십사

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Chimmy


Meus pés pisavam firmemente no chão a cada novo passo enquanto eu subia os degraus das escadas do hotel onde estávamos hospedados. Cada impacto ressoava em meus ouvidos como um tambor, ecoando a tempestade dentro de mim. Meu sangue circulava quente por minhas veias, alimentando uma chama ardente no meu peito: ódio, eu sentia apenas ódio.

Eu não precisava me virar para sentir a presença de Tata logo atrás de mim. Suas tentativas de me acalmar com palavras sussurradas eram inúteis, meros murmúrios que mal penetravam minha mente. Cheguei ao quarto e, com um gesto brusco, passei o cartão na maçaneta, destravando a porta. Entrei com passos determinados, e minha primeira reação foi atirar o carrinho de bebidas contra a parede. O estrondo foi ensurdecedor, e milhares de cacos de vidro explodiram pelo quarto, refletindo a fúria que queimava dentro de mim.

— Jimin, caralho! 

— Desgraçado! — gritei, jogando a mesa ainda coberta com os pratos do café da manhã que nós três tomamos juntos. — Tudo por culpa daquele ômega!

A imagem do alfa ficando para trás veio à minha mente, e senti meu coração batendo forte e rápido. Peguei a cadeira e a atirei contra o enorme espelho no hall do quarto. Minha imagem se refletiu em milhares de pedaços da superfície quebrada, cada fragmento mostrando um pedaço do caos dentro de mim.

Fechei meu punho, a raiva me consumindo, pronto para acertar meu próprio reflexo no espelho quebrado. Mas, em vez de sentir o impacto frio e cortante do vidro, meu soco encontrou algo macio. Tata estava diante de mim, e meu golpe atingiu seu peito. Seu olhar feroz encontrou o meu, antes que eu pudesse reagir, sua mão se fechou ao redor do meu pescoço cortando qualquer acesso ao oxigênio. 

Gemi sentindo minha traqueia ser pressionada enquanto nossos olhos permaneciam fixados um no outro. Ele foi me empurrando para trás, e eu podia sentir o vidro sendo esmagado sob o meu sapato. O ômega lambeu os lábios e me empurrou com força até minhas costas se chocarem contra a parede firme, fazendo uma dor irradiar da minha nuca por todo o meu corpo.

— Chega! — ele ordenou, mantendo nossos olhares fixos.

— Ti-tiraram... e-ele de nós... — consegui murmurar, minha voz saindo fraca e entrecortada.

Falei, lutando contra seu aperto. Sua mão livre veio de encontro ao meu rosto em um tapa, fazendo minha cabeça virar completamente e o sabor de sangue surgir em minha boca. Voltei a encará-lo, deixando o sangue escorrer pelo canto dos meus lábios. Em um último movimento, agarrei seu terno e o puxei, colando nossas bocas em um beijo.

Meus dedos se enterraram no tecido da sua roupa, sentindo-o ceder à minha força enquanto descontava meu ódio no terno requintado do ômega. Mesmo entregue ao nosso beijo, sua mão não afrouxava, e gradativamente senti meus pensamentos começarem a falhar.

A raiva inicial estava se dissipando à medida que minha consciência desaparecia sob o aperto mortal que ele mantinha para me controlar. Deixei minhas mãos caírem sem forças. Finalmente, Tata soltou meu pescoço e me apoiou com uma de suas coxas para evitar que eu caísse. Seu beijo continuava intenso, misturado ao sabor metálico do meu sangue.

Finalmente nos afastamos, e nos olhamos novamente enquanto eu lutava para recuperar o fôlego, tentando evitar desmaiar. Algumas lágrimas escaparam pelo canto dos meus olhos. Ficamos ali por alguns minutos, ele me sustentando com seu corpo até que, finalmente, apoiei minha cabeça em seu peito.

— Desculpe... — minha voz saiu rouca.

Ele permaneceu em silêncio por um momento antes de responder com serenidade:

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