Upside down

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No dia seguinte, pela manhã, Robert acordou sonolento em semanas. Geralmente tinha o sono pesado, mas agora tinha pesadelos. Sonhava que via Savannah sentada na beira de um precipício e ela sorria para ele antes de pular. Era assim todas as noites, sem nenhuma mudança. Ele não sabia o que aquilo significava.

- Rob? Aqui é a June. Estou te ligando bem rápido porque preciso falar com a Savannah sobre a Persia.

- Eu não sei onde ela está, mas pelo horário, deve estar dormindo.

- Pensei que estivessem juntos hoje, garanhão. - June indagou, maliciosa.

- Nós terminamos.

- VOCÊS O QUÊ?!? Robert, eu vou ter um AVC. Você encheu a minha paciência para que vocês pudessem voltar e agora... Não faz sentido.

- Eu estou confuso, June. Olha, depois eu falo melhor com você. É sábado e eu preciso tentar dormir.

Robert desligou o celular e tentou voltar a dormir. Já June ligou para Savannah, mas ela estava dormindo. Deixou recado na secretária eletrônica dela e pediu que logo que Savannah acordasse, que ligasse para ela. Precisava tirar essa história a limpo e saber por que tinha um irmão tão burro. Horas depois, no fim do plantão, June foi até o quarto de Persia. Ela era uma das enfermeiras da ala de oncologia e do subsetor de oncologia infantil e também havia se encantado pela menina.

- Olá, bom dia. Como passou a noite?

- Bem, enfermeira June. Eu estou com fome agora.

- Oh, eu sei. A sua enfermeira virá trazer seu café da manhã. - garantiu, tirando o estetoscópio do bolso do jaleco - Soube que Savannah tem estado aqui com você aos finais de semana. Ela gosta muito de você.

- Eu também gosto muito dela. E de você também, enfermeira June. - Persia disse, sorridente. June sorriu de volta.

- Você está cada dia melhor, pequena estrela. Logo, logo vai sair do hospital e a Savannah te adora muito, então acredito que vai ficar tudo bem.

A enfermeira que cuidava de Persia chegou com um carrinho com uma bandeja. Persia sorriu para a enfermeira e June se retirou. Não demorou muito e Savannah retornou a ligação.

- Eu queria te perguntar uma coisa, mas pelo seu tom de voz já sei que é verdade. Vamos falar da Persia. Ela está bem melhor, acredito que em pouco tempo vamos encontrar uma medula compatível com a dela.

- Eu quero fazer o teste. Se eu for compatível, quero doar para que ela se salve.

- Tudo bem, isso é novidade para mim. Esse seu lado protetor... Não que não seja assim com a Bea, mas...

- June, não seja boba. - Savannah pediu, mas ria - Eu vou cortar o cabelo, já está enorme. Diga a Persia que eu vou mandar fazer uma peruca para ela. Antes cabelo natural do que aquela coisa sintética horrível que incomoda. - June riu, deliciada com esse lado preocupado com o mundo - Preciso desligar. O mundo precisa de você agora.

- Anotado, Mrs. Hale. Até mais tarde. - disse e desligou.

Savannah realmente estava tocada pela menina, se sentia mais diferente, sentia... Como se fosse mãe de novo. Ela sorriu com esse pensamento e voltou para a cama. Não iria ficar até tarde porque teria o jantar naquela noite e, antes que pudesse pensar, não ia querer se atrasar.

Strings - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora