Capítulo 22

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O silêncio pairava no apartamento, mas a mente de Carina estava longe de encontrar qualquer descanso. Depois que todos tinham ido embora, deixando risos, brindes e uma certa bagunça para trás, ela e Maya se recolheram ao quarto. Era tarde, talvez duas da manhã, e Carina sentiu o peso das palavras de Katherine latejando em sua mente. Maya, por outro lado, carregava o brilho da noite na pele, ainda sob o efeito do álcool, e com um sorriso meio trôpego, se aproximou de Carina, inclinando-se para beijá-la. Havia uma doçura ali, uma mistura de paixão e cansaço. Mas, apesar de sua própria vontade, Carina afastou o rosto, segurando o rosto de Maya com delicadeza e sussurrando que não faria nada com ela naquele estado.

Maya tentou protestar com uma risada embriagada, mas seus olhos se fecharam logo em seguida, puxando-a para um sono pesado. Carina se deitou ao lado dela, mas os olhos permaneceram abertos, fixos na escuridão e na figura adormecida ao seu lado. Maya dormia tranquila, seu rosto suave e angelical, os cílios descansando sobre as bochechas, e Carina sentia um aperto no peito. Pensar que precisaria revelar o retorno de Katherine para Lane, que a mãe dela havia voltado para o lar que ela mesma prometeu nunca voltar, era uma batalha interna que Carina ainda não sabia como travar. Ela desejava proteger Maya de qualquer dor, mas sabia que, quando revelasse a verdade, não haveria como evitá-la.

Quando o relógio chegou às seis da manhã e Carina já havia desistido de qualquer chance de adormecer, ela levantou-se silenciosamente, com um último olhar para Maya, que dormia profundamente. Sabia que precisava manter a mente ocupada, então decidiu arrumar a bagunça da noite anterior. Caminhou pela sala e começou a organizar as garrafas, copos e pratos espalhados, jogando o lixo fora, passando o pano sobre o piso, deixando o ambiente impecável. Cada movimento era uma tentativa de abafar a angústia que crescia em seu peito.

Quando terminou, já eram quase dez da manhã. Ela sentiu o peso da madrugada sem sono nos ombros e, percebendo que estava suada do trabalho, decidiu tomar um banho. A água quente sobre a cabeça a fez relaxar um pouco, e Carina deixou seus pensamentos vagarem enquanto lavava os cabelos, como se a água pudesse levar embora sua tensão.

Ao sair do banheiro, ainda enxugando os cabelos, viu Maya sentada na cama, com uma mão na cabeça e os olhos semicerrados em uma expressão de clara ressaca. Carina não conseguiu segurar um riso divertido.

— Ressaca? — perguntou, com uma sobrancelha levantada e um sorriso brincalhão.

Maya olhou para ela, sorrindo meio desajeitada e assentindo com um leve gemido de dor.

— Sim... e muito — respondeu com uma careta.

— Já volto — disse Carina, dirigindo-se à cozinha.

Ela pegou um copo d'água e um analgésico, retornando ao quarto e entregando a Maya, que aceitou com um sorriso grato.

— Obrigada — sussurrou Maya, tomando o remédio. Após beber a água, ela observou Carina com olhos curiosos.  — Mas, por que você já está de pé? — perguntou, um pouco confusa.

— Não consegui dormir — respondeu Carina, suavemente. — Então, resolvi arrumar a bagunça.

Maya a olhou, surpresa e com um toque de culpa.

— Eu poderia ter arrumado com você.

Carina apenas balançou a cabeça e segurou as mãos de Maya, num toque reconfortante.

— Não precisava, queria deixar você descansar.

Maya sorriu, sentindo o calor do gesto de Carina. Ela respirou fundo, pensativa, e murmurou.

— Esse foi o melhor aniversário que já tive. Significou muito pra mim, Carina.

Carina respondeu com um sorriso gentil, embora ainda notasse um olhar mais distante nos olhos de Maya. Ela a conhecia o suficiente para saber que algo mais a incomodava.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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