Chica(go) pt. I

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A volta para a cidade dos ventos, duas semanas depois, foi dolorosa. Primeiro que Robert temia pela tempestade que o esperava e segundo que Savannah não sabia se aquilo ia dar certo realmente. Mas estava totalmente disposta a fazer dar certo. Beatrice estava adorando ver os dois juntos, diga-se de passagem.

- Robert, vai acordar a Beatrice! Pára de rir alto! - Savannah resmungou, sussurrando. Ela tinha alugado um filme e estava sentada entre as pernas de Robert, no quarto dela. Aos finais de semana, ele ia visitá-la e então dormia lá.

- O quarto dela é do outro lado e a porta está trancada. E eu estou rindo baixo, não seja chata.

Savannah revirou os olhos e continuou vendo o filme, concentrada. Mas a mão boba de Robert em sua barriga a fez se arrepiar, respirando fundo. Ela usava um conjunto de moletom e meias, assim como ele. O filme não interessava mais àquela altura. Ela se virou para beijá-lo, agora mais à vontade em fazer aquilo. Ele tirou o cabelo dela do rosto, puxando-a para seu colo, e continuou o beijo.

- Tudo bem, já fomos longe demais nesse jogo. É melhor você ir embora, para o bem de nós dois.

- Não posso ir embora agora, já está tarde para eu voltar. - Robert respondeu, fazendo bico. Savannah semicerrou os olhos, fingindo acreditar - É sério, e além do mais... - ele levou a mão até o seio esquerdo dela, acariciando o mamilo dela. A mão dele estava gelada, o que causou um arrepio nela - você está com frio.

- Você é horrível. - sussurrou, mordendo o queixo de Robert - Só não me agarre assim de novo, entendeu? Vou buscar um chocolate quente para nós.

Savannah deu impulso para sair da cama, mas estava Robert, imobilizando-a como sempre. Savannah revirou os olhos, deveria saber que ele faria aquilo.

- Chega de ser assim, Robert. Vai com calma, eu não vou fugir de você.

Robert riu, achando graça do jeito exasperado dela. Mas tinha que terminar o que tinha começado antes.

*

Mais uma semana se passou e com ela as férias. Savannah estava chateada, não queria voltar ao trabalho e enfrentar tudo aquilo de novo. Estava em fase de namoro com Robert e se sentia vulnerável, mas sabia que poderia lidar com tudo agora.

- Oi, bom dia... Está ocupada? - Robert perguntou, certo dia pela manhã. Ele e Savannah tinham dormido separados novamente, uma vez que não queriam levar as coisas rápido demais.

- Para você nunca. Entre. - Robert sorriu e entrou, fechando a porta - Como dormiu essa noite?

- A cama ficou fria de novo sem você. Desde que voltamos de New York você não foi me visitar. - Robert se queixou, fazendo bico. Savannah sorriu, jogando a cabeça para trás - E você dormiu bem?

- Beatrice estava lá comigo, então eu meio que não fiquei sozinha. Mas senti sua falta. - admitiu, apoiando os cotovelos na mesa e segurou a cabeça - Eu tô sentindo uma paz que eu chego a ficar incomodada.

- Não fique assim. Olha, mês que vem teremos um jantar beneficente no Waldorf Astoria. É para angariar fundos para uma instituição de pessoas com câncer, autismo e Síndrome de Down. Como cada causa tem a sua cor, as cores oficiais são azul, rosa e vermelho vinho. - Savannah franziu o cenho, confusa - Cada doença tem a sua cor, sua forma de ser representada. - Robert explicou, sorrindo com a cara confusa de Savannah.

- Mas não combinam tanto assim... Bom, eu fui avisada em cima da hora então vou ter que recorrer ao meu closet de emergência com o Viktor. June pode ficar com a Bea? - Robert negou - Tudo bem, vou pedir para a minha mãe ficar com ela.

- Tudo bem. Eu tenho que ir agora, tenho uma videoconferência em 45 minutos. Almoçamos juntos? - Savannah assentiu, checando o celular. Daria tempo de almoçar com ele sem problemas - Eu passo aqui e vamos almoçar em um outro restaurante que eu vi, ok? É de comida italiana, você vai amar.

Savannah assentiu, já sentindo fome. Robert foi para a sala de reuniões tranquilo, estava até mais feliz do que o costume... Mas então lá estava Rebekah. Todos os seus problemas haviam voltado de uma vez só. A morena sentou ao lado dele, calada, concentrada no documento que lia. Eram apenas ela e ele naquela sala enorme e o silêncio opressor.

- Antes de começar a reunião, eu queria pedir desculpas. Eu... Eu não sei exatamente pelo quê, mas eu queria pedir desculpas. É como se tudo fosse minha culpa.

- Calma. - Rebekah alertou, sorrindo levemente - Vai ficar tudo bem. Soube que você e Savannah andam apaixonados pelos cantos... Vocês voltaram?

- Não, não voltamos. - respondeu, sincero. Rebekah assentiu, fingindo acreditar.

- Sabe, depois de tudo que aconteceu, toda a conversa que eu tive com ela, eu cheguei a pensar que ela ia ser fiel, leal ao que ela disse. - comentou, largando uma folha avulsa de anotações.

- Desculpe? Vocês conversaram quando? - Robert perguntou, rindo. Rebekah riu de canto.

- No dia do acidente. Ela estava lá quando eu sumi. Me disse que redigiria um contrato porque desistiria de você. De fato, eu sempre soube que nunca daria certo. - deu de ombros. Robert parecia que tinha levado um tapa.

Dali em diante, Robert não conseguiu se concentrar na reunião. Savannah tinha ido longe demais dessa vez.

Strings - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora