Quem é vivo sempre aparece, né? :)
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O sol ainda não tinha nascido completamente quando o alarme de Carina começou a tocar. O som estridente perfurou a névoa do sono que a envolvia, arrastando-a de volta à realidade com uma brutalidade para a qual ela não estava pronta. Sua cabeça latejava, pulsando com uma dor surda e persistente que a fez se arrepender amargamente de cada gole de vinho que havia tomado na noite anterior. Ela se enfiou mais fundo na cama, tentando ignorar o alarme, mas a realidade se recusava a ser adiada.
Com um suspiro resignado, Carina finalmente se esticou e pegou o telefone para silenciar o alarme. Seus olhos ainda estavam semicerrados, e a luz da tela parecia uma lâmina afiada na escuridão do quarto. Enquanto deslizava o dedo pela tela para parar o som, notou duas notificações de mensagem. Seu coração deu um salto ao ver os remetentes.
A primeira mensagem era de Andrea, seu irmão. Ele disse que estava encurtando a viagem à Itália e voltaria para os Estados Unidos em dois dias. Carina sentiu uma onda de alívio e felicidade. Ela sentia falta do irmão, mas a notícia vinha com uma sombra. Andrea não voltaria mais cedo sem um motivo sério, e isso só poderia significar que algo havia dado errado com o pai deles. O pensamento fez sua cabeça latejar ainda mais, mas ela empurrou a preocupação para o fundo da mente, prometendo a si mesma que lidaria com isso mais tarde.
A segunda mensagem era de Maya.
Carina sentiu o estômago revirar ao se lembrar do constrangedor recado de voz que havia enviado na noite anterior, quando o álcool afrouxou suas inibições e deixou seu coração falar mais alto que a razão. Maya tinha enviado a localização de um café perto do hospital e sugeriu se encontrarem às oito da manhã. Carina olhou para o relógio. Eram seis e meia. Ela tinha pouco tempo para se recompor.
Lutando contra a ressaca, Carina saiu da cama e caminhou cambaleante até o banheiro. O chão frio sob seus pés descalços ajudou a acordá-la um pouco mais. Ela ligou o chuveiro, ajustando a água para uma temperatura quase escaldante, na esperança de que isso ajudasse a clarear a neblina em sua cabeça. O vapor começou a encher o banheiro, e ela entrou sob a água quente, sentindo seus músculos tensos começarem a relaxar.
Enquanto a água corria sobre ela, Carina tentou não pensar demais sobre o encontro com Maya que se aproximava.
Ela se concentrou em tarefas simples: ensaboar o corpo, lavar o cabelo. Cada movimento era metódico, quase mecânico, mas a ajudava a se ancorar no presente.
Quando finalmente desligou o chuveiro, sentiu-se um pouco mais humana, embora a dor de cabeça persistisse.
Envolvendo-se em uma toalha macia, Carina voltou ao quarto, onde começou a procurar algo para vestir. Escolheu uma blusa elegante azul-marinho combinada com calças sob medida, que realçavam seus olhos e davam a ela uma aparência polida e profissional. Optou por um par de sapatos de salto confortável, sabendo que precisava estar bem arrumada para o trabalho, embora não estivesse com ânimo para nada muito chamativo. Penteou o cabelo ainda úmido, arrumando-o em um coque sofisticado e firme, que se manteria durante todo o dia.
Olhando para si mesma no espelho, Carina viu uma mulher que parecia composta por fora, mas sabia que por dentro estava um caos. Decidiu pular o café da manhã em casa, já que se encontraria com Maya no café. Pegou sua bolsa, certificou-se de que tinha tudo o que precisava e saiu de casa.
A manhã estava fresca e silenciosa, o tipo de calma que só existe nas primeiras horas do dia. Carina respirou fundo, tentando acalmar os nervos.
Como havia deixado o carro no estacionamento do hospital na noite anterior, decidiu caminhar até o café em vez de pegar um Uber. Fez uma anotação mental para agradecer a Amelia novamente por tê-la levado para casa.
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Flames of Fate
FanfictionMaya, uma bombeira corajosa e dedicada, e Carina, uma médica obstetra renomada, vivem vidas separadas e desconhecidas uma da outra. No entanto, quando uma mulher grávida entra em trabalho de parto durante um prédio em chamas, seus destinos se entrel...