Capítulo 6

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Carina estava tendo um daqueles dias.

Desde cedo, enfrentara dois partos complicados que exigiram todo o seu conhecimento e habilidades como obstetra. O primeiro foi um bebê prematuro com sérios problemas respiratórios; o segundo foi uma mãe com pré-eclâmpsia grave que precisou de uma cesariana de emergência. Ambos os casos foram desafiadores e emocionalmente intensos, deixando-a exausta e com o coração pesado pelas famílias envolvidas. Mas, felizmente, tanto os bebês quanto as mães estavam bem.

Quatro dias haviam se passado desde o jantar na casa de Ben e Bailey. A presença de Maya pegara Carina de surpresa no início, mas, à medida que a noite avançava, Carina permitiu-se aproveitar a companhia de Maya. Os olhares trocados, os sorrisos sutis, as risadas compartilhadas — tudo parecia promissor entre elas. No final da noite, quando Maya a convidou para um encontro, Carina teve que ser forte e não aceitar imediatamente. Ela queria que o que estivesse acontecendo entre elas progredisse lentamente; não queria se precipitar e correr o risco de se machucar novamente, como em seu relacionamento anterior. Ela escolheu deixar a resposta em aberto, dizendo a Maya para ligar.

No entanto, os dias passaram, e o silêncio de Maya foi ensurdecedor.

Carina tentou não pensar muito nisso, focando no trabalho e em seus pacientes, mas a frustração crescia dentro dela a cada hora que passava sem um sinal da mulher que inesperadamente capturara sua atenção de forma tão profunda.

Ela passou os últimos dias tentando ser racional, pensando que talvez Maya estivesse apenas ocupada com o trabalho ou lidando com uma emergência familiar, embora Carina não soubesse nada sobre a família de Maya.

Ou talvez Maya simplesmente não quisesse ligar e se arrependesse de tê-la convidado para um encontro.

Carina foi tirada de seus pensamentos quando ouviu a porta de seu escritório se abrir sem a costumeira batida. Amelia entrou com um sorriso gentil que rapidamente se transformou em uma carranca ao ver a expressão de Carina.

—Ouvi dizer que você teve um dia difícil, só estou checando — disse ela, acomodando-se em uma cadeira em frente à mesa de Carina.

—Difícil é um eufemismo. Foi um daqueles dias que fazem você questionar tudo, sabe? — Carina suspirou, deixando seu tablet com prontuários de pacientes cair pesadamente sobre a mesa.

—Você precisa de alguma coisa? — Amelia perguntou gentilmente.

Quando Carina estava prestes a responder, seu telefone piscou com uma mensagem, e ela rapidamente verificou se era de Maya. Ela bufou de frustração quando não era, jogando o telefone de volta na mesa.

—O que foi isso? — Amelia perguntou.

—O quê? — Carina respondeu irritadamente.

—Não jogue comigo, DeLuca. Não te conheci ontem — Amelia disse com um toque de diversão. —E você sabe que não vou embora até você me dizer o que está te incomodando.

Carina suspirou profundamente, sentindo a tensão em seus ombros. Ela hesitou por um momento, mas sabia que Amelia tinha razão. Não poderia esconder o que estava sentindo por muito tempo, especialmente de alguém que a conhecia tão bem. Finalmente, soltou um suspiro resignado e fixou os olhos no telefone à sua frente.

—Conheci alguém — Carina admitiu, com a voz baixa. Amelia piscou, surpresa, inclinando-se com interesse. —É uma mulher, uma mulher linda, gentil, inteligente, e eu não consigo parar de pensar nela.

—Ela trabalha aqui? — Amelia perguntou, curiosa. Carina balançou a cabeça.

—Ela é bombeira na Estação 19.

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