Bônus Três

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Alex Rosende:

Acho que meu irmão está certo em sua própria visão de romance. Antes, eu pensava como ele, mas ultimamente, não consigo imaginar nada tão romântico para fazer. É como se essa faísca tivesse se apagado em mim. Talvez eu nunca seja desse tipo, ou sequer tenha a vontade de fazer algo grandioso. A parte criativa da família ficou com meu irmão; eu herdei a habilidade de ser bom com números.

Solto um suspiro ao ver meu filho e minha filha me olharem com seus olhos cheios de curiosidade. Depois de me despedir de Dominic, vim para a casa do Carlos, onde Cameron passou a noite. Meu filho se apegou a Carlos de forma surpreendentemente rápida, e é quase assustador como aquele rapaz conquistou o coração de Cameron em tão pouco tempo.

Minha filha, Verônica, também é um encanto. Ela não só conquistou o meu coração, mas também o do irmão mais novo. Cada dia com eles me faz perceber o quanto a vida pode ser imprevisível e cheia de surpresas maravilhosas.

— Então, o que você quer falar com o Carlos? — A voz de Patrick, colega de Carlos, me tirou dos meus pensamentos. Ele estava ali, segurando seu filho nos braços com um sorriso divertido no rosto.

— Imagino que tenha a ver com uma certa palavra que começa com a letra N — ele disse, piscando um olho de maneira cúmplice.

Minha mente foi imediatamente para o que ele estava insinuando, e senti um calor subir pelo meu rosto. Tentei desviar o assunto, sentindo o peso da pequena caixinha com alianças que parecia ter triplicado no meu bolso. Não estava pronto para discutir aquilo, não ali, não agora.

— Você não ia sair com o Arthur? — retruquei, tentando mudar de assunto rapidamente.

Patrick, percebendo minha tentativa de desviar a conversa, sorriu ainda mais, mas não pressionou. Ele sabia que eu estava nervoso, talvez até mais do que queria admitir para mim mesmo. A expectativa e a ansiedade se misturavam dentro de mim, deixando-me inquieto. Olhei para Patrick e seu filho, sentindo o peso de uma decisão que poderia mudar tudo.

A ideia de falar sobre algo tão sério me deixava paralisado, especialmente quando se tratava de Carlos. Depois de tudo que passamos juntos anos atrás, quando eu o afastei e terminei nossa relação, agora nos encontrávamos de novo. A caixinha no meu bolso era um lembrete constante do passo que eu estava prestes a dar, um passo que poderia transformar completamente nossas vidas.

— Sim, daqui a pouquinho — Patrick respondeu, sorrindo. — A Silvia disse que precisamos comprar algumas coisas para o aniversário do Tayler. Mas não adianta fugir do assunto, para de ser um franguinho e vai logo pedir o Carlos em namoro.

— Por que franguinho? — perguntei, tentando manter o tom casual. Ele apontou discretamente para as três crianças ao nosso redor, que estavam com os olhos e ouvidos bem atentos. — Entendi o que você quer dizer — murmurei, compreendendo a razão de sua escolha de palavras.

— Então vai logo e faça algo. Eu vi meu amigo sofrer por você por cinco anos e espero que desta vez você não cometa nenhum tipo de deslize — Patrick disse, me encarando com uma seriedade que fez meus ombros caírem levemente. Havia uma intensidade nos olhos dele, um brilho perigoso que me fez sentir o peso de suas palavras. — Uma dica: leve-o ao parque com as crianças e se divirtam. O momento certo vai surgir quando você menos esperar.

As palavras de Patrick ecoavam na minha mente. A ideia de que Carlos tinha sofrido por mim durante todos esses anos me trouxe uma mistura de tristeza e esperança. Eu sabia que ele estava certo; era hora de deixar o medo de lado e dar esse passo. A caixinha no meu bolso parecia mais pesada do que nunca, mas também mais significativa. Era o momento de enfrentar meus sentimentos e criar algo novo, algo bonito com Carlos.

A Melodia do Coração(Mpreg) | Livro 3 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora