Capítulo 10

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Maya estava no pátio da estação, concentrada em uma tarefa repetitiva, mas naquele momento, isso a ajudava a organizar seus pensamentos.

Com uma esponja na mão, ela limpava os detalhes na lateral de um dos caminhões de bombeiros, o som da água correndo ao seu lado preenchendo o silêncio ao redor. Era o tipo de trabalho que normalmente ela faria de forma quase automática, mas hoje sua mente estava em outro lugar.

A memória da noite anterior era tão clara como se estivesse acontecendo novamente, e ela se pegava sorrindo sozinha, sem nem perceber.

O jantar com Carina havia sido agradável, íntimo, cheio de conversas envolventes e olhares que trocavam muito mais do que palavras. Maya sabia que se arrependia de não ter beijado Carina no final da noite, mas ao mesmo tempo, algo no ritmo lento da troca de flertes fazia tudo ficar ainda mais intenso.

Quando Carina mandou uma mensagem dizendo que havia chegado em casa em segurança, Maya se permitiu sorrir e adormeceu pensando nela.

Hoje, acordou com o mesmo pensamento, o rosto aquecido ao se lembrar dos momentos e risadas que compartilharam.

Agora, estava se esforçando para manter o foco no trabalho, tentando suprimir o sorriso que insistia em aparecer. Mas não estava tendo muito sucesso.

Os músculos de seu rosto traíam seus esforços de parecer impassível, enquanto sua mente voltava para o jeito como Carina brincava com o cabelo enquanto falava, como seus olhos brilhavam quando ria. E aquela despedida... Maya jurava que sentiu a intenção de um beijo flutuando entre elas.

De repente, uma voz cortou seus pensamentos.

— Por que está sorrindo assim? — Era Vic, que havia aparecido do nada ao seu lado, inclinando a cabeça para observar o sorriso no rosto de Maya.

Maya tentou disfarçar, esfregando a esponja com mais força contra o caminhão.

— Eu? Não estou sorrindo.

— Claro. Você está com um sorriso de quem acabou de ganhar na loteria. O que está acontecendo? — Vic insistiu, não deixando o assunto morrer.

— Não é nada, só... um jantar. Saí para jantar ontem à noite, só isso — disse Maya, dando de ombros.

— Com quem? — perguntou Vic, arregalando os olhos. — Maya Bishop! Você saiu para um encontro? — disse em voz alta.

— Shhh! — exclamou Maya. — Fala baixo. — Olhou ao redor antes de continuar. — Saí sim. Foi legal, e não consigo parar de pensar nisso, e é só isso que você vai saber de mim.

— Vamos lá! Não me esconde isso, Bishop! Agora você vai me contar tudo, nos mínimos detalhes...

Antes que Vic pudesse terminar, o som agudo do alarme da estação perfurou o ar, assustando as duas. Maya já estava em movimento, largando a esponja e limpando as mãos rapidamente, seu foco mudando para a emergência. Em segundos, a estação estava em ação.

— Todos para os caminhões! — Andy gritou, sua voz firme organizando a equipe.

Maya correu para seu lugar, a adrenalina tomando conta. Em um instante, a conversa sobre Carina foi deixada para trás, substituída pela familiar urgência do trabalho. O motor rugiu, e o caminhão partiu, o som da sirene ecoando pela cidade.

O calor era opressivo, irradiando do fogo com uma intensidade quase desumana. Fumaça subia em nuvens espessas, engolindo a casa de dois andares já tomada pelas chamas. Andy observava a cena atentamente, enquanto o rugido do fogo e os gritos desesperados dos vizinhos tornavam tudo mais urgente. Uma mulher correu até ela, os olhos arregalados, o pânico transbordando.

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