Capítulo 4

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✯ANDREW WALDORF✯

Me sinto sufocado depois da conversa com Agnes. Não sei o que deu na minha cabeça por querer falar daquele assunto sem coerência alguma.

Agnes sabe ser uma criança birrenta nos momentos em que precisa de alguma coisa. Quando quer se transforma em uma mulher de  atitude que me deixa perplexo.

Eu estaria mentindo se dissesse que sufoquei todos os meus desejos e sentimentos durante esses anos. 

Mas tinha amenizado. O meu desejo e ciúmes por ela estavam adormecidos e eu jurei que não voltariam tão cedo... Queria mesmo que fosse assim.

Sempre acabamos nos aproximando e percebendo que só temos um ao outro. Quando o clima fica pesado e os olhares começam a surgir, nos afastamos novamente até esperar a poeira baixar.

Já pensei em contar para minha mãe, mas ela me levaria ao psiquiatra e tentaria fazer minha "doença" sumir. Sei que isso realmente é errado, de todos os sentidos. Mas não preciso de um médico ou da minha família para me julgar e dizer o quanto isso é bizarro e nojento.

Só que… ninguém a conhece como eu, igualmente ninguém me conhece tão bem quanto Agnes. É horrível pensar que meu corpo deseja o dela. Não consigo nem me olhar no espelho quando esse sentimento se mostra mais forte.

Quando tínhamos dezesseis anos, fomos na festa de uma universidade. Sempre fui convidado para coisas desse tipo, mesmo não entrando em nenhuma faculdade. Aylla como sempre, preferiu ficar em casa trancada no quarto e assistindo séries.

Agnês ficou incomodada com os olhares famintos e se aproximou de mim, não queria me deixar sair de perto dela. 

Então toda vez que algum garoto perguntava quem era eu dizia que era minha namorada. Quando eles se afastavam, nós começávamos a rir da mentira idiota que eu havia inventado. 

Não sei exatamente em que momento foi ou quem não foi, mas um dos garotos mais velhos ficou duvidando e pediu para eu beijar ela mesmo já que éramos namorados. 

Até hoje eu não sei por que eu a beijei sem hesitar. Nem estava tão bêbado assim e, Agnes não tinha bebido uma gota de álcool. Talvez foi o momento, ou o garoto que me deixou extremamente irritado insinuando que eu estava mentindo… eu deveria ter contado a verdade ou apenas partido para uma luta corporal com o idiota.

Só sei que eu não conseguia parar. Nós estávamos fora de controle. Sem pensar nas pessoas, laços sanguíneos ou consequências. Seus lábios eram macios e viciantes, como se naquele momento tivéssemos nos encaixado. 

Foi a pior merda que eu já fiz na minha vida!

Agnes me ignorou por semanas e sempre arrumava alguma desculpa para não ficar pro jantar ou café da manhã. 

Foi nessa época que tudo começou, eu precisava dela novamente. Precisava sentir aquele alvoroço de borboletas no estômago e o encaixe perfeito. O pior é que ainda tenhos os mesmos pensamentos, desejos que estão me enlouquecendo aos poucos. Eu só posso ser amaldiçoado, não é possível!

— Andrew, eu vou sair e não precisa me esperar acordado. — Levanto as sobrancelhas e olho Aylla de cima a baixo. — Nem vem que não tem! 

— Eu não ia falar nada — digo, Aylla me observa com um sorriso no canto dos lábios. — Só… não aceita bebida de estranhos e usa proteção — murmuro voltando a comer as pipocas e olhar o filme de terror.

— Claro! Pra Aylla sempre é tudo mais fácil... — resmunga Agnes, colocando meus pés em seu colo e se afundando ao meu lado no sofá. 

— É que eu sou a preferida. Aceita, amada — brinca mandando beijinhos para nós e logo batendo a porta. 

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