Capítulo Trinta e Oito

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Dominic Rosende:

No dia seguinte, recebi a visita do meu maravilhoso irmão em minha casa. Ele trouxe meu sobrinho, que estava animado para brincar com as outras crianças, e o Oleg, que também veio para passar o dia com os meninos e participar das brincadeiras.

— Tenho que admitir, não esperava vir aqui depois do meu encontro com o Carlos — comentou Alex, com um leve sorriso. Eu o olhei, tentando esconder meu desinteresse, mas era evidente que não estava muito animado com a presença dele.

— Eu não quero saber muito sobre isso; você é adulto o suficiente para saber o que fazer — respondi, dando espaço para ele entrar. — Não preciso me interessar pela sua vida amorosa; tenho a minha própria para cuidar também.

Alex soltou uma risada e se jogou no sofá da sala. Do andar de cima, ouvi as risadas das crianças e o latido alegre de Mickey. Cruzei os braços, aliviado por Ayla ter um sono pesado e não se incomodar com todo aquele barulho. Agradeci silenciosamente enquanto olhava para a babá eletrônica.

— Também vim conversar sobre o casamento do nosso pai — disse Alex. Instantaneamente, minha expressão se fechou, pronta para reclamar, mas ele levantou as mãos em sinal de paz. — Sei que você não quer ir porque isso pode dar a entender que você aprova o que ele fez, mas estou sugerindo que compareça como um sinal de paz.

— Você só pode estar brincando, não é? — respondi, incredulidade e raiva transparecendo na minha voz. — Eu não consigo ser tão benevolente quanto você com ele, Alex. Ele...

— Eu sei que ele foi um pai distante enquanto crescíamos, e que fez você se afastar do Harry, fazendo com que você perdesse os primeiros anos do Milo — disse Alex, me interrompendo. Percebi a dor em sua voz; finalmente, a máscara de benevolência que ele sempre usava havia caído de uma vez por todas. — Por medo de enfrentá-lo, eu perdi os primeiros anos da minha filha. Você sabe o quanto isso me dói. Posso tentar recuperar o tempo perdido agora, mas isso não apaga as noites em que tenho pesadelos sobre tudo que perdi da vida da minha filha mais velha.

Senti um aperto no peito ao ouvir as palavras de Alex. A dor em sua voz era inconfundível, e suas palavras ecoaram em minha mente, trazendo à tona memórias dolorosas.

— Eu... eu não sabia que você sentia tudo isso — murmurei, minha voz suave, quase um sussurro. Olhei para ele, vendo a vulnerabilidade em seus olhos, algo que ele raramente deixava transparecer. — Sempre pensei que você lidava bem com tudo, que tinha superado de alguma forma. Que havia perdoado de alguma maneira.

Alex balançou a cabeça lentamente, com um sorriso triste nos lábios.

— Não, não é tão simples assim. Nós dois sabemos como ele pode ser difícil. Por muito tempo, apenas fingi que havia esquecido, que poderíamos ser uma família normal de algum jeito, como antes da nossa mãe falecer. Mas algumas feridas são profundas demais para cicatrizar completamente.

Houve um momento de silêncio entre nós, quebrado apenas pelas risadas das crianças e o latido de Mickey. Eu suspirei, sentindo o peso das palavras de Alex.

— Então, o que você sugere que eu faça? — perguntei, mais para mim mesmo do que para ele. — Comparecer ao casamento e fingir que tudo está bem? Que não houve anos de dor e mágoas?

Alex olhou para mim, sua expressão séria.

— Não é sobre fingir que tudo está bem. É sobre mostrar que você é mais forte do que seus traumas, que você pode seguir em frente apesar de tudo. Às vezes, comparecer a esses eventos não é sobre apoiar a pessoa, mas sim mostrar que você não está mais sob o controle dela. Nosso pai sabe o que fez, conhece as pressões que colocou sobre nós, e entende que nunca poderá apagar isso. Mas quanto mais você deixar essas coisas te afundarem, pior será. — Alex suspirou. — Sei que ele escreveu que nunca se perdoará e não espera que nós o perdoemos, mas ele só quer que possamos viver como uma família da melhor maneira possível.

A Melodia do Coração(Mpreg) | Livro 3 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora