Capítulo Vinte e Sete

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Dominic Rosende:

Ayla soltou uma risadinha para Mickey, que estava em cima dela, e ouvi meu pai tirando uma foto da situação. Isso me deixava muito confuso, e eu me beliscava para não ter um surto mental. Sei que ele mudou, como o Nicolas, meu irmão, e a Gabi disseram para mim, ou como vi nesses dias desde que voltei para a cidade.

— Se todas as vezes que você vier aqui e ficar me encarando como se fosse um monstro de duas cabeças, nem precisaria vir — disse meu pai, tirando mais fotos da Ayla e tentando fazer ela rir para a câmera, o que ele conseguiu. — Pode deixar minha neta e ir embora.

— Não vou deixar minha filha na sua casa, pai — falei, pegando Ayla no colo. — Mas ainda acho estranho esse seu jeito... excêntrico.

— Não gostei do seu tom de voz — disse meu pai. Ouvi uma risada vinda da cozinha e, logo depois, Nicolas surgiu no meu campo de visão.

— Vocês realmente não conseguem ficar sem provocar um ao outro — disse Nicolas, estendendo uma bandeja para mim, que eu peguei. — Fico feliz que tenha me ajudado todo esse tempo e também ajudado nosso pai com os preparativos do casamento.

— Disponha, eu estava sem nada para fazer em casa e quis ajudar com alguma coisa — falei. Nicolas sorriu e foi até nosso pai. — Ainda mais sabendo que o Daniel iria ficar o restante da tarde com o Harry e o Milo.

Minha maior alegria é que o Daniel se dá bem com o Harry e o Milo. Afinal, as crianças são irmãos, e o Harry logo será oficialmente o pai do Daniel e da Ayla no papel.

— Eu que agradeço, foi uma mão na roda com algumas coisas, além de ajudar o Richard com a parte musical e vendo os passos dele — Nicolas disse, sentando-se ao lado do meu pai. — Ainda mais porque já ouvi que o gosto musical do Richard é quase nulo.

— Ei, eu tenho bom gosto — meu pai disse, e olhamos na direção dele. — Quer dizer, sei que não conheço muitas músicas ou algo desse gênero muito bem.

— Sério? Foi um caos quando estávamos prestes a começar nossa primeira aula de dança juntos. O ritmo do seu corpo não acompanhava a música ou a letra, era algo completamente rígido — Nicolas disse, divertido.

— Mas foi sendo desse jeito que eu te conquistei — disse meu pai, dando um beijinho nos lábios de Nicolas, e novamente meu queixo caiu.

Claro que eu já o vi sendo romântico com minha mãe ou até mesmo com o Nicolas, mas ainda fico incrédulo que um homem durão como ele tenha certas emoções e seja romântico de um jeito que muda a imagem que tenho dele em minha cabeça. Para mim, quando era adolescente ou até mesmo alguns dias atrás, Richard Rosende era uma pessoa fria como gelo, difícil de alguém derreter mais de uma vez.

Mas tanto minha mãe quanto Nicolas conseguiram derreter o coração daquele homem. Devo dizer que isso me leva a ter um certo respeito por ambos, além de admirar a presença deles.

Lembrei-me de como minha mãe e meu pai costumavam dançar na sala de estar, rindo e brincando como se fossem jovens novamente. A mesma chama que eu via nos olhos dela agora estava presente nos olhos de Nicolas, e era claro que meu pai estava verdadeiramente feliz. Isso trouxe uma sensação de conforto e aceitação dentro de mim.

— Acho que, no fundo, sempre soube que meu pai era capaz de amar desse jeito — admiti, tentando absorver tudo aquilo. — Só nunca pensei que veria isso com meus próprios olhos.

Nicolas sorriu para mim, um sorriso caloroso e compreensivo.

— Todos nós temos camadas que os outros não veem, e às vezes, nem nós mesmos percebemos — disse ele, acariciando a mão do meu pai.

A Melodia do Coração(Mpreg) | Livro 3 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora