Capítulo Trinta e Três

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Harry Heart:

Levei as crianças até onde Milo e Jacob estavam e, assim que meu filhote viu Daniel e Ayla, interrompeu a brincadeira com o tio. As crianças foram brincar com os brinquedos, e Jacob veio na minha direção.

— Esse menino troca a gente rápido por outra coisa — disse Jacob, balançando a cabeça e pegando a mãozinha de Ayla. — Agora temos mais dois para serem fantasminhas.

Os empregados e Jacob às vezes chamavam Milo de fantasminha porque ele era o menor e se divertia com qualquer coisa. Ele assombrava a casa da minha tia como se fosse um fantasma risonho, entrando e saindo dos quartos, escondendo-se em armários para espiar, esgueirando-se pela cozinha para roubar o último dos doces que a cozinheira fazia.

— A Ayla não vai ser assim — falei, abraçando a bebê que resmungou. — Ela vai ser a princesinha da família, que não fará travessuras como os irmãos.

Em resposta, recebi uma mãozinha babada. Olhei para a pequena bebê que sorriu com sua boquinha banguela.

— Não acredito nisso — Jacob disse, revirando os olhos como se essa ideia fosse completamente louca. — Afinal, eles são filhos do Dominic e a bagunça está armazenada nas cabeças deles e na própria maneira de criação.

Posso entender por que Milo é assim. Durante grande parte do ano, ele aguenta longas horas de tarefas seguidas de aulas ainda mais longas em salas sufocantes na escola. Ele só se acalma quando o calor atinge seu pior nível; então, começa a diminuir as brincadeiras e passa a ficar deitado o tempo todo.

Lembro-me de quando éramos mais novos. Jacob e eu escapávamos para o lado de fora para tomar sucos ou até mesmo sorvete. Íamos para o sítio dos meus tios e explorávamos as florestas ao redor, caçando ninhos de passarinhos ou nadando no riacho de águas cristalinas. Passávamos horas deitados na grama em frente à casa, observando o sol passar lentamente sobre nossas cabeças e especulando sobre o que faríamos no futuro.

Conversávamos sobre onde iríamos morar ou qual seria nossa profissão, jurando que sempre estaríamos juntos como primos, melhores amigos e uma família que sempre seria unida. Existem diferentes tipos de famílias no mundo: grandes, pequenas, com pai, mãe e filhos, com casal e um cachorro, com pai e filhos, com mãe e filhos, com dois pais ou duas mães, onde os avós são os pais, famílias de sangue e famílias de coração.

A família é o amor que plantamos em solo fértil, com raízes fortes, e que cultivamos e cuidamos constantemente, para que belas flores e bons frutos possam brotar. Não é à toa que se compara a família a uma árvore. Afinal, o que é a família senão vários galhos unidos pela mesma raiz e sustentados por um tronco comum, que precisa ser forte para suportar as intempéries da vida?

A família é feita de laços para durar. Não importa se é de sangue ou de coração; o importante é que exista amor. As famílias de verdade são formadas por pessoas unidas, que se apoiam incondicionalmente, que desejam o bem do outro, que se sacrificam reciprocamente sem pedir nada em troca, que celebram as conquistas e alegrias da vida juntas e que oferecem os ombros como suporte para a dor e para o choro.

Há famílias que são planejadas, plantadas desde a primeira semente. E há aquelas que brotam por acaso, em solo pouco fértil. Mas as famílias realmente felizes são aquelas que nutrem a vida com amor!

— Mas vão ser meus filhos também; não serão tão arteiros como o Dominic e serão adoráveis — falei, e Jacob riu, revirando os olhos para mim.

— Cuidado com o que diz. Lembra que minha mãe dizia que eu seria incrível — Jacob comentou. Para minha surpresa, Ayla bateu a mãozinha no rosto dele quando ele se aproximou para dar um beijinho nela. — Garota, por que tanta agressividade com seu maravilhoso tio?

A Melodia do Coração(Mpreg) | Livro 3 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora