corpo.

Isso fez com que ele soltasse uma risada fria e batesse o punho contra o capô do carro, fazendo um som alto que ecoou pelo estacionamento.

— Você é exatamente como seu pai disse: completamente inconveniente — disse ele, agora com raiva evidente em sua voz. — Seu pai me deu muitos problemas, já que está devendo uma enorme quantidade de dinheiro para mim.

As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. O medo e a raiva se misturavam dentro de mim, e a situação parecia cada vez mais desesperadora. Isabela apertou minha mão com mais força, tentando me ancorar na realidade, enquanto eu tentava encontrar uma maneira de sair daquela situação.

A Melodia do Coração(Mpreg) | Livro 3 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora