열둘

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Kookie


A avenida à minha frente brilhava com as luzes neon das inúmeras casas noturnas, uma serpente de energia pulsante no coração da vida noturna da Austrália. Deslizei por entre os pedestres animados, completamente alheios a mim ou a qualquer coisa que não fossem os ômegas em roupas coladas ou muito curtas, usadas para atrair clientes.

Pacific Lights Boulevard era o epicentro de todos os tipos de boates, uma alameda inteira dedicada a casas noturnas. E não, não havia competição: todas estavam lotadas de todo tipo de pessoas, inclusive menores de idade. Nada de novo.

Todo o conglomerado era liderado pelo grupo mafioso Lion. Todos os donos de comércios noturnos serviam a esse grupo, pagando valores mensais ao chefe para manter o comércio ativo e lucrativo. E caso isso não acontecesse... Bom, eu era chamado.

Bianch era o líder da Lion e um dos clientes mais antigos da nossa firma. Geralmente, trabalhos mais simples eram direcionados aos outros colaboradores, mas devido à fidelidade, era sempre eu ou Yoongi quem os realizava.

Cheguei ao meu destino. O letreiro neon cor-de-rosa com a palavra "Enchanted Sands Club" brilhava intensamente, destacando-se entre tantos outros e incomodando minha visão. Uma ômega vestida como uma boneca sexy segurava um cardápio, mas não se importava em chamar a atenção de ninguém. Sua preocupação estava totalmente focada em acender o cigarro em seus lábios.

Arrumei a máscara sobre meu rosto e estendi meu isqueiro para ela. Assustada com minha presença, ela colocou a mão sobre o peito, mas logo sorriu em agradecimento, soltando uma baforada de satisfação.

— Cinquenta dólares a noite — disse ela, me medindo de cima a baixo. — Mas para você, posso fazer por trinta.

— Que tal trezentos dólares? — repliquei, levantando as notas diante dela.

Seus olhos se arregalaram ao ver o dinheiro, e ela se esticou para pegar, mas eu, sendo consideravelmente mais alto, levantei a mão, evitando que alcançasse.

— Primeiro, me mostre onde é a entrada dos funcionários — pedi, mantendo as notas fora de seu alcance.

Depois de mais uma conferida, ela olhou para os lados. Eu definitivamente não combinava com nada naquele ambiente; minhas roupas largas e pretas deixavam isso muito evidente. Contudo, após mais um olhar para o dinheiro, ela suspirou, derrotada, e começou a caminhar à minha frente, abrindo caminho por entre as pessoas.

Seguimos até um pequeno beco ao lado da imponente boate cor-de-rosa. Antes que ela me levasse até a porta, segurei seu braço, impedindo-a de continuar. Ela me olhou assustada. Tirei um pequeno maço de notas do outro bolso e coloquei em sua mão de unhas brilhantes.

— Vá para casa e não volte mais.

— O-obrigada. Quem é você?

— Ninguém.

Ela concordou com a cabeça e saiu rapidamente. Eu segui pelo beco até a porta meio enferrujada, um contraste gritante com a fachada decorada. Retirei a pistola silenciadora da cintura e continuei. O corredor estava vazio, e passei por várias portas até chegar a uma cozinha. A música alta abafava meus passos. Entrei no ambiente, onde um grupo de homens jogava cartas. Um deles olhou para mim com os olhos arregalados.

— Mas que porra!

Antes que ele conseguisse reagir, minha bala já havia se alojado no meio de sua testa. Os outros tiveram o mesmo fim. Continuei até a pista de dança, onde corpos se contorciam em uma dança frenética, enquanto algumas garotas jovens, vestidas de maneira infantil, rebolavam nos pole dances.

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