Apenas Irmãos

Capítulo 33

✯AGNES WALDORF✯

Estou sentindo ódio de mim mesma por ter gostado disso, pelo meu corpo ter reagido a cada toque dele. Qual é o meu problema? Merda, não acredito que realmente transamos. Como vou conseguir manter a calma vendo ele com outra garota? Ou tentar pensar que isso não aconteceu, quando na verdade estou louca pra fazer de novo. 

— Se a sua intenção é entrar em coma alcoólico, logo consegue. — A voz enjoada soou atrás de mim.

Já fazem minutos que Andrew e eu saímos daquele quarto, prometendo um ao outro que nada mudaria entre nós. Isso é mentira, uma grande mentira. Sua ideia é que nós continuemos transando até cansarmos um do outro, ou um de nós dois começar um namoro. O que é idiota, porque sei que não me cansaria dele tão fácil fácil e, me deixa com raiva pensar que ele encontraria qualquer garota melhor que eu e enfim começaria uma vida sem mim. 

— O que você quer, Lívia? — ponderei, pedindo mais um copo da bebida doce que estava tomando. 

— Qual é, Agnes!? — Olhei para ela. — Por onde nós começamos? 

— Sobre o que está falando? 

Não tenho paciência alguma para aturar seus surtos de vadia louca. Já tomei o suficiente para criar coragem de transar com meu irmão, então também tenho coragem de esfregar a cara dela no chão. Talvez eu não goste dela porque Andrew sente atração por ela, mas a garota vive para infernizar minha vida. 

— Desde o primeiro dia que eu conheci você, sempre soube que era minha principal rival. Irônico. — Sorriu, com sarcasmo.

— Garota... — Ela me interrompeu.

— Que coisa feia, Agnes. O irmão, sério isso? Bom, no seu lugar eu também não resistiria. — Seu olhar foi direcionado a Andrew. Que estava rindo de algo que Sebastian havia falado. — Ele é muito bom na cama, então não julgo você — disse, sorrindo e colocando a mão no meu ombro como se quisesse me confortar. 

Andrew contou a ela ou a maldita viu alguma coisa. Não fomos as pessoas mais cuidadosas do mundo, mas ela está convencida demais em suas teorias. 

— Não sou sua rival. Andrew é só meu irmão, e eu nem deveria estar lhe dando satisfação. — Levantei da banqueta, preparada para sair correndo dali.

— Aquele dia, na festa. O jeito como vocês se olhavam... Acha mesmo que ninguém percebeu? Ou na casa dele quando ele escolheu você para dormir com ele. Irmãos adolescentes geralmente não dormem juntos, Barbie. 

Seu apelido no final da frase fez meu sangue ferver. Ela não pode ter chegado a essa conclusão apenas observando a nós dois. 

— Cala a merda da boca, Lívia. — Mantive a voz baixa, não perdendo a postura. 

— Eu vi vocês dois se beijando na piscina, para de ser sonsa. — Ficou frente a frente comigo. — Mas relaxa, A-gnês. Vou fazer seu irmão esquecer que um dia já se sentiu atraído por você. E ele vai gostar muito dos meus métodos — murmurou. 

Eu não posso sentir ciúmes. Não posso odiar essa garota só por ela ter algum tipo de relação com Andrew. Tudo ficaria muito na cara, nossos pais e Aylla iriam descobrir em um piscar de olhos. E então, a culpa toda seria colocada em mim por ter começado com isso. Minha mãe com certeza iria dizer que eu provoquei-o, usei roupas ousadas demais e, Andrew sairia ileso; como sempre. 

Deixei a ruiva ali plantada e caminhei até Andrew e Sebastian. Um pouco tonta pela bebida. Mas conseguindo manter meus passos firmes e acelerados. Todos ali continuavam a beber, ou transar nos cantos da casa. É constrangedor, essa casa tem vários lugares... Mas mesmo assim tem gente fazendo sexo no sofá, cozinha e até na piscina. Por isso meus pais não gostam de festas lá em casa. 

Senti uma ardência no tornozelo, acabei virando o pé enquanto andava até eles. Merda, isso dói muito. Meu salto quebrou, ótimo! Deve ter sido praga da vadia ruiva. 

— Ei, se apoia em mim — resmungou Sebastian, vendo que eu já não estava mais conseguindo ficar em pé. 

— Tá doendo — murmurei, sentindo ele me pegar no colo. Apoiei meus braços em seu pescoço, segurando as lágrimas. Não é a primeira vez que isso acontece, mas só pelo fato de eu estar bêbada, sendo ameaçada por uma maluca e ter torcido o tornozelo; quero chorar muito. 

— Pode deixar, Sebastian — advertiu Andrew. 

— Não precisa, só me dá as chaves do carro que eu levo ela pra casa. 

Encostei minha cabeça em seu ombro, não querendo mais ouvir uma só palavra do que estão falando. Andrew vai começar a brigar, sei disso. Sempre foi assim com qualquer garoto que se aproximava de mim. Agora não vai ser diferente, mesmo que eu tenha pedido para ele não fazer nada e deixar eu viver a minha vida.

Vendo que Sebastian não iria me soltar, Andrew saiu bufando na frente. Avisando que iria dirigir. 

— Foi só uma leve torção, amanhã mesmo já para de doer — avisou Sebastian, quando já estávamos no carro. Vejo meu irmão olhar para o retrovisor, como se estivéssemos fazendo algo errado. 

— Obrigada. 

Peguei meu celular, vendo que já estava tarde demais. Eu poderia dar qualquer desculpa para os meus pais, mas vou deixar que Andrew faça isso. Já que hoje não foi só mais uma noite comum e eu realmente não sei mentir sobre o olhar de Blake e Elizabeth Waldorf.

— Pode me deixar aqui, Andrew — avisou Bash, enquanto meu olhar foi para o hotel noutro lado da rua. 

— Mora nesse hotel? — perguntei.

— Não, não. — Arrumou o casaco no corpo. - Eu apenas perdi as chaves de casa e, meus pais estão viajando. 

— Pode passar a noite na nossa casa — disparei as palavras. 

— Agnes — Andrew repreendeu. 

Sebastian é legal, já conheço ele o suficiente para saber que não é um ladrão ou assassino. Andrew nem deveria estar falando nada, já cansei de trombar com as garotas saindo do seu quarto no meio da madrugada. Se nenhuma delas roubou nada até hoje, não é Sebastian que vai ser o primeiro a roubar. 

— E seus pais? Eles não vão ficar irritados? 

Ignorou o olhar frio do moreno sobre nós. Estacionado em frente ao hotel grande e luxuoso. 

— Eles não ligam, sério. — Faço beicinho, vendo-o sorrir e concordar.

Andrew acelera o carro, suspirando pesado. Sei que está irritado, mas realmente não ligo. Se ele não acredita que não tenho interesses sexuais em Sebastian, o problema é todo dele.